A Argentina é o primeiro país do mundo a proibir a criação de salmão


A indústria do salmão foi banida da Argentina, especificamente da província de Tierra del Fuego. Espera-se que a medida inspire o Chile, 2° maior produtor do peixe, a banir essa atividade tão prejudicial ao meio ambiente, também em seu território.

O que acontece é aquilo que nós dissemos aqui no greenMe várias vezes: a produção de salmão é cruel para o meio ambiente e para a saúde das pessoas. O salmão é na verdade uma espécie de fake news da alimentação. É tudo fake nessa piscicultura.

Vitória argentina e esperança chilena

Na província argentina de Tierra del Fuego foi aprovado por unanimidade um projeto de lei que proíbe a criação de salmão naquele território, enquanto no país vizinho, Chile, existem poucas áreas livres da criação de salmões, uma atividade industrial que continua a ser permitida e a crescer ali,  juntamente com as consequências ambientais que causa a todos.

A iniciativa argentina é histórica, pois pioneira em todo o mundo.

“É um marco histórico ao transformar a Argentina no primeiro país do mundo a proibir a criação intensiva de salmão industrial”, disse à DW Estefanía Gónzalez, coordenadora da campanha dos oceanos do Greenpeace Andino, que reúne Argentina, Chile e Colômbia.

A história

Em 2018, a Argentina assinou um acordo com a Noruega para formalizarem a produção de salmão no país sul-americano, precisamente nas águas do Canal de Beagle, na Terra do Fogo. Esse canal é tido como os dois últimos bastiões de águas cristalinas do mundo.

Acontece que comunidades chilenas e argentinas decidiram protestar contra a devastação que a criação de salmão estava causando àquele habitat tão especial.

No Canal de Beagle as águas dos oceanos Pacífico e Atlântico se encontram. Por isso, o local possui uma enorme riqueza de animais marinhos e uma biodiversidade especial.

Com a ajuda de ONGs de proteção ambiental e da Universidade de Buenos Aires, deu-se início a uma série de debates acerca da real vantagem desse acordo com a Noruega. A criação de salmão colocava em risco valores culturais e financeiros, pois aquela região gera milhares de empregos pelo turismo, e tudo estava sendo ameaçado pelos danos ambientais que essa indústria causa.

O debate culminou no projeto de lei recentemente aprovado por unanimidade, e adeus à criação de salmão naquelas terras. Decisão histórica!

Outros países devem seguir na mesma proibição, afinal, podemos viver muito melhor sem consumir salmão, um peixe que infelizmente caiu no gosto dos humanos:

O que você precisa saber sobre a criação de salmão

Salmões são criados sempre em cativeiro porque são endêmicos do hemisfério norte, típicos das águas frias do norte da Eurásia e da América, foram introduzidos artificialmente nos outros continentes.

Na criação de salmões, os peixes ficam enjaulados no fundo do mar, em uma espécie de fazenda aquática para a engorda dos peixes. Como ficam amontoados, recebem alimentação artificial (ração feita com farinha de peixe, enriquecida de astaxantina para lhes dar a cor típica) e antibióticos profiláticos contra a propagação de doenças.

Esses antibióticos poluem as águas e contamina o próprio alimento que chega ao consumidor final.

Mas a criação de salmões prejudica todo o ecossistema com seus resíduos cheios de corantes, produtos químicos e medicamentos que destroem a fauna e a flora submarina onde estão estão instaladas as “fazendas”.

A vida natural dessa espécie é uma linda aventura: salmões nascem em rios e lagos de água doce, passam a maior parte de suas vidas no oceano e voltam para o rio de nascimento no momento de se reproduzirem.

O Chile é o segundo maior produtor de salmão do mundo, depois da Noruega. Nosso vizinho exporta mais de 5 bilhões de dólares por ano do peixe, números que vão ao encontro direto do desastre: em abril de 2021, 5.600 toneladas de salmão morreram devido ao florescimento de algas invasivas que provocam a redução do oxigênio na água e asfixia os peixes.

Com a decisão argentina, espera-se que o Chile também proíba essa atividade, mas ativistas ambientais temem a força dessa indústria poderosa em um país liberal.

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Fonte foto: Hypeness




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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