Climatarianos: ativistas alimentares contra o consumo de alimentos que causam impactos ao planeta


Você sabe o que é ser um climatariano? Desde 2016, o termo pode ser encontrado no dicionário alimentar Eatymology: The Dictionary of Modern Gastronomy criado por Josh Friendland.

Ativistas alimentares

Para os climatarianos, a revolução começa pelo prato. Na luta contra a crise climática no planeta, essas pessoas são ativistas alimentares tentando reduzir ao máximo o consumo de alimentos que causam impactos ao clima e à natureza.

As opções para a dieta dos climatarianos são alimentos de procedência orgânica. Eles devem comer somente o que é produzido com fontes eficientes de energia e eliminar totalmente o consumo de alimentos provenientes de animais criados em fazendas para produção em larga escala.

A equipe do site Climatarian.com explica sobre as vantagens da dieta de um climatariano:

Climatariana é uma dieta saudável, amigável ao clima e à natureza. Com uma mudança de dieta simples, é possível cada um economizar uma tonelada de CO2 por ano”.

São tempos de mudança

Para muitos, durante a pandemia, a ficha caiu. Os impactos dos alimentos que comemos foram temas de grande importância diante do cenário pandêmico.

O alerta é que maus hábitos alimentares são devastadores para o meio ambiente: o consumo de carne (a carne de vaca, por exemplo, é um dos alimentos que mais emitem gases do efeito estufa), o consumo de alimentos produzidos em monocultura e alimentos importados.

Em agosto deste ano, o The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) apresentou um relatório dos impactos que comprovam a destruição que as ações humanas causam para o aquecimento da atmosfera. De acordo com os dados levantados pelo IPCC, a agricultura e a pecuária são responsáveis pelas principais fontes de emissão de gases nocivos.

Gustavo Guadagnini, do The Good Food Institute, ressalta:

“Há uma crescente pressão social que reforça essa ideia de que é impossível ingerir produtos de origem animal na mesma quantidade quando se sabe dos malefícios que a pecuária causa ao meio ambiente“.

Para o climatarianos, repensar o ato de comer é um papel importante que necessita ser levado a sério pois os alimentos são a principal fonte de energia dos seres humanos.

Basicamente, fazemos três refeições ao dia (são aproximadamente 100 refeições em 1 mês) e podemos sim estar causando danos ao efeito estufa com os alimentos que ingerimos e compramos.

Diminuir a distância de transporte dos alimentos

Comprar alimentos importados, segundo os climatarianos, é prejudicial para o planeta. Já parou pra pensar pelos processos que um certo alimento passa para chegar na sua mesa?

Entenda um pouco sobre como um alimento chega até o supermercado, por exemplo assistindo ao premiado curta-metragem Ilha das Flores.

Os mercados estão cheios, por exemplo, de alimentos que precisam percorrer longas distâncias para chegar ao nosso prato. Os adeptos da dieta climatariana acreditam que diminuir as distâncias de transportes dos nossos alimentos pode ajudar a abrandar as catástrofes climáticas.

Esse é um dos mandamentos do consumo consciente, resumido no conceito do quilômetro zero. 

Desperdício alimentar

No decorrer dos últimos anos, as pessoas estão passando a acreditar que é possível promover mudanças através da alimentação.

O desperdício alimentar é um dos principais temas discutidos pelos climatarianos. Todos os dias, toneladas de alimentos são jogadas no lixo enquanto o número de pessoas passando fome e em condições de miséria aumenta.

Comer mais conscientemente

Por um lado, a pandemia ajudou na nossa relação com os alimentos. Os meses em casa foram fundamentais para o resgate de como estamos nos alimentando, dos produtos que estamos comprando para comer e de onde estes alimentos vêm.

Para Wager Ramalho, criador do projeto Prato Verde Sustentável na periferia de São Paulo, o confinamento fez com que as pessoas desenvolvessem uma visão mais consciente do alimento, por exemplo, com

  • a programação das refeições;
  • a otimização da lista de compras;
  • o valor dos alimentos;
  • o cultivo do próprio alimento;
  • o consumo de alimentos ecológicos.

Ele conta:

“A pandemia ressaltou os desertos alimentares que temos nas periferias e muitos dos nossos problemas alimentares. Mas sobretudo mostrou que também nas camadas menos assistidas as pessoas querem uma alimentação que mate a fome, mas que também seja mais saudável, equilibrada e mais justa com o planeta.

Plantar sua própria comida o torna mais ativo na cadeia de alimentos, claro. Mas comer mais conscientemente também, já que o que escolhemos consumir pode ter um papel muito importante nesse sentido”.

A comida é um meio para nos tornarmos mais conscientes dos nossos impactos no mundo.

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Lara Meneguelli


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