O que é Erotomania e como se manifesta


A erotomania é um transtorno psiquiátrico intrigante, marcado pela paixão delirante, persistente e irracional de uma pessoa por outra, pertencente a um status social mais elevado ou influente. Essa crença, embora completamente infundada, é mantida de forma obstinada, mesmo diante de evidências esmagadoras de que a pessoa amada não compartilha os mesmos sentimentos.

O transtorno da erotomania, muitas vezes incompreendido, pode ter consequências graves para a vida e o bem-estar da pessoa que o experimenta.

Neste conteúdo, exploraremos em maior profundidade o que é a erotomania, como ela se manifesta e quais são os tratamentos disponíveis para ajudar a lidar com essa condição psiquiátrica complexa.

O que é Erotomania

A erotomania é um tipo de transtorno delirante que leva a pessoa a manifestar um sentimento obsessivo, fantasioso e irracional, ou seja, uma paixão, por uma pessoa, geralmente de destaque social ou celebridade.

Como se manifesta

A erotomania pode se manifestar de diversas maneiras, mas geralmente envolve os seguintes elementos:

Convicção delirante

Uma pessoa que sofre de erotomania (erotomaníaco) acredita firmemente que outra pessoa, muitas vezes uma figura pública ou alguém de destaque, está profundamente apaixonada por ela.

Busca por confirmação

O indivíduo com erotomania pode tentar encontrar evidências de que a pessoa amada está secretamente apaixonada por ele. Isso pode incluir a interpretação distorcida de eventos ou a coleta obsessiva de informações sobre a pessoa amada.

Comportamento de perseguição

Em alguns casos, uma pessoa com erotomania pode começar a perseguir a pessoa amada, tentando se aproximar dela de maneira indesejada e intrusiva. Isso pode incluir o envio de cartas, mensagens, telefonemas ou até mesmo visitas não solicitadas.

Recusa de evidências comprovadas

Mesmo com evidências sólidas de que a pessoa amada não compartilha dos mesmos sentimentos do erotomaníaco, este geralmente se recusa a aceitar a realidade e pode desenvolver explicações delirantes para justificar a falta de reciprocidade.

Exemplos de Erotomania

As situações específicas da erotomania podem variar de indivíduo para indivíduo, contudo existem contextos comuns desse transtorno que podem servir como exemplos:

Casos envolvendo figuras públicas

Alguém pode acreditar que uma celebridade, político, ator ou outro indivíduo famoso está secretamente apaixonado por ele, com base em interpretações distorcidas de ações, mensagens ou interações públicas dessa pessoa.

Delírios no ambiente de trabalho

Um funcionário pode desenvolver uma crença delirante de que seu chefe ou colega de trabalho está profundamente apaixonado por ele, apesar de nenhuma evidência real de interesse romântico.

Casos de pacientes e profissionais de saúde

Os pacientes podem desenvolver erotomania em relação a seus médicos, terapeutas e enfermeiros, acreditando que esses profissionais de saúde têm sentimentos românticos por eles.

Fantasia delirante do(a) aluno(a)

Nessa situação, quem sofre de erotomania desenvolve uma fantasia delirante de que o(a) professor(a) está profundamente apaixonado(a) por ele(a), acreditando, por exemplo, que o(a) escolheu para dar palestras especiais, esperar-o(a) para conversas individuais frequentes após as aulas, mesmo que o comportamento dele(a) seja profissional e não indicativo de interesse romântico. Enfim, tudo é distorcido por parte de quem sofre de erotomania ao interpretar qualquer elogio, feedback ou atenção do outro como evidência de seu suposto amor.

Relações interpessoais cotidianas

A erotomania pode se manifestar nas relações interpessoais cotidianas, levando alguém a acreditar que um amigo, vizinho ou conhecido, que considera importante, está secretamente apaixonado, mesmo quando não há base real para essa crença.

Casos online

Com o uso crescente das redes sociais, a pessoa com erotomania pode desenvolver sentimentos delirantes em relação a alguém influente que conhece online, acreditando que esse conhecido virtual está apaixonado por ela.

Causas da Erotomania

As causas exatas da erotomania não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que sejam multifatoriais e envolvam uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais.

Alguns dos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da erotomania incluem:

Predisposição genética

Pode haver uma predisposição genética para transtornos delirantes, incluindo a erotomania. Pessoas com histórico familiar de transtornos mentais podem ter um risco aumentado.

Desequilíbrios químicos específicos

Alterações nos neurotransmissores, como a dopamina, têm sido associadas a transtornos psicóticos, como a erotomania. Essas deficiências químicas podem influenciar a percepção e o processamento das informações.

Lesões específicas

Lesões específicas traumáticas, tumores cerebrais e outras condições médicas podem afetar o funcionamento cerebral e, em alguns casos, desencadear sintomas de erotomania.

Fatores psicossociais

Experiências traumáticas, eventos estressantes ou influências ambientais podem influenciar no desenvolvimento de transtornos mentais, como no caso da erotomania.

Vulnerabilidade psicológica

Algumas pessoas podem ser mais suscetíveis a desenvolver transtornos delirantes devido a características de personalidade, como baixa autoestima, tendência a distorções cognitivas e dificuldades na interpretação de relações interpessoais.

Isolamento social

A solidão e o isolamento social podem aumentar o risco de desenvolvimento de síndormes delirantes, pois a falta de interações sociais paralelas pode levar a interpretações distorcidas das poucas interações que ocorrem.

É importante notar que a erotomania é uma condição complexa, e a interação desses fatores pode variar de pessoa para pessoa.

Tratamentos

O tratamento para o transtorno da erotomania geralmente envolve terapia cognitivo-comportamental ou psicanálise e, em casos graves, medicamentos antipsicóticos podem ser prescritos para reduzir os intensos sintomas delirantes.

É importante observar que a erotomania é um transtorno mental não muito comum, que pode ser muito debilitante para a pessoa que o possui, e os seus diagnóstico e tratamentos devem ser realizados por profissionais de saúde mental.

É fundamental que pessoas com erotomania recebam ajuda e orientação profissional para gerenciar seu transtorno e melhorar sua qualidade de vida.

Psiquiatra fala sobre a Erotomania e seus efeitos

O psiquiatra Guilherme Navarro fala, neste vídeo do seu Tik Tok, sobre erotomania, a forma como se manifesta e os efeitos que causa:

@guilhermenavarropsiq EROTOMANIA! #saudemental #psiquiatria #psicologia #psicanalise #medicina #med #terapiacognitivacomportamental #saude #psiquiatriaforense #sus #saudecoletiva ♬ som original – Guilherme Navarro

Conscientização e conhecimento

Em suma, a erotomania é um exemplo notável da complexidade da mente humana e dos desafios que alguns indivíduos enfrentam em sua jornada para compreender a realidade. Embora seja uma condição menos comum, sua natureza persistente e potencialmente intrusiva a torna um tópico de interesse na psiquiatria.

A conscientização sobre a erotomania e o acesso ao tratamento adequado são fundamentais para ajudar as pessoas afetadas a controlar seus sintomas e melhorar sua qualidade de vida.

À medida que continuamos a aprender mais sobre os transtornos mentais e a desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes, espera-se que aqueles que sofrem de erotomania encontrem o apoio de que precisam.

A compreensão e o tratamento adequados podem desempenhar um papel fundamental na melhoria da saúde mental e no bem-estar daqueles que enfrentam condições psíquicas desafiadoras.

Como sociedade, é preciso garantir que todos tenham acesso às informações e ajuda necessária para superar os obstáculos que surgem no caminho da saúde mental.

Fontes:

  1. Wikipédia
  2. AbcMed
  3. SciELO-Brasil: Revista Psiquiátrica do Rio Grande do Sul
  4. SciELO-Brasil: Arquivos de Neuro Psiquiatria
  5. Guilherme Navarro-Psiquiatra

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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