Por que mulheres são maioria no Movimento Vegano? Cadê os homens?


Neste mês, comemoramos no dia 8 o Dia Internacional da Mulher, o que nos fez lembrar como a mulher e a energia feminina têm feito a diferença não só em questões sociais, políticas e culturais, mas sobretudo mostrando seu altruísmo, empatia, sensibilidade e compaixão na defesa da vida animal.

As mulheres vêm atuando em várias frentes, sendo ativistas e veganas, em prol de uma vida melhor para todos, independente da espécie e do gênero. E nessas questões, elas são a maioria!

Em 2016, foi feita uma pesquisa no Reino Unido pela Ong Vegan Society, cujo resultado revelou que as mulheres são em dobro em relação aos homens no movimento vegano.

Esse aumento vem ocorrendo em vários países, como por exemplo, nos Estados Unidos, em que as estatísticas indicam que 79% dos veganos são mulheres.

Esses dados não surpreendem, já que feminismo, ecologia e direitos dos animais há muito tempo andam juntos e se aliaram com o ecofeminismo para combater as injustiças e os prejuízos provocados pela mentalidade de posse e dominação, e pela defesa da igualdade de direitos de gênero e espécie.

A força do feminino tem sido sagrada e dado sua contribuição para um mundo mais justo, empático, humano, em que todas as vidas importam, valorizando a Mãe Terra e todos os seus filhos.

Agora a pergunta que não quer calar é: por que as mulheres são a maioria no Movimento Vegano e na defesa pelos Direitos dos Animais?

Causas da mulher ser maioria no Veganismo

Existem vários fatores que explicam o porquê de existirem mais mulheres do que homens no Veganismo. Os mais evidentes são:

Tradição histórica

O hábito de comer carne vem das comunidades pré-históricas e das antigas sociedades patriarcais.

Baseado nessa tradição, foi se estabelecendo uma relação entre poder e consumo de carne.

Um dos primeiros estudos sobre essa temática, ocorreu na década de 1980, conduzido pela antropóloga Peggy Sanday.

Esse estudo estabeleceu a comparação da estruturas de poder entre comunidades, onde a caça era dominante, e outra, onde a coleta de alimentos era predominante.

Com base nisso, Peggy Sanday descobriu que as sociedades baseadas na caça e no consumo de carne tendiam a ser mais patriarcais, enquanto as baseadas na coleta de plantas eram em geral mais igualitárias.

Pode-se se somar a esse aspecto, a relação entre carne e gênero estabelecida na pré-história, em virtude da divisão de tarefas entre homens e mulheres. Tanto que a caça era atribuída aos homens e o plantio e a colheita ficava na incumbência das mulheres.

Influência cultural

Como visto, desde muito tempo, os homens vêm sendo criados para ter uma relação de domínio sobre os animais e vê-los como inferiores.

Um dos livros que apontam a relação da dominação e poder masculino é da autora Gwen Hunnicutt, intitulado Violência de gênero na perspectiva ecofeminista – Intersecções de opressão animal, patriarcado e dominação da Terra.

Este livro destaca as formas de como o sistema patriarcal reflete na dominação do homem sobre a Natureza, derivando na violência de gênero, ou seja, do homem sobre a mulher e ou sobre os mais vulneráveis e frágeis.

Condicionamento secular

Por todos os fatores apontados anteriormente, o hábito de comer carne vem sendo visto, de forma errônea, como forma de saciar a necessidade do homem-macho. Como costuma-se dizer tem “sustância”, dá força para sua masculinidade e virilidade.

Isso não corresponde à verdade, pois existem muitos homens que são atletas e possuem músculos, vitalidade e força física sem comer carne. Vários esportistas e estudos científicos confirmam isso. O heptacampeão de fórmula 1 Lewis Hamilton é um exemplo de plant power, como chamou seu amigo tenista Djokovic, também seguidor de uma dieta baseada em plantas.

Psicologia masculina

Desde os primórdios dos tempos, quando o homem saía para caçar ou liderava exércitos, foi se calcando na psicologia masculina, a necessidade de dominar e colocar a mente acima do coração. E, isso influenciou até na alimentação, criando-se um estigma que macho precisa de carne.

Com isso, foi se desenvolvendo o padrão da masculinidade tóxica, levando a representação mental que comer somente vegetais é coisa de efeminados ou somente de mulheres.

Ainda bem que com o passar do tempo essa mentalidade arcaica vem passando por mudanças.

Mulheres Veganas Famosas

Algumas mulheres estão ocupando posições de destaque na sociedade e provocando verdadeiras revoluções. O veganismo é uma delas.

Mulheres veganas, famosas e influentes estão mudando a história e, através de suas ações, estão contribuindo para um mundo melhor para todos.

Algumas dessas mulheres veganas e famosas são:

  • Natalie Portman – atriz e ativista que, em 2019, participou do evento o We Day para conscientizar os jovens sobre temas relacionados ao ecofeminismo.
  • Venus Williams – atleta tenista que prova que é possível ter alto rendimento com uma alimentação vegana
  • Jane Goodall – antropóloga britânica e ativista pela paz e defesa dos direitos do animais, reconhecida pela das Organização das Nações Unidas (ONU)
  • Xuxa Meneghel – apresentadora que se tornou a embaixadora do Veganismo, conscientizando as pessoas sobra os benefícios de se tornarem veganas
  • Luisa Mell – ativista, fundadora de Instituto Luisa Mell, o qual resgata animais em situação de abandono e perigo, tratando-os e encaminhando eles para adoção,
  • Alana Rox – autora do livro Diário de uma Vegana e que usa seu Instagram para ensinar receitas plant-based
  • Linda McCartney – ativista e detentora de uma famosa marca famosa de moda vegana
  • Alicia Silverstone – atriz norte-americana e autora do livro “The Kind Diet”, com receitas e fatos relativos ao Veganismo
  • Greta Thunberg – jovem ativista, reconhecida mundialmente pela sua defesa do meio ambiente
  • Angela Davis – filósofa e defensora da justiça racial
  • Charu Chandrasekera – cientista que trabalha na pesquisa para testes alternativos ao uso de animais em laboratórios
  • Mayim Bialik – atriz e auotra do livro Mayim’s Vegan Table
  • Ellen Page – atriz e defensora de causas como: liberdade de gênero e defesa aos animais
  • Michelle Carrera – fundadora da Ong Chilis on Wheels que doa refeições veganas às comunidades carentes
  • Amie Breeze Harper – autora do livro Sistah Vegan, que aborda questões raciais e alimentação ética
  • Kat Von D – ativista e tatuadora, seu nome está ligado à uma linha vegana de cosméticos
  • Leona Lewis – cantora e representante da Ong PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais).
  • Seble Nebiyeloul – cofundadora da Ong Fundo Internacional para a África que doa refeições veganas para  crianças carentes.

Preconceito contra homens que são veganos

Uma das razões para as mulheres serem a maioria dentro do Movimento Vegano, é o preconceito que homens veganos sofrem, por parte de outros homens que comem carne.

Neste vídeo, os youtubers veganos Carol Vida Vegan e Vegano Vitor conversam sobre isso e apontam alguns motivos que levam a ter mais mulheres veganas do que homens:

O ator Rodrigo Dorado e apresentador do canal Vegflix, fala neste vídeo sobre a pressão cultural em cima do homem que se torna vegano:

Rompendo o estigma: comer vegetais é “coisa de maricas”

Com a tomada de consciência das últimas gerações, estão surgindo homens mais receptivos e sensíveis, ou seja, que estão dando vazão à força feminina que existe em cada ser humano, independente da identidade de gênero.

Sendo assim, eles veem os animais como seres sencientes e não apenas um pedaço de carne, mesmo ainda enfrentando o preconceito dos machistas inveterados.

A medida que mais homens se tornam veganos, mais esse preconceito e condicionamento vem se rompendo.

Nesse contexto, mais pessoas em nossa sociedade vêm despertado para a necessidade de serem mais justas e compassivas com todos os seres.

Em 2020, o site vegano Veganuary registrou que o número de veganos dobrou na Europa e Estados Unidos, em virtude do aumento da percepção das pessoas sobre:

  • os prejuízos causados pela pecuária sobre o meio ambiente
  • a relação do consumo de carne ao surgimento da Covid-19 e a consequente pandemia.
  • os benefícios do Veganismo para a saúde, os animais e o planeta

No Brasil, isto também tem acontecido. Saiba mais em:

Por que o Veganismo está crescendo?

O relatório Top Trends in Prepared Foods 2020 deixou nítido que muito mais pessoas estão se voltando para o um modo de vida mais saudável, equilibrado e pacífico, consequentemente tornando-se veganas.

Esse relatório apontou as seguintes tendências que estão levando as pessoas a essa escolha:

  • O crescente aumento do Veganismo em paralelo ao impacto do consumo de carne sobre o meio ambiente, tem intensificado a demanda de produtos sem carne.
  • Os consumidores têm se dado conta da associação entre estilo de vida ético, sustentável ​​e bem-estar. Dessa forma, beneficiando tanto humanos como animais. Por isso, as pessoas vêm adotando escolhas alimentares mais saudáveis e éticas.

A mulher com sua sensibilidade e seu lado intuitivo, há muito tempo, percebeu que o Veganismo é o caminho para cessar tanta crueldade e o desrespeito aos seres indefesos.

Não é a toa que as mulheres estão em maioria, dentro desse Movimento Vegano.

E você já percebeu a importância de viver o Veganismo?

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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