Desafio: ficar 1 dia sem reclamar. Será que você consegue?


Já notou como é difícil passar um dia sem ao menos dar uma reclamadinha que seja?

E na atual conjuntura, temos muitos motivos para reclamar, não é mesmo? São tantos os motivos que, se não nos cuidarmos, passaremos o dia inteiro a reclamar!

Se pararmos para observar, todos os dias vemos o reflexo disso:

  • nos posts da Internet
  • nos noticiários
  • nas discussões familiares
  • nas reuniões de trabalho
  • na política brasileira

Motivos para reclamar não faltam e são diversos, desde os mais corriqueiros, aos mais sérios.

O fato é que reclamar na maior parte dos casos não resolve, prejudica o cérebro e a saúde e acaba se tornando um padrão negativo de comportamento.

E toda essa conclusão é amparada pelos estudos desenvolvidos pelo pesquisador, cientista, engenheiro de software Steven Parton, também fundador do projeto Curious Apes.

Vários outros especialistas neste assunto escreveram sobre o tema até para reverter essa condição humana, e evitar que esse padrão prejudique tanto a nossa saúde física, como a mental.

Vamos falar mais sobre isso e lançar um desafio: o de parar de reclamar por 1 dia. 

Topou?

Veja como você poderá realizar esse intento.

A dificuldade de ficar 1 dia sem reclamar

Autores de um livro chamado #Um Dia Sem Reclamar (editora Citadel), Marcelo Galuppo e Davi Lago, propuseram nesse livro o desafio de passar 24 horas sem reclamar do que quer que seja.

Marcelo Galuppo, doutor em Filosofia do Direito pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e presidente da Abrafi (Associação Brasileira de Filosofia do Direito e Filosofia Social), declarou em entrevista ao VivaBem, que não conseguiu ficar 1 dia sem reclamar:

“É realmente muito difícil, mas acredito que o importante é perceber essa dificuldade em sermos gratos pelo que temos,” explica.

Davi Lago, mestre em Teoria do Direito pela Faculdade Direito da PUC Minas, explica que:

“O objetivo do livro é provocar a reflexão sobre como reclamamos de tudo, todos os dias, sem pensar ou refletir sobre essa atitude, o que ela significa.”

Em suma, mesmo se não se conseguir ficar um dia sem reclamar, o fato de perceber esse padrão já é um progresso, e dá margem para diminuir a reclamação.

Beleza Interior

Maraisa Fidelis, do blog Beleza Interior, neste vídeo do seu canal, dá um depoimento sobre a sua experiência de encarar o desafio de ficar 1 dia sem reclamar:

Por que reclamamos?

Reclamar é um comportamento que o ser humano desenvolveu, como mecanismo de defesa e preservação mediante a evolução da espécie, pois para enfrentar as adversidades, a mente humana foi criando estratégias a fim de encarar os riscos e os perigos em busca de proteção e segurança.

Para isso, a mente realiza seus cálculos e previsões antevendo o que de ruim, ameaçador ou perigoso pode vir a acontecer.

A questão primordial é que daí nasceu o combustível para o medo, a negatividade, a raiva e a reclamação, principalmente quando não se consegue encarar o problema de frente, ou não se tem força suficiente para tal.

Quando se usa a reclamação desenfreada como forma de se colocar frente aos problemas do dia a dia, isso passa a se tornar um padrão de comportamento. Dessa forma, tanto o corpo quanto o cérebro, passam a responder às diretrizes desse padrão.

Quando a reclamação vira doença

Ao se instalar o padrão de reclamação no indivíduo, tudo se torna ameaça, dificuldade ou complicação, gerando o estado de alerta, tensão, revolta ou medo.

Como resposta a esse estado, o organismo humano passa a produzir hormônios como a adrenalina e o cortisol.

Esse hormônios, quando são produzidos em excesso no corpo, desencadeiam estado constante de estresse e fazem com que os órgãos comecem a apresentar distúrbios, desencadeando doenças, como

  • diabetes
  • distúrbios cardíacos
  • hipertensão
  • insônia
  • dor de cabeça
  • problemas digestivos, entre outros

Transtornos Mentais relacionados ao vício da reclamação

Além das doenças físicas, reclamar demais e passar a ver tudo como ameaçador e uma tragédia, pode desencadear transtornos psicológicos como:

  • Depressão – doença psíquica marcada por tristeza crônica
  • Síndrome de Burnout –  distúrbio psíquico, caracterizado por mau humor e agressividade, causado por esgotamento físico e mental
  • Síndrome de Bordeline – patologia psíquica marcada por impulsividade, instabilidade emocional, irritação e raiva
  • Estressedesequilíbrio psicológico resultante do acúmulo de tensões físicas, emocionais e ou mentais

Além dos problemas internos que a reclamação em excesso pode provocar, existem também os fatores externos, ou seja, reclamar demais é como um vírus, contagia quem está em volta.

Sendo assim, até o ambiente é contaminado pela negatividade da reclamação.

Médica fala sobre os prejuízos de reclamar

Como já dito anteriormente, reclamar demais faz mal à saúde. A médica endocrinologista Dra. Juliana Gabriel, explica sobre isso neste vídeo do seu canal Endocrinologia para Todos:

Como se libertar do padrão da reclamação

Um padrão de comportamento é desencadeado por ações e situações recorrentes, mesmo quando estamos inconscientes dessa realidade.

Uma forma de se libertar do padrão de reclamação é substituí-lo por um padrão mais elevado, que é o da Gratidão.

Antídoto para o veneno da reclamação

Quando a reclamação se torna um vício, ela passa a ser um veneno que contamina a pessoa e tudo ao seu redor.

Mas para o veneno da reclamação, existe um antídoto que é o exercício da gratidão.

Agradecer pelo que somos e temos, tirando o foco do que nos falta ou do que está ruim.

É possível tomar desse antídoto das seguintes maneiras:

  • Criando um Diário da Gratidão, no qual escreve-se tudo que acontece de bom em nossa vida, por mínimo que seja.
  • Tirando o foco exclusivo e intermitente das coisas ruins e colocando-o no que é mais agradável ou criando situações melhores.
  • Aprendendo a olhar a vida com bons olhos e tirando o lado bom até do que acontece de ruim 
  • Vivendo o Agora, pois no momento presente se concentra todas as possibilidades de nossa existência e o nosso poder da mudança. É no Agora que podemos escolher entre  reclamar ou estar aberto e receptivo às possibilidades.
  • Aprender com os animais, que mesmo instintivamente, confiam no impulso da vida e fluem com a existência.

Recursos para encarar o desafio de ficar 1 dia sem reclamar

Para um padrão se instalar definitivamente em nós é preciso que seja realizado de forma contínua e repetitiva.

Se quisermos parar com um padrão negativo precisamos:

  1. colocar luz sobre o mesmo
  2. enxergá-lo e ver como atua
  3. substitui-lo por um padrão mais consciente, elevado e benéfico

E isso pode ser feito mediante alguns recursos internos que irão ajudar a detectar esse padrão, enfraquecê-lo ou até eliminá-lo.

Estes recursos são:

  • Auto-observação – atenção consciente sobre si mesmo – percebendo como se dá o padrão da reclamação.
  • Reflexão interna – quesrionando-se: por que fico repetindo esse padrão? Como posso agir de outra forma?
  • Meditação – como forma de ajudar nessa reflexão, pois através da pausa do corpo e do silêncio interno é possível dar espaço para que ocorra lampejos e insights, que levem a compreender determinado padrão.
  • Autorresponsabilidade – parar de se colocar como vítima, reclamando de tudo e de todos e assumindo seu poder, como protagonista de sua vida. Buscando assim cristalizar soluções, em vez de se apegar aos problemas.
  • Viver em Gratidão – mais uma vez, é bom reforçar o estado da Gratidão, pois quanto mais vemos a existência como uma dádiva, mais nos tornamos abertos a experienciar os desafios da vida com alegria, liberdade, confiança, resiliência, leveza e paz.

Não é fácil, mas é possível

Com certeza não é fácil deixar de reclamar, mas é possível tornar isso uma prática contínua, e assim, aos poucos, diminuir a força do impulso de reclamar.

Além do mais, adotar essa postura pró-ativa frente à reclamação, pode nos ajudar a nos autoconhecer melhor, desenvolver habilidades e qualidades que nem sabíamos que tínhamos, e viver com mais sabedoria.

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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