Ser contra o lockdown é diferente de ser contra a máscara


Infelizmente temos uma pandemia. Diariamente temos pessoas morrendo uma morte horrível. Pessoas morrendo sem direito a um atendimento digno e pessoas morrendo sozinhas. Enquanto isso, o povo discute a eficácia do lockdown e do uso de máscara.

O vírus existe, ele se chama SARS-CoV-2 e causa um doença muito misteriosa, a Covid-19. Isso todo mundo sabe. Quem nega isso é aquele velho ditado “o pior cego é aquele que não quer ver”.

Temos vacinas, várias delas. E temos do vírus uma constelação de suas variantes. E aí? O que mais temos?

Mistério

Infelizmente o que mais temos no Brasil é uma polarização política absurda, que politizou o vírus a ponto de as pessoas se odiarem em um momento que pede união e solidariedade.

Até agora, verdade seja dita, existem muitas perguntas sem respostas com relação à Covid-19, a doença que em alguns mata, em alguns causa gripezinha e em alguns o vírus nem entra.

Genética? Tipo sanguíneo? Até agora ninguém sabe o porquê disso tudo.

Ninguém sabe porque, em uma casa onde uma pessoa foi infectada e morreu, outros que ali conviviam tiveram reações tão diferentes: alguns pegaram o vírus e não desenvolveram sintomas da doenças, enquanto outros sequer pegaram o vírus.

Primeiramente acreditava-se que a gravidade dos quadros estivesse relacionada a uma questão de idade e de portadores de doenças precedentes. Mas hoje morrem pessoas jovens saudáveis, e até crianças.

Tem um outro problema que está se verificando hoje: pessoas que desenvolveram sintomas leves, podem ter danos neurológicos graves depois.

Um ano depois

Resumo da ópera: um ano depois do início da pandemia, pouco se sabe ainda sobre o novo coronavírus. Aí vão dizer, mas hoje temos vacinas. Sim, verdade, mas elas começaram a ser administradas agora, e será preciso tempo para entender seu funcionamento e eficácia.

Enquanto isso, como vimos, no Chile, mesmo com a população vacinada um lockdown foi necessário e na Europa 9 países suspendem a administração da vacina da Oxford por precaução, pois ela poderia estar ligada a casos de embolia pulmonar.

Digamos que há esperança mas é preciso colocar os pés no chão e entender que pelo andar da carruagem, as vacinas não farão milagres. Pelo menos não por enquanto.

Lockdown x máscara

Diante desse cenário de mistério e dúvidas, há pensamentos de todo tipo: daqueles que acreditam que o vírus foi criado por empresas de tecnologia para coletarem nossos dados, ou pela indústria farmacêutica para venderem vacinas, e tem até os que acreditam que tem microchip na vacina ou que a pandemia é obra de extraterrestres.

Ou seja, hay de todo!

E nesse universo de possibilidades, há inclusive o pensamento corrente racional que é: o vírus existe, independente da sua causa ou da sua criação. Ele existe e o que vamos fazer para diminuir as dores e as mortes?

Lockdown, máscara, álcool gel e, agora, as vacinas. Estas são as nossas atuais armas contra o SARS-CoV-2, ainda que imunidade, alimentação saudável, menos carne, menos plástico e cuidar do planeta, sejam também atitudes que deveriam entrar na pauta.

O lockdown funciona?

Sejamos sinceros: ficar em casa funciona. É matemático.

Mas ficar em casa é possível? A Europa viveu um lockdown que o Brasil não imagina. E o vírus ainda circula por lá, firme e forte, como quem diz: a vida e a morte não são controláveis. Não pelo menos do jeito que os seres humanos pensam que podem controlar, destruindo a vida para combater a morte.

O lockdown é necessário, dizem os especialistas, porque enquanto o povo está em casa, o vírus circula menos e os hospitais literalmente respiram, porque o lance é ter respirador para todo mundo.

Mas por quanto tempo podemos viver em lockdown? E o que acontece quando crianças, mulheres ficam em casa com pessoas violentas? E o desemprego causado pelo lockdown? Como fica o fantasma da fome que assombra quando tanta gente perde o emprego?

Ou seja, ficar em casa é uma medida matematicamente eficaz, mas ela tem consequências, gera traumas, depressão e no mais é humanamente impossível exigir que as pessoas fiquem em casa por meses e meses.

O uso da máscara

O uso da máscara também é matemático. Funciona porque a máscara cria uma barreira contra o vírus, e protege quem a usa bem como os outros ao seu redor.

Vários estudos comprovam a eficácia das máscaras:

Portanto, considerando que

  • as vacinas estão no pé que estão (ainda na primeira dose, sem serem distribuídas igualmente no mundo inteiro, e tendo que combater com as variantes);
  • o lockdown por mais eficaz que seja, é difícil (ou impossível) de ser mantido por longo período…

Por que as pessoas no Brasil se rebelam contra o lockdown, se aglomerando e sem usarem máscaras?

As máscaras são ademais higiênicas. Elas impedem que as pessoas falem cuspindo vírus invisíveis. Não só o corona, como outros, além de bactérias e outros patógenos a depender da higiene bucal das pessoas.

Qual é o problemas usá-las? Talvez as máscaras devessem ser usadas de livre e espontânea vontade pelas pessoas independentemente da pandemia. Em lugares lotados como ônibus e metrô, elas poderiam até ser encaradas como uma medida higiênica. Contudo, precisam ser máscaras de pano, pois de lixo estamos tanto, ou mais, sufocados do que de vírus.

Mas cada um tem uma teoria. Fato é que ser contra o lockdown é diferente de ser contra a máscara e isso não pode virar discussão política de direita contra esquerda pois, querendo ou não, nessa pandemia estamos sim no mesmo barco porque o vírus circula entra nós.

Circular significa que ele está no meio da gente. Não tem escapatória. É melhor aceitar que dói menos e respeitar para ser respeitado.

Não custa nada usar máscara. Não custa nada evitar aglomeração e lavar as mãos. Tudo isso para evitar um lockdown para sempre, e sabe onde? No cemitério!

É esse o lockdown que as pessoas que querem viver deveriam temer. E viver, de certo, não é ficar trancado em casa com medo. É respeitar a vida. Do outro e a própria. Cuidando para que isso passe o mais rápido possível, tentando fazer dessa merda um esterco de onde possa nascer um mundo melhor para todos.

Pensem nisso!

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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