Os 10 Mandamentos do Consumo Consciente para Você Entender esse Conceito


Você conhece o conceito de consumo consciente? Se não, vamos contar um pouco sobre ele para você se conscientizar sobre a importância de refletir acerca daquilo que anda consumindo e, quem sabe, mudar alguns hábitos.

Com a pandemia, os hábitos de consumo passaram por uma transformação. Muita gente se deu conta de que consumia coisas supérfluas e podia viver com bem menos. Desemprego e incertezas também fizeram com que as pessoas começassem a pensar em economizar ou a gastar com parcimônia.

Assim, o conceito do consumo consciente foi ganhando cada vez mais repercussão e adeptos.

Para entender essa transformação no consumo dos brasileiros, causada pelo impacto da Covid-19, a consultoria de inovação Mandalah Brasil e a plataforma digital Stilingue realizaram um estudo com tendências sobre consumo consciente que acaba de ser publicado.

A pesquisa utilizou um método integrado no qual foram realizadas consultas com especialistas, análise de dados de mercado, abordagens quantitativa e qualitativa e monitoramento de mídias digitais.

Ainda que as muitas pessoas não abracem o consumo consciente, a maioria delas
apoia eticamente empresas que praticam valores como a igualdade de gênero, a justiça social, o respeito ao meio ambiente, a não utilização de testes com animais, entre outros.

Mudanças de hábito

É inegável que a pandemia do novo coronavírus mudou a vida de todo mundo em todos os aspectos – e um deles foi a forma como consumimos. As pessoas se viram obrigadas a adaptar a forma como vinham consumindo por causa do distanciamento social e, no Brasil, também, devido ao encarecimento dos produtos, sobretudo, dos alimentos.

O trabalho remoto também impulsionou essa transformação, visto que as pessoas têm ficado mais tempo em casa, solicitando delas outra forma de estar no mundo.

Embora muitos tenham revisto seus hábitos e diminuído ou eliminado a aquisição de alguns itens, um ponto destacado pelo estudo é que muitas pessoas aumentaram o nível de consumo regular devido à facilidade e à atratividade das compras on line.

Será que elas mantiveram a “consciência”?

Mas, afinal, o que é consumo consciente?

Consumo consciente não é “apenas” comprar considerando a própria disponibilidade financeira. Ou seja, dando o passo conforme o tamanho da perna.

Segundo o estudo, consumo consciente é uma prática de observar os desejos de compra levando em conta as reais necessidades do comprador e do mundo. Dessa forma, é colocada em perspectiva toda a cadeia produtiva de um produto, incluindo o seu descarte.

Os 10 mandamentos do consumo consciente

Para facilitar a compreensão deste conceito que, esperamos, tenha vindo para ficar e abrace cada vez mais adeptos, listamos 10 práticas relacionadas ao consumo consciente, para você colocar na tua lista de compras!

Faça você mesmo

Avalie a real necessidade da sua compra e a sua situação financeira. A tendência Do It Yourself (faça você mesmo) fez crescer tutoriais de artesanato, jardinagem, cultivo de plantas etc. em 40% nas redes sociais entre fevereiro e julho de 2020, segundo o Stilingue.

Com a vida mais doméstica, as pessoas passaram a se dar conta dos excessos que cometiam: mais de 50% dos brasileiros têm evitado compras desnecessárias. Isso também é uma maneira de as pessoas administrarem melhor o seu dinheiro, evitando dívidas.

Será que você mesmo não pode colocar a mão na massa ao invés de realizar uma compra?

Comércio justo

Comércio justo (“fair trade”) significa não exploração de trabalhadores, não escravidão, preço justo, produtor responsável, consumidor consciente.

Este é um dos pilares da economia ecológica sustentável, que visa a estabelecer padrões sociais e ambientais para as cadeiras produtivas de modo a promover o encontro entre produtores responsáveis e consumidores conscientes.

Quilômetro zero

A pandemia de Covid-19 forçou a todos se adaptarem a vários tipos de restrição, sendo um deles a locomoção.

Com isso, as compras pela internet e os cursos online, por exemplo, ganharam mais adeptos, uma tendência que deve se consolidar mesmo com o fim da pandemia, já que implica menos gastos com locomoção e tempo.

A questão é que o aumento das compras on line acarreta mais serviços de transportadoras rodando pelas ruas e estradas, o que não contribui em nada para a redução da pegada de carbono. Sem contar que a maioria das inutilidades vendidas vem de avião ou de navio, de terras distantes.

Melhor mesmo é priorizar o comércio local. O conceito é chamado de quilômetro zero porque abarca também, além da questão da locomoção, a valorização dos produtos locais.

Comprar diretamente do produtor

Existem empresas com certificado “fair trade”, mas podendo comprar diretamente do produtor você tem a oportunidade de conhecer a cadeia produtiva e verificar por você mesmo a vida do produto adquirido.

Quanto menor for a cadeia de produção, mais justo é o comércio.

Valorize os pequenos

Valorize o artesão, o pequeno produtor, a lojinha do bairro, o conserto, o sapateiro, o costureiro.

Isso abarca todos os itens anteriores, já que você contribui para o fortalecimento do comércio e da empregabilidade local, a redução da pegada de carbono, a criação de laços sociais.

O filme Nomadland, que ganhou o Oscar 2021 na categoria Melhor Filme, mostra bem como o modelo de negócio da Amazon é extremamente perverso para todos esses aspectos.

Sempre que puder compre na lojinha do bairro, na horta, na feira livre, do pequeno produtor rural. Valorize o trabalho manual e o empenho dos pequenos em sobreviver em um mundo cada vez mais dominado pelos grandes.

Compre produtos de qualidade

A vida moderna é uma vida de exageros. Tudo está à disposição em excesso. O capitalismo criou uma série de produtos desnecessários para as nossas vidas e que, ainda, poluem o meio ambiente.

Menos é mais

Melhor investir em um produto um pouco mais caro e de melhor qualidade e, portanto, mais durável, do que encher a sua casa e a sua vida com tranqueiras. O seu bolso e o meio ambiente agradecem.

Atenção aos ingredientes e materiais

Ao realizar uma compra, leia rótulos, etiquetas e manuais. Evite produtos feitos de plástico e que possam contribuir para o desmatamento. No caso das roupas, prefira as fibras naturais em vez das sintéticas (porque poluem toda vez que são lavadas) e o algodão orgânico, se possível. O algodão é uma das culturas mais bombadas de agrotóxico.

O mesmo serve para as embalagens. Já reparou que existem produtos que contêm mais embalagem que qualquer outra coisa? Aproveite para conhecer as marcas de cosméticos que vendem produtos sólidos, ou seja, que são vendidos em estado natural, sem embalagem.

Alimentos orgânicos nos supermercados geralmente custam mais, mas você pode comprar frutas e verduras na feira do bairro ou do pequeno produtor rural.

Compre de segunda mão

Os brechós se converteram em um modelo de negócio extremamente popular. Isso porque as pessoas perceberam que não precisam mais comprar tudo novo. Caso você necessite de uma roupa ou de um eletrodoméstico, busque opções que promovam a reciclagem e a reutilização.

Boicote ao greenwashing

Conheça a empresa da qual compra. Isso tem a ver com os itens 4 e 5, pois, quando você conhece o seu fornecedor, você não é enganado.

Muitas empresas e marcas praticam greenwashing aproveitando-se da economia verde para venderem sem, de fato, estarem preocupadas com o meio ambiente. Investigue o conceito e a empresa para não ser enganado.

Cruelty free

Não contribua com empresas que exploram animais. Averigue se as marcas que você adquire realiza testes em animais, os quais são totalmente desnecessários, e toda e qualquer outra forma de exploração.

Um mundo melhor é possível

Mudanças são bem-vindas, sobretudo, quando são para transformar para melhor as pessoas e o mundo.

Se a experiência traumática da pandemia puder nos tornar mais empáticos aos problemas humanitários e entender os impactos das nossas atitudes para o meio ambiente, acarretando uma série de novas atitudes, talvez possamos dizer que há males que vêm para o bem e que aprendemos alguma coisa com tudo isso.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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