Escócia vai plantar 1 milhão de árvores para salvar salmões


A Escócia inicia um projeto que irá salvar o salmão selvagem plantando milhares de árvores às margens de rios.

De acordo com dados, comissões de pesca conduziram o plantio de 250.000 mudas ao longo dos principais afluentes do rio Dee e planejam plantar 1 milhão até 2035, incluindo:

Estas árvores estão sendo plantadas ao lado dos rios e córregos mais remotos da Escócia para proteger não só o salmão, mas toda a vida marinha, dos piores efeitos do aquecimento climático.

Pesca de salmão

A temporada de verão é ideal para pescar na Escócia, isso inclui a oportunidade de pescar salmão e truta, seja no mar ou nos rios.

A pesca é o esporte de participação mais importante do país.  Ao norte estão Caithness e Sutherland (mosaico de riachos de lagos e rios) e, na área central, há lagos e rios próximos dos centros urbanos, ao redor de Glasgow e Edimburgo.

Ao sul, perto da fronteira com a Inglaterra, existem algumas pescarias excepcionais. A oeste estão os rios Solway, que são famosos por suas trutas do mar, bem como pelo grande salmão atrofiado.

No litoral oeste existem centenas de pequenos rios, riachos e lagos, enquanto no leste estão os rios clássicos para pesca de salmão, como Tay, Tweed, Dee e Spey.

O rio Dee é um dos grandes clássicos dos rios com salmão. Ele nasce em Cairngorms e flui através de Braemar, Ballater, Aboyne e Banchory em Deeside até o Mar do Norte em Aberdeen.

As capturas de salmão no rio Dee em Aberdeenshire caíram 80% desde seu pico em 1957.

Queimadas e a elevada temperatura dos rios bota em risco o salmão selvagem do Atlântico, aumentando a ameaça à sobrevivência da espécie causando seu desaparecimento.

De 2018 pra cá (ano em que a Escócia registrou a menor captura de salmão desde o início dos registros), as mudanças climáticas dão evidências de que a temperatura da água dos rios aumentou em aproximadamente 70%.

Temperaturas mais quentes

A temperatura dos rios ultrapassou 23 °C, uma grau que induz estresse e mudança de comportamento em espécies de peixes e, também, em outros animais, principalmente para o salmão selvagem.

Por exemplo, o salmão do Atlântico, uma espécie de água fria que utiliza o rio para desova, prefere temperaturas de verão acima de 10°C. Nas condições observadas eles não podem sobreviver e acabam morrendo.

Cobertura vegetal

Apenas 35% dos rios da Escócia, que se estendem por 103.000 km, têm cobertura de árvores adequada.

Lorraine Hawkins, diretora de rios do Dee District Salmon Fishery Board explica:

“Esses rios e áreas de queimada são os berçários de peixes jovens e são os peixes jovens que serão afetados pelas temperaturas do verão, suas taxas de alimentação e crescimento são afetados. Se ficar mais quente, veremos peixes morrendo”.

Árvores no rio Dee

O rio Dee está localizado na fronteira com o Balmoral Estate (onde fica o Castelo de Balmoral, uma das residências da família real britânica) em sua margem sul.

Os conselhos de pesca em toda a Escócia pretendem dar ênfase em programas semelhantes de plantio de árvores, com o objetivo de recuperação de espaços com sombra essencial para promover temperaturas mais baixas da água. O projeto de arborização em rios promete cercar a maioria  das áreas de plantio para evitar que as mudas sejam comidas por animais.

Esses projetos melhoraram a saúde geral e a biodiversidade dos rios, aumentando a vida dos insetos, a queda de folhas, o gerenciamento de nutrientes essenciais e o controle de enchentes.

Previsões climáticas

Alan Wells, diretor da Fisheries Management Scotland, afirma que as previsões climáticas são claras de que as temperaturas da água continuarão a subir, mesmo que os governos consigam limitar o aquecimento climático a cerca de 1,5°C (tema discutido na COP26).

Ele comenta:

“Vimos situações em que as temperaturas em nossos rios estão se aproximando de níveis críticos para nossos salmões, temperaturas que eles não podem tolerar.

Isso vai piorar. Precisamos cultivar árvores agora para criar essa sombra essencial”.

Declínio no números de salmões

O declínio dramático no número de salmões selvagens é atribuído a vários fatores:

  • mudanças climáticas que afetam a disponibilidade de alimentos;
  • açudes e outras obstruções em rios;
  • predação por populações crescentes de focas;
  • piolhos do mar atraídos por pisciculturas;
  • capturas acessórias dos arrastões no mar;
  • e má qualidade dos rios.

Para os ativistas e protetores ambientais, a mudança para a criação de projetos voltados ao meio ambiente na Escócia é lenta.

Apesar do cenário, o Dee marcou o início de sua temporada de pesca no começo do mês.

Será que é um bom momento para a pesca esportiva? Claro que não! Deixem os salmos viverem em paz. A vida desses animais é uma epopeia. Plantem arvores para manter a biodiversidade e a espécie, não para garantir a pesca desse animal estupendo.

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Lara Meneguelli


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