A carne está cada vez mais cara e poluente: você vai continuar comendo?


No Brasil, temos uma forte tradição em comer carne. Mesmo com o aumento de vegetarianismo no país nos últimos anos, o brasileiro valoriza um pedaço de carne no prato.

Entretanto, essa valorização está refletindo no valor do produto, cuja estimativa de inflação para 2021 deve superar os 10%, bem acima da estimativa para a inflação oficial (IPCA) de 5,9%, segundo o Correio Braziliense.

Não bastasse a situação econômica desalentadora no Brasil, a elevação no preço da carne também tem a ver com o alto custo da pecuária e seus efeitos nas mudanças climáticas.

Durante uma década, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto, simularam os efeitos do aumento de temperatura e a menor oferta de água sobre a qualidade do pasto, fonte de alimento para mais de 90% do gado de corte brasileiro.

A constatação dos estudiosos, segundo a BBC News Brasil, é de que o aumento esperado da temperatura em 2ºC para os próximos anos irá afetar a qualidade da folhagem que alimenta o gado.  Com isso, será necessário complementar a alimentação dos animais com grãos como milho, soja e sorgo, levando a dois caminhos: redução da oferta de carne ou elevação do preço da carne bovina.

Carne mais cara e mais poluente

O problema não para por aí: essa complementação nutricional pode levar os bois a terem um processo digestivo mais lento e, em consequência, a produzir mais metano. Esse fenômeno, que já contribui para o aquecimento global, torna o ciclo da pecuária vicioso, visto que os animais precisarão de mais água por causa do aumento de temperatura.

Os cientistas alertam que é preciso fazer algo para atenuar esses efeitos, como o melhor uso dos recursos hídricos pela agropecuária e o desenvolvimento de novas forrageiras (as plantas usadas na alimentação animal) mais resistentes ao calor e à falta de água.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil tem muita pesquisa e experiência sobre o tema, devido à sua produção pecuária no semiárido, região mais quente e menos chuvosa. Lá são aplicadas técnicas de captação de água e os animais são tolerantes a altas temperaturas e à alimentação de baixa qualidade nutricional.

Entretanto, os problemas acarretados pela pecuária não respingam apenas no meio ambiente. Eles também aprofundam a desigualdade social. O professor do departamento de Biologia da USP, Carlos Alberto Martinez Y Huaman, alerta que:

É preciso que a informação chegue aos produtores, aos tomadores de decisão, para que vejam que o problema já está acontecendo.

As mudanças climáticas e os eventos extremos estão ocorrendo dia a dia. Se não tomarmos medidas para enfrentar essa situação, o preço da carne e do leite vai subir ainda mais para compensar o aumento de custo que os pecuaristas terão com a piora da qualidade do pasto. Mas até quando será possível cobrir um problema descobrindo outro? A pecuária é um problema social, econômico e científico. É um círculo vicioso que precisa parar de girar.

Menos carne é mais

Para quem não se imagina vegetariano e muito menos vegano, pense em diminuir o consumo de carne. Comer carne todo dia é um costume brasileiro, insalubre ao homem, à natureza e aos animais. Pense nisso!

Em nosso site tem muita informação, receitas vegetarianas e veganas além de dicas para levar uma vida mais saudável, para si, e para o planeta.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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