Bisfenol A (BPA): o que é e por que é perigoso à saúde


Hoje o assunto é sobre um produto químico industrial muito utilizado na fabricação de plásticos e que pode entrar em seus alimentos e bebidas facilmente:

o Bisfenol A ou BPA.

O que é o Bisfenol A?

O Bisfenol A (BPA) é um composto orgânico sintético. Pertence ao grupo dos derivados do difenilmetano, um dos difenois, com dois grupos hidroxifenil

É um produto químico e matéria prima para a produção de plásticos, produzido em grandes quantidades para uso principalmente na produção de plásticos de policarbonato.

Plásticos de policarbonato são usados para fazer itens duros de plástico, como mamadeiras, garrafas de água reutilizáveis, recipientes para guardar alimentos, jarras, talheres, potes e outros utensílios para armazenamento.

Também é encontrado em vários produtos, incluindo janelas, óculos, garrafas, resinas epóxi e materiais que revestem algumas latas de alimentos de metal, tampas de garrafas e canos de água.

Em alguns países o BPA é proibido, pois a exposição deste composto é prejudicial à saúde humana. No Brasil, ainda podemos encontrá-lo em vários produtos.

Como o BPA entra no corpo?

A principal fonte de exposição ao BPA para a maioria das pessoas é através da alimentação. O BPA em alimentos e bebidas é responsável pela maior parte da exposição humana diária à essa substância.

Quando os recipientes plásticos são feitos com BPA, nem todo o BPA é selado no produto. Isso permite que parte dele se liberte e se misture com o conteúdo do recipiente assim que alimentos ou fluidos forem adicionados.

O ar, poeira e água são outras possíveis fontes de exposição.

O bisfenol A pode ser lixiviado nos alimentos a partir dos revestimentos internos de resina epóxi protetora de produtos enlatados e de consumo alimentar.

O mais preocupante é: o BPA também pode ser encontrado na mamadeira.

A OMS informou que os níveis de BPA em bebês amamentados eram até oito vezes menores do que os de bebês alimentados com fórmula líquida de mamadeiras contendo BPA.

Por que devemos evitar o BPA

Alguns afirmam que o BPA é prejudicial, outros não.

Vamos fazer uma reflexão através das seguintes informações:

Mecanismos biológicos do BPA

Os estudiosos afirmam que o BPA imita a estrutura e a função do hormônio estrogênio.

Devido à sua forma semelhante ao estrogênio, o BPA pode se ligar aos receptores de estrogênio e influenciar os processos corporais, como:

  • crescimento;
  • reparo celular;
  • desenvolvimento fetal;
  • níveis de energia;
  • e reprodução.

Além disso, o BPA também pode interagir com outros receptores hormonais, como os da tireoide, alterando assim sua função.

O corpo é sensível a mudanças nos níveis hormonais, razão pela qual acredita-se que a capacidade do BPA de imitar o estrogênio afeta sua saúde.

A controvérsia…

Dadas as informações acima, muitas pessoas se perguntam se o BPA deve ser banido.

Seu uso já foi restrito na UE, Canadá, China e Malásia (principalmente em produtos para bebês e crianças pequenas).

Alguns estados dos EUA seguiram o exemplo, mas nenhuma regulamentação federal foi instituída.

Em 2014, o FDA (U.S. Food and Drug Administration) divulgou seu último relatório, que confirmou o limite de exposição diária original da década de 1980 é provavelmente seguro nos níveis atualmente permitidos.

No entanto, pesquisas em roedores mostram efeitos negativos do BPA em níveis muito mais baixos. Além disso, outras pesquisas em macacos mostram que níveis equivalentes aos atualmente medidos em humanos têm efeitos negativos na reprodução.

Uma revisão revelou que todos os estudos financiados pela indústria não encontraram efeitos da exposição ao BPA, enquanto 92 % dos estudos não financiados pela indústria encontraram efeitos negativos significativos.

Pode causar infertilidade em homens e mulheres

O BPA pode afetar vários aspectos em relação à fertilidade.

Algumas pesquisas científicas comprovam:

Um estudo observou que mulheres com abortos frequentes tinham cerca de três vezes mais BPA no sangue do que mulheres com gestações bem-sucedidas.

Além disso, estudos de mulheres submetidas a tratamentos de fertilidade mostraram que aquelas com níveis mais altos de BPA têm produção de óvulos proporcionalmente menor e têm até duas vezes menos chances de engravidar.

Entre os casais submetidos à fertilização in vitro (FIV), os homens com os níveis mais altos de BPA eram 30 a 46 % mais propensos a produzir embriões de qualidade inferior.

Um estudo separado descobriu que homens com níveis mais altos de BPA eram 3 a 4 vezes mais propensos a ter uma baixa concentração de esperma e baixa contagem de espermatozoides.

Embora esses efeitos sejam notáveis, para os cientistas ainda são necessários mais estudos para fortalecer as evidências.

E para você, depois dessas informações, você acha que o BPA faz mal ou bem para a saúde?

Efeitos negativos em bebês

De acordo com estudos, as crianças nascidas de mães expostas ao BPA no trabalho pesam menos ao nascer, em média, do que crianças de mães não expostas.

Crianças nascidas de pais expostos ao BPA também tendem a ter uma distância menor entre o ânus e a genitália, o que aponta ainda mais para os efeitos hormonais do BPA durante o desenvolvimento.

Além disso, crianças nascidas de mães com níveis mais altos de BPA eram mais hiperativas, ansiosas e deprimidas. Eles também mostraram 1,5 vezes mais reatividade emocional e 1,1 vezes mais agressividade.

Acredita-se que a exposição ao BPA durante o início da vida também influencie o desenvolvimento do tecido da próstata e da mama de forma a aumentar o risco de câncer.

No entanto, embora exista uma variedade de estudos em animais para apoiar isso, estudos em humanos são menos conclusivos.

Doenças cardíacas e diabetes tipo 2

Estudos em humanos relatam um risco de 27 a 135 % maior de pressão alta em pessoas com altos níveis de BPA.

Além disso, uma pesquisa feita com 1.455 americanos vinculou níveis mais altos de BPA a um risco entre 18 a 63 % maior de doença cardíaca e um risco de 21 a 60 % maior de diabetes.

Em outro estudo, níveis mais altos de BPA foram associados a um risco entre 68 a 130 % maior de diabetes tipo 2.

Além disso, as pessoas com os níveis mais altos de BPA eram 37 % mais propensas a ter resistência à insulina, um dos principais fatores da síndrome metabólica e diabetes tipo 2.

No entanto, alguns outros estudos não encontraram ligações entre o BPA e essas doenças.

Pode aumentar o risco de obesidade

Mulheres obesas podem ter níveis de BPA 47 % mais altos do que os de peso normal.

Vários estudos também relatam que pessoas com os níveis mais altos de BPA são 50 a 85 % mais propensas a serem obesas e 59 % mais propensas a ter uma grande circunferência da cintura, embora nem todos os estudos comprovem isso.

Padrões semelhantes foram observados em crianças e adolescentes.

Pode causar outros problemas de saúde

A exposição ao BPA também pode estar ligada aos seguintes problemas de saúde:

  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP): os níveis de BPA podem ser 46 % mais altos em mulheres com SOP, em comparação às mulheres sem SOP;
  • Parto prematuro: mulheres com níveis mais altos de BPA durante a gravidez tiveram 91 % mais chances de dar à luz antes de 37 semanas;
  • Asma: A maior exposição pré-natal ao BPA está associada a um risco 130 % maior de chiado em bebês com menos de seis meses de idade. A exposição ao BPA na primeira infância também está ligada à sibilância mais tarde na infância;
  • Função hepática: níveis mais altos de BPA estão ligados a um risco 29 % maior de níveis anormais de enzimas hepáticas;
  • Função imunológica: os níveis de BPA podem contribuir para uma pior função imunológica;
  • Função da tireoide: níveis mais altos de BPA estão ligados a níveis anormais de hormônios tireoidianos, indicando função tireoidiana prejudicada;
  • Função cerebral: de acordo com análises, macacos verdes africanos expostos a níveis de BPA mostraram perda de conexões entre as células cerebrais.

Como evitar a exposição ao BPA

Dado todos os efeitos negativos mencionados anteriormente, o quê podemos fazer realmente para evitar o BPA?

Parece ser impossível erradicar o Bisfenol A de nossas vidas, mas existem algumas maneiras eficazes de reduzir sua exposição:

  1. Evite alimentos embalados: dê preferência principalmente aos alimentos frescos e integrais. Fique longe de alimentos enlatados ou alimentos embalados em recipientes de plástico rotulados com números de reciclagem 3 ou 7 ou as letras “PC”;
  2. Não compre e não consuma alimentos que estejam em embalagens amassadas ou quebradas;
  3. Beba em garrafas de vidro: compre bebidas que vêm em garrafas de vidro em vez de garrafas de plástico ou lata, use mamadeiras de vidro, não beba em garrafas reutilizáveis de plástico;
  4. Evite produtos com BPA: elimine contato com recibos e extratos, eles contêm altos níveis de BPA;
  5. Seja seletivo com os brinquedos: verifique que brinquedos de plástico para crianças sejam feitos de material livre de BPA (especialmente brinquedos que os bebês provavelmente mastigarão ou colocarão na boca);
  6. Não coloque plástico no micro-ondas: coloque e armazene no micro-ondas apenas alimentos de vidro em vez de plástico;
  7. Utilize recipientes de plástico somente se forem sem BPA ou BPA free;
  8. Prefira recipientes de vidro ou de bambu para guardar comida;
  9. Não esquente comida em recipientes plásticos.

BPA no Brasil

No Brasil, no final de 2011, o uso de BPA foi proibido na fabricação de mamadeiras mas para os demais fins, a substância continua sendo amplamente utilizada, estando presente em todo lugar (alimentos, móveis, brinquedos, equipamentos de proteção, telhas, etc).

Na cidade de Piracicaba-SP uma lei municipal proíbe a comercialização de mamadeiras, chupetas, alimentos e bebidas que contenham o bisfenol-A . É preciso que uma lei federal proíba o uso da substância em todo o país e para todo tipo de produto, não apenas infantis.

O BPA é perigoso ou não?

A FDA não considera o BPA no plástico perigoso para os seres humanos.

Mas, de acordo com os estudos, podemos ver o contrário.

Todo esse “vai-e-vem” entre a comunidade científica e o FDA pode confundir os consumidores que não têm certeza de quais materiais são seguros ou não.

O ideal é sermos conscientes com o que compramos no supermercado e verificarmos os rótulos dos alimentos.

Se considerarmos estas “pequenas evidências”, o Bisfenol A é extremamente perigoso e tóxico à saúde.

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Lara Meneguelli


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Este artigo possui 2 comentários

  1. O que é BPA e quais os perigos à saúde humana? - Profissão Biotec
    Publicado em 09/08/2022 às 12:00 pm [+]

    […] que, apesar de serem considerados menos tóxicos que BPA, seu uso em longo prazo também pode gerar efeitos nocivos. Dessa forma, é imprescindível que as corretas avaliações de toxicidade sejam realizadas, e […]


  2. https://www.0352.ua/news/3732269/ak-vibrati-akisni-navusniki-na-kozen-den-top-modelej-u-2024-roci
    Publicado em 28/03/2024 às 2:33 am [+]

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