Obesogênicos: quais são as toxinas ambientais que engordam


A obesidade global triplicou desde 1975. Pasmem, mas atualmente, existem mais pessoas obesas ou com sobrepeso do que abaixo do peso.

Quase 2 bilhões de adultos são obesos ​​e 40 milhões de crianças menores de cinco anos são obesas ou com sobrepeso.

E a tendência deste cenário é aumentar:

Segundo evidências científicas, toxinas ambientais estão piorando a pandemia de obesidade.

O que são alimentos obesogênicos?

Os obesogênicos, termo criado pelo pesquisador e professor de Biologia do Desenvolvimento Celular Bruce Blumberg da Universidade da Califórnia, são produtos químicos encontrados em embalagens de alimentos, no politetrafluoretileno das panelas antiaderentes (teflon), em produtos de beleza e sabonetes, dentre outros, que podem colaborar com a obesidade de adultos e crianças.

De acordo com pesquisas, os poluentes podem perturbar o metabolismo.

As toxinas chamadas “obesógenos” podem afetar a forma como o corpo controla o peso.

Ou seja, a poluição química no meio ambiente está contribuindo para a epidemia global de obesidade.

Quais são as toxinas obesogênicas?

Os poluentes que contribuem para o aumento da obesidade incluem:

  • Pesticidas: estudos já demonstram uma relação direta entre a obesidade infantil, e pesticidas organoclorados, e organofosforados. Além do problema com o peso, os organofosforados estão ligados à leucemia em crianças;
  • Bisfenol A: esse composto é utilizado em plásticos rígidos como tábuas de corte, CDs, DVDs, escovas de dentes, mamadeiras e até mesmo em papéis termossensíveis como os de fax e até mesmo os comprovantes de cartão de crédito. Ele favorece o desenvolvimento das células de gordura e resistência à insulina;
  • Ftalatos: são utilizados de duas maneiras. A primeira é para deixar produtos plásticos como brinquedos, garrafas plásticas, vinil e pisos mais maleáveis. A segunda é como solvente e conservante de odor em produtos cosméticos como perfume. Estudos relacionam o composto ao desenvolvimento de obesidade e diabetes;
  • Politetrafluoretileno: o material utilizado para garantir a antiaderência de panelas é, segundo pesquisadores, não só responsável pelo desenvolvimento de obesidade em bebês, mas também por infeções e asma;
  • Bifenil policlorado: além de ser um poluente orgânico persistente (POP), o PCB, utilizado como retardante de chamas, pode estar presente em alimentos contaminados como carne, peixes e derivados de leite e, segundo pesquisadores, também é associado à obesidade. Eles contaminam os animais através do processo de bioacumulação. O PCB que não é descartado corretamente chega à rios e lagos, onde contaminam peixes e micro-organismos. Ao se alimentar desses animais, ou beber a água desses rios e lagos, animais maiores, a exemplo do próprio humano, também se contaminam. Estudiosos acreditam que a os alimentos são a principal forma de exposição do homem a esse poluente;
  • Soja: esse é um exemplo curioso, já que a soja e seus produtos derivados têm pouca gordura e fazem bem a saúde. Mas estudos mostram que isoflavonas, como daidzeína e a genisteína, presentes no grão e normalmente utilizadas em repositores hormonais, estão ligadas ao desenvolvimento de obesidade em crianças e bebês.

Robert Lustig, professor da Universidade da Califórnia, em São Francisco, autor de uma das revisões.e científicas sobre o assunto, explica:

“Acontece que os produtos químicos despejados no meio ambiente têm esses efeitos colaterais, porque fazem as células fazerem coisas que de outra forma não fariam, e uma dessas coisas é acumular gordura“.

Estes produtos químicos estão em toda parte:

  • água;
  • poeira;
  • embalagens de alimentos;
  • produtos de higiene;
  • produtos de limpeza;
  • móveis;
  • e eletrônicos.

Este estudo, por exemplo, identificou cerca de 50 produtos químicos que possuem efeitos obesogênicos, a partir de experimentos em células humanas e animais, além de estudos epidemiológicos.

Estes produtos incluem BPA e ftalatos, também um aditivo plástico.

Outros produtos obesogênicos são pesticidas, incluindo DDT e tributilestanho, retardadores de chama e seus substitutos mais recentes, dioxinas, PCBs e poluição do ar.

PFAS

No estudo também aparecem os compostos PFAS (os chamados “produtos químicos para sempre” devido à sua longevidade no meio ambiente) como obesogênicos.

Estes são encontrados em embalagens de alimentos, utensílios de cozinha e móveis.

Alguns antidepressivos, adoçantes artificiais e triclosan (agente antibacteriano) também são conhecidos por causar ganho de peso.

Obesogênicos

Os obesogênicos, ou obesógenos funcionam impactando o “termostato metabólico” tornando o ganho de peso mais fácil e a perda de peso mais difícil.

Os poluentes podem afetar diretamente:

  • o número e o tamanho das células de gordura;
  • alterar os sinais que fazem as pessoas se sentirem satisfeitas;
  • alterar a função da tireoide e o sistema de recompensa da dopamina;
  • afetar o microbioma no intestino e causar ganho de peso.

Veja o que são os obesogênicos e a relação com a nossa saúde de acordo com a Dra. Andressa Heimbecher:

 

Obesidade infantil

Os impactos químicos que aumentam o peso podem ser transmitidos através de gerações, alterando o funcionamento dos genes.

Além disso, vários estudos relacionam a exposição ao ar sujo no início da vida à obesidade.

Os primeiros anos do desenvolvimento infantil são os mais vulneráveis ​​aos obesogênicos.

Segundo os cientistas:

“Estudos mostraram que as exposições no útero e no início da vida foram os momentos mais sensíveis, porque isso alterou irreversivelmente a programação de várias partes do sistema metabólico, aumentando a suscetibilidade para ganho de peso.

Temos quatro ou cinco substâncias químicas que também causarão obesidade epigenética transgeracional“.

Como evitar produtos obesogênicos?

A visão de mundo é de que a obesidade é causada apenas por comer demais e se exercitar muito pouco.

Mas agora sabemos que ambientes e produtos obesogênicos também podem agravar a doença.

Cortar a exposição a estes produtos é difícil, já que existem 350.000 produtos químicos sintéticos no mundo.

A ideia é evitar ao máximo possível os produtos que contêm esses tipos de compostos químicos.

No caso dos pesticidas, sempre prefira alimentos orgânicos.

Troque itens de plásticos por produtos de outro tipo de material, vidro especialmente.

Elimine os fatores obesogênicos, ou melhor, as toxinas da sua dieta e do seu dia a dia o quanto puder.

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Lara Meneguelli


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