O que é Carma e como mudá-lo de forma consciente


Algo que inquieta por demais o ser humano é entender por que existem pessoas que nascem desafortunadas e outras abastadas?

Por que existem aqueles que nascem em territórios com guerras e outros em lugares prósperos e felizes?

Existem indivíduos dotados de grande vitalidade e beleza e outros que já nascem com certas deficiências. Por que?

As respostas para esses questionamentos vêm através de um fenômeno cósmico chamado Carma.

Esse fenômeno que faz parte das leis naturais da vida, e que ainda não foi desvendado pela ciência, desde tempos remotos vem sendo explicado, ensinado e difundido através das escrituras sagradas  por mestres, sábios e líderes religiosos de antigas religiões como:

  • Hinduísmo
  • Jainismo
  • Budismo
  • Taoísmo
  • Xintoísmo

Neste conteúdo serão apresentados os vários aspectos que envolvem o Carma, para entender melhor como esse fenômeno se processa em nossa vida.

O que é Carma?

Carma é uma palavra sânscrita que significa ação.

Essa palavra define a trajetória da existência de uma pessoa, de acordo com suas ações.

O Carma é uma das 48 Leis que regem a existência e parte do princípio que toda ação tem um efeito, que pode ser bom ou ruim, que repercute no presente e se projeta no futuro do indivíduo.

Como a Lei do Carma opera

No antigo Egito, a Lei do Carma era representada pela Balança do Tribunal do Grande Senhor da Lei Anúbis, onde, após a morte, as almas eram avaliadas de acordo com os atos cometidos em vida.

Para tal, era colocado em um prato da balança o coração do finado e no outro uma pena, símbolo de Maat, a deusa da Verdade.

O coração humano era considerado pelos antigos egípcios a sede da consciência e, se pesasse como uma pedra, representava que tinha Carma; se pesasse como uma pena, que tinha Dharma (recompensa pelas boas obras).

Analogamente à essa simbologia, o Carma representa os pesos das más ações que teremos que carregar enquanto não nos liberarmos dele, e enquanto ainda continuarmos a criar mais pesos.

O Carma pode ser bom – quando aprendemos com nossos erros – ou mau, quando continuamos persistindo em nossos erros e vícios.

O Carma nada mais é que uma lei de compensação, não de vingança ou castigo, apenas uma lei cósmica que projeta nossas inversões e desequilíbrios perante o fluir da vida.

Quando desrespeitamos o próximo (entenda-se próximo a todos os seres), a natureza e a vida, adquirimos mais Carma do que Dharma e podemos levá-los para outras existências.

Nesse contexto, através do Carma será traçada nossa existência, que determinará quem serão nossos pais, onde, como nasceremos e a nossa trajetória.

Baseado na ação da Lei do Carma, trazemos uma memória genética e hereditária que influenciará nossa energia e existência. Por isso, existem pessoas que nascem em berço de ouro e outros, na miséria. Há aqueles que nascem em contextos felizes, outros em situações dramáticas e assim por diante.

A Balança da Lei Divina

A Balança da Lei do Carma não é punitiva, inflexível, determinista e fatalista. Por isso, atua em equilíbrio:

  • de um lado, a justiça e a lei
  • e do outro, a misericórdia e o amor

Sendo assim, é possível se libertar de determinado Carma, quando existe arrependimento e busca por uma mudança positiva.

O Carma que trazemos pode ser mudado de acordo com a expansão de nossa consciência, percebendo aquilo que tem feito mal para nós e para os outros, por meio da mudança de conduta.

Dessa forma, é possível modificar nosso destino, modificando nossa forma de pensar e agir, ou seja, parando de colocar peso na balança cósmica.

Isto quer dizer que, se em um prato da balança colocamos boas obras e criações positivas, e no outro menos ações negativas, estaremos compensando o Carma de forma consciente e positiva, sem precisar compensar as más consequências geradas pelo mau Carma.

Este é o equilíbrio simbolizado pela Balança do Tribunal de Anúbis.

O Carma pode ser modificado

Neste vídeo, a professora e filósofa Lucia Helena Galvão, da escola Nova Acrópole, explica e dá exemplos de como podemos compensar o mau Carma através  do bom Carma, e ou através de ações que gerem Dharma:

Como o Carma se manifesta?

Existem várias formas do Carma se manifestar, e que variam de acordo com a dimensão em que essa lei atua:

  • Carma individual – que se relaciona às ações de cada indivíduo, seja de vidas passadas ou dessa existência
  • Carma familiar – que tem a ver com o Carma da família, na qual indivíduos se encontram ligados carmicamente e precisam juntos rever seus erros e malefícios.
  • Carma Nacional – este tem relação com o Carma de uma nação. Neste caso, um povo pode ter um Carma em comum, que determinará os problemas e a realidade do país no qual está inserido.
  • Carma Mundial – esta manifestação cármica envolve todos que estão vivendo determinado momento e enfrentando as consequências de suas ações coletivas no nível global.

Guru indiano fala sobre o Carma

Neste vídeo do canal Sadhguru-Português, o yogi, místico, visionário e guru, Sadhguru explica o que é o Carma associando esse fenômeno à memória que trazemos, mesmo que inconscientemente.

Ele esclarece como essa relação influencia nossa constituição genética, corpo, mente e emoção.

Ele ainda associa a memória à estrutura cármica do ser humano e fala, de forma simples e clara, como transcender tudo isso.

Frases e Ensinamentos sobre o Carma

O Carma faz parte dos ensinamentos de religiões milenares e é um tema central nas escolas esotéricas, gnósticas, teosóficas e espíritas.

Uma das mais antigas abordagens sobre o Carma aparece nas Brihadaranyaka Upanishad, escrituras sagradas do hinduísmo.

Por exemplo, em Hinos 4.4.5-4.4.6 está escrito:

Ora, como um homem é assim ou assim,

conforme ele age e conforme ele se comporta, assim ele será;

um homem de bons atos se tornará bom, um homem de maus atos, mau;

ele se torna puro por atos puros, mau por atos ruins;

E aqui eles dizem que uma pessoa consiste em desejos,

e como é seu desejo, assim é sua vontade;

e como é sua vontade, assim é sua ação;

e tudo o que fizer, isso ceifará.

Além das Escrituras Sagradas, mestres, iogues e gurus através de seus ensinamentos vêm buscando contribuir para compreendermos melhor como o Carma atua em nossa vida para sabermos transcendê-lo.

Um desses sábios é o iogue e guru indiano Paramahansa Yogananda (1893  1952), que explicou a ação do Carma através de vários ensinamentos, como:

“A lei universal do Karma é a de ação e reação, causa e efeito, semeadura e colheita.

No curso da retidão natural, o homem, por seus pensamentos e ações, torna-se o árbitro de seu destino.”

***

“Toda a natureza se comunicará com você quando estiver em sintonia com Deus.

A realização desta verdade fará de você um mestre de seu destino.”

***

“Se você tem uma mente forte e planta nela uma determinação firme, pode mudar seu destino.”

***

“A mente é a criadora de tudo.

Você deve, portanto, orientá-la para criar apenas o bem.

Se você se apegar a um determinado pensamento com força de vontade dinâmica, este finalmente assume uma forma externa tangível.

Quando você é capaz de empregar sua vontade sempre para propósitos construtivos, você se torna o controlador de seu destino.”

***

“Somente você é responsável por si mesmo.

Ninguém mais pode responder por seus deveres quando o ajuste final chegar.

O seu trabalho no mundo – na esfera onde o seu karma, sua própria atividade passada, colocou você- pode ser realizado somente por uma pessoa: você mesmo.

E o seu trabalho pode ser denominado um “sucesso” somente quando, de alguma maneira, servir aos seus semelhantes.”

Como compensar nosso Carma?

Para entender como, na prática, podemos nos libertar da ação de uma mau Carma ou transcender um Carma convertendo-o em Dharma, veja as atitudes que irão contribuir para tais objetivos:

  • Para equilibrar o Carma, primeiramente é preciso tomar consciência de como tem sido nossa conduta e como tem repercutido em nossa existência.
  • Essa tomada de consciência se dá através do autoconhecimento com base na auto-observação do que se pensa, sente e age, a fim de percebermos como estamos vivendo, qual a qualidade de nossa conduta e o nível de nossa consciência.
  • Prestar atenção ao momento presente, como nos encontramos, como reagimos, nossas limitações, dores, sofrimentos, recursos internos e externos.
  • Olhar, com lucidez e sinceridade, o que temos de bom e ruim.
  • Refletir, avaliar e meditar sobre nossa atual condição e sobre o que pode ser mudado para melhor, o que ainda precisa ser vivido para ser superado para se obter maturidade, sabedoria e aprendizado.
  • É preciso também reconhecer o Dharma que se traz, que pode vir na forma de potencial interno, virtudes, habilidades, inteligências, vocações, aptidões e ou dons. E ainda de recursos externos que dispomos, como amor, amizades e prosperidade. Tudo isso pode ajudar a transcender o Carma.
  • Assumir a responsabilidade sobre nossas ações, em vez de nos vitimizar ou nos revoltar, também é uma forma de atuar de forma consciente frente ao Carma.
  • Perceber que fazemos parte de um TODO nos ajuda a sermos mais cuidadosos com o que pensamos, sentimos e fazemos, pois tudo está interligado e nossa energia pode vibrar positivamente ou negativamente à nossa volta.
  • Situar-se no Aqui e Agora é uma forma de alterar o Carma pois, quando estamos atentos e conscientes, fazemos escolhas mais acertadas. Assim, ao invés de criar Carma, vamos gerando Dharma.
  • Sair da entropia e estagnação nos ajuda a fluir com a vida e a nos expandirmos. Caso contrário, continuamos na mesma. Sendo assim, nosso Carma estaciona e continuamos recaindo nos mesmo erros e vicissitudes.
  • É preciso ter paciência com nossos problemas porque, de repente, foram criados ao longo de várias existências e não é do dia para noite que vamos resolvê-los.
  • E por fim, o mais importante: nada disso vale se não existir o principal, o amor.

O apóstolo Paulo definiu muito bem a questão do que representa o amor em nós e em nossa vida, ao escrever em Coríntios 13: 1-3

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”

Isto significa que se não vivermos nossa real natureza e verdadeira essência, continuaremos criando Carma e complicando a nossa existência.

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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