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O uso do plástico vem sendo motivo de preocupação por causa da poluição ambiental provocada pelo descarte dos resíduos provenientes desse material. Mas há muito mais com o que se preocupar.
Recentemente foram descobertas sérias razões para se preocupar ainda mais com o uso abusivo do plástico, porque o material, além de ter sido encontrado nos lugares mais remotos da Terra, foi encontrado no organismo de seres humanos.
Duas importantes descobertas foram feitas no primeiro semestre deste ano, através de cientistas da Holanda e do Reino Unido que encontraram pequenas partículas de plástico em humanos vivos, em dois lugares onde não haviam sido vistos antes: em pulmões de pacientes e no sangue de doadores anônimos.
A pergunta que não quer calar sobre essas descobertas é: quais danos o microplástico pode causar nos seres humanos?
O estudo da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda, encontrou nanopartículas de plásticos no sangue de 17 dos 22 doadores de sangue.
Estas partículas podem ter se infiltrado na corrente sanguínea por ingestão ou inalação.
Já o estudo feito pela Universidade de Hull, no Reino Unido, encontrou plástico em 11 dos 13 pacientes examinados. As partículas de plástico encontradas eram principalmente nanoplásticos, que são menores que um micrômetro.
Os fatores que contribuem para estas micro e nanopartículas pararem no corpo humano são vários, tais como:
Leia mais para se aprofundar:
A pesquisa científica antes estava preocupada em descobrir aonde o microplástico podia chegar, e rapidamente descobriu que poderia chegar em todo e qualquer lugar.
Agora o desafio é descobrir os danos que esse material pode causar à saude humana. Nenhum dos estudos que comprovaram a presença de micro e nanoplástico no organismo humano conseguiu avaliar os danos que essas substâncias podem causar.
Ainda não está claro se e como as partículas de plástico podem passar do sangue para outros órgãos, especialmente para o cérebro.
Não é fácil determinar os danos porque plásticos são feitos de uma combinação grande e complexa de produtos químicos usados para dar cor, flexibilidade, etc. Muitos dos aditivos usados são potencialmente preocupantes, não regulamentados ou não aprovados para serem usados em embalagens alimentares por exemplo, aponta Scott Coffin, pesquisador do Conselho de Controle de Recursos Hídricos do Estado da Califórnia para o National Geographic.
Classificar quais combinações químicas específicas podem ser mais ou menos danosas é muito difícil, bem como mensurar o nível e a duração da exposição que causam danos.
O tema é tão complicado que até a definição de dano é discutível. Claro que agora que o plástico foi encontrado em nosso sangue a preocupação aumentou, sendo o homem o rei da selva, mas se pensarmos em termos de ecosssistema é tudo uma coisa só, portanto os danos de um lado atingem ao outro lado, longe e distante.
Além dos humanos e do ambiente, os animais sofrem com os impactos causados pelo plástico. Atualmente, mais de 700 espécies são afetadas por esse resíduo e é bem provável que centenas de milhões de aves selvagens o tenham ingerido.
A exposição animal ao plástico começou a ser estudada quando começaram a aparecer os primeiros animais mortos sufocados ou por terem ingerido o material. Animais marinhos confundem plástico por comida por causa do cheiro. Mas e os danos causados pelo micro e pelo nanoplástico?
Estudos de laboratório, infelizmente feitos com peixes, descobriram que os plásticos podem causar danos aos sistemas reprodutivos e sobrecarregar o fígado. Outros estudos, no entanto, não conseguiram determinar os danos causados pela ingestão do plástico em aves (codornas).
Não é fácil determinar o impacto de comer micro e nanoplástico para os animais, mais difícil ainda para os humanos porque, ao contrário das cobaias, seres humanos não podem ser alimentados intencionalmente com uma dieta de plásticos para fins de pesquisa.
Até agora não houve estudos feitos em um grande grupo de pessoas sobre a exposição aos microplásticos e os impactos à saúde.
O jornalista Danilo Amoroso, neste vídeo do seu canal, dá mais detalhes sobre a pesquisa que detectou plástico no sangue humano. Confira:
Em uma estatística feita no ano passado, cientistas japoneses da Universidade Kyushu, no Japão, estimaram 24,4 trilhões de microplásticos nas camadas superficiais dos oceanos do mundo. Isso equivale a cerca de 30 bilhões de garrafas de água de meio litro.
Em 2020, foram fabricadas 367 milhões de toneladas de plásticos, quantidade que deve triplicar até 2050.
Com esses dados alarmantes, os cientistas seguem buscando avaliar com precisão os prejuízos que a inalação e a ingestão do plástico podem trazer à saúde.
Mas o melhor seria “não pagar para ver”.
Em 2012, cientistas pediram que as nações do mundo classificassem oficialmente o plástico como substância perigosa, mas o pedido não obteve sucesso.
Todos sabemos que o plástico está nos envenenando e, embora tenha sido proibido canudos e outros materiais descartáveis em muitos países, a praga continua circulando livremente por aí.
O plástico deve ser banido ao máximo possível antes que toda essa situação se agrave ao ponto de se tornar definitivamente irreversível, seja pelos danos à saúde humana, que à vida animal e ao meio ambiente.
Conheça mais sobre a necessidade urgente de reduzir o plástico em:
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Categorias: Saúde e bem-estar
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