O que é especismo? Como evitar essa discriminação?


Existem várias formas da discriminação, uma delas é o especismo. Especismo nada mais é que a crença de que o homem é melhor e superior à outras espécies, o que é usado como justificativa para dominar, subjugar e explorar outros seres.

Para entender melhor o que é especismo e como ele se manifesta, este conteúdo traz mais informações, a fim de esclarecer quais atitudes são especistas e como combater este tipo de discriminação.

Significado do especismo e exemplos

Especismo significa egoísmo, pois é uma forma de discriminação contra quem não pertence a uma determinada espécie.

É um tipo de preconceito, assim como racismo, sexismo e outros.

O especismo traz como consequências a exploração, manipulação e subjugação da espécie humana sobre as outras.

Também é uma extensão do especismo os humanos elegerem algumas espécies como de estimação, e tratar outras como produto de consumo e exploração.

Um exemplo dessa contradição é o que acontece quando abrigos de cães e gatos realizam campanhas de arrecadação de fundos para ajudar animais resgatados, e serve carne de vacas, porcos ou galinhas como bufê.

Outro exemplo é dizer que ama os animais mas come churrasco todo final de semana e carne todos os dias, ignorando que quanto mais se consome carne, mais animais são criados de forma antinatural, vivendo confinados, sob sofrimento para serem abatidos.

Outros exemplos de especismo são:

Origem do termo Especismo

O termo especismo apareceu pela primeira vez em 1970 em um panfleto impresso escrito pelo psicólogo britânico Richard D. Ryder.

Na ocasião, Ryder era membro de um grupo de acadêmicos de Oxford, onde teve origem a comunidade de direitos dos animais conhecida como Oxford Group.

Uma das ações desse grupo foi a distribuição de panfletos para protestar contra a experimentação animal, alegando que, no Reino Unido, milhares de animais estavam sendo usados a cada ano em experimentos, e que tentar obter benefícios para nossa espécie através do sofrimento de outros seres era especismo e, como tal, um egoísmo.

Popularização do termo Especismo

Peter Singer foi um filósofo australiano que conheceu Richard D. Ryder, o criador do termo especismo, na época que fez pós-graduação em filosofia em Oxford.

O termo especismo foi popularizado por Peter Singer em seu livro Animal Liberation (1975).

Este filósofo afirmou que, embora possa haver diferenças entre humanos e não humanos, os animais compartilham da mesma capacidade que nós temos de sofrer, por isso, devemos dar igual consideração a esse sofrimento.

Qualquer posição que permita que casos semelhantes sejam tratados de maneiras diferentes, não se qualifica como uma teoria moral aceitável.

Singer usou o termo especismo para definir toda discriminação e senso de superioridade do ser humano sobre as espécies animais.

Em 1985, esta palavra passou a fazer parte do Oxford English Dictionary.

Em 1994, o Oxford Dictionary of Philosophy estabeleceu a seguinte definição para especismo:

“Por analogia com o racismo e o sexismo, a postura imprópria de recusar o respeito às vidas, dignidade ou necessidades de animais de outras espécies que não a humana.”

Prejuízos aos animais provocados pelo Especismo

A ideia de que uma espécie é mais importante que a outra tem provocado dor e sofrimento de muitos seres que são colocados em escala menor de comparação, ou seja, são tratados como inferiores.

Em decorrência dessa crença, o ser humano vem se achando no direito de tratar algumas espécies de animais como produtos, mercadorias, coisas ou objetos.

Exemplos disso:

O confinamento e o abate de animais para consumo humano

A caça e tráfico para comércio de animais

A exposição de animais para diversão e entretenimento

A exploração de animais para servir aos humanos

O uso de animais em testes de laboratório e experimentos científicos

Em todos esses casos, ignor-sea que os animais são seres sencientes, que sentem dor, se entristecem e querem viver, assim como o ser humano.

Frases e pensamentos antiespecismo

Vários pensadores expressaram ideias contrárias ao especismo em seus trabalhos escritos. Como por exemplo:

Voltaire

No poema Poème sur le désastre de Lisbonne, o filósofo francês Voltaire escreveu sobre o ponto comum entre humanos e animais, afirmando:

“Todos os seres sencientes, nascidos pela mesma lei que a todos rege, sofrem como eu.”

Lewis Gompertz

O escritor inglês e defensor dos direitos dos animais Lewis Gompertz defendeu o igualitarismo em Moral Inquiries on the Situation of Man and of Brutes, publicado em 1824.

Ele argumentou que os sentimentos e sensações são semelhantes em humanos e animais:

“As coisas que nos afetam, geralmente parecem afetá-los da mesma maneira; e pelo menos as seguintes sensações e paixões são comuns a ambos, a saber: fome, desejo, emulação (disputa), amor à liberdade, brincadeira, medo, vergonha, raiva e muitas outras afeições.”

Charles Darwin

O naturalista inglês Charles Darwin, em 1838, escreveu que o homem pensa em si mesmo como uma obra-prima produzida por uma divindade, mas que achava “mais verdadeiro considerá-lo criado a partir de animais”.

Em seu livro de 1871 The Descent of Man, ele argumentou que:

“Não há diferença fundamental entre o homem e os mamíferos superiores em suas faculdades mentais.”

“Podemos ver que os sentidos e as intuições; as várias emoções e faculdades, tais como: o amor, a memória, a atenção, a curiosidade, a imitação e a razão de que o homem se vangloria, podem ser encontradas de forma incipiente, ou até  bem desenvolvido, nos animais inferiores.”

Arthur Schopenhauer

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer considerava que religiões, como a cristã e a judaica separavam o homem dos animais, por ver o ser humano como superior.

Em contrapartida, Schopenhauer enaltecia  o bramanismo e o budismo por que são religiões que veem os animais de forma mais elevada, além de estabelecerem uma conexão espiritual com eles.

Henry S. Salt

O escritor inglês e defensor dos direitos dos animais Henry S. Salt defendeu em seu livro Animals’ Rights (1832),  que devemos reconhecer o vínculo comum que une todos os seres vivos em uma fraternidade universal.

Edward Payson Evans

Este estudioso americano e defensor dos direitos dos animais, escreveu em Evolutional Ethics and Animal Psychology, publicado em 1897, que era preciso reconhecer as semelhanças entre humanos e animais, para respeitar e defender os direitos dos animais.

Movimento antiespecista

Em 1991, surgem as raízes do movimento antiespecista através do jornal de língua francesa Cahiers Antispécisme (“Cadernos Antiespecistas”), fundado por David Olivier, Yves Bonnardel e Françoise Blanchon, que foram os primeiros ativistas franceses a se manifestarem contra o especismo.

O objetivo deste jornal era disseminar ideias antiespecistas na França e incentivar o debate sobre o tema da ética animal.

Com  o passar do tempo este movimento foi crescendo e mais recentemente, grupos de direitos dos animais como o Farm Animal Rights Movement e People for the Ethical Treatment of Animals vêm propagando o antiespecismo através de suas campanhas de conscientização.

Graças a todo esse movimento surgiu o Dia Mundial Contra o Especismo, 5 de junho e o Dia Mundial pelo Fim do Especismo, no dia 28 de Agosto.

Mensagem antiespecista

Este vídeo, do canal Sinergia Animal Brasil, traz uma mensagem e reflexão mostrando que todos os animais têm o direito ao respeito e à vida:

Abaixo o Especismo

O especismo é alimentando e apoiado no dia a dia de forma até sútil, principalmente pelas empresas e indústrias que lucram com a exploração e matança de animais. Exemplos:

  • A ilustração de uma vaquinha feliz na caixa de leite
  • O porquinho contente no rótulo do pacote da salsicha
  • A figura de um frango sorridente na embalagem com os cortes dessa ave
  • A imagem de boi alegre na caixa de hambúrguer.

Esses são exemplos de banalização do especismo, que através da publicidade, as pessoas são induzidas a verem com bons olhos os produtos de origem animal que elas consomem, ignorando a dor, o sofrimento e a crueldade a que esses animais são submetidos.

Nesse contexto, o nosso alerta aqui é para que as pessoas abram os olhos e parem de ficar indiferentes ao especismo.

Lembrem que um dia, foi normal e banal queimar quem não seguia a Igreja, escravizar negros, perseguir judeus e impedir mulheres de votar e ter empregos.

Tudo isso hoje não é normal, porque as pessoas perceberam que havia discriminação, preconceito e ignorância.

É preciso que isso ocorra também em relação ao especismo. E para isso acontecer é necessário PERCEBER e AGIR!

Essa ação envolve deixar de alimentar a engrenagem do especismo e, para alcançar este objetivo, existe o VEGANISMO, uma forma de fazer escolhas de consumo mais éticas e respeitosas, que levam em conta a sensibilidade dos animais e a preservação da vida deles.

Saiba mais sobre o Veganismo, em:

Para mais conteúdo sobre especismo, consulte:

Alimentação vegana para cães e gatos é possível?

Cão vegano? Estudo diz que dieta vegetal é mais saudável e segura também para cachorro

Dia Mundial Sem Carne. Abaixo o especismo. Animais são amigos

Joker contra o especismo: Joaquin Phoenix lembra que somos todos animais, e nos convida ao veganismo

Para as crianças, animais de fazenda não são comida!

O Dia Mundial da Vida Selvagem é hoje: abaixo o especismo!

10/12: Dia Internacional dos Direitos Animais. Abaixo o Especismo

Dia Mundial de TODOS os Animais. Por que uns a gente ama, outros a gente odeia?




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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