Plástico pandêmico: 26 mil toneladas de lixo da Covid poluindo os oceanos do mundo


Já parou pra pensar o quanto de plástico foi descartado durante a pandemia do coronavírus?

O aumento da demanda do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) como luvas e máscaras pressionou o problema global do lixo plástico e já são mais de 26 mil toneladas de resíduos plásticos oriundos da pandemia da Covid-19 que poluem os oceanos do mundo.

Segundo um studo chinês publicado na revista PNAS chamado “Magnitude and impact of pandemic-associated plastic waste“, o lixo plástico mal administrado destes EPIs excedeu em muito a capacidade dos países processá-los adequadamente. Desde o início da pandemia, estima-se que 8,4 milhões de toneladas de lixo plástico foram geradas em 193 países.

De acordo com os autores da pesquisa:

“A pandemia de Covid-19 levou a um aumento da demanda por plásticos descartáveis ​​que intensifica a pressão sobre um problema global de resíduos de plástico já fora de controle.

Os plásticos liberados podem ser transportados por longas distâncias no oceano, encontrar animais selvagens marinhos e, potencialmente, causar ferimentos ou até mesmo a morte”.

Resíduos plásticos mal gerenciados

O estudo chinês descobriu que 46% dos resíduos plásticos mal gerenciados vieram da Ásia, devido ao alto nível de uso de máscaras por pessoas de lá, seguido pela Europa, 24%, e América do Norte e do Sul, 22%.

A pesquisa sugere que 87,4% do excesso de resíduos provém de hospitais e não de uso individual. O uso de EPIs por pessoas físicas contribuiu com apenas 7,6 % do total, enquanto embalagens e kits de teste representaram 4,7 % e 0,3 %, respectivamente.

Yiming Peng e Peipei Wu da Universidade de Nanjing, autores da pesquisa, afirmam que:

“A maior parte do plástico é de resíduos médicos gerados por hospitais, o que supera a contribuição de equipamentos de proteção individual e embalagens de compras online.

Isso representa um problema duradouro para o ambiente oceânico e se acumula principalmente nas praias e sedimentos costeiros“.

Os cientistas previram que, no final do século, quase todos os plásticos associados à pandemia acabarão no fundo do mar ou nas praias.

Lixo nos rios e oceanos

Outro estudo em março apresentou o primeiro caso de um peixe preso em uma luva médica, encontrado durante uma limpeza de canal em Leiden, na Holanda.

No Brasil, uma máscara protetora PFF-2 foi encontrada no estômago de um pinguim de Magalhães morto.

Mas, de onde está vindo tanto lixo?

As milhares de toneladas de máscaras, luvas, kits de teste e viseiras que vazaram para os oceanos desde o início da pandemia até agosto deste ano foram transportadas por 369 rios importantes.

73% da descarga de plásticos associados à pandemia no oceano é proveniente de rios asiáticos

Segundo o relatório, cerca de 73 % da descarga de plásticos foi de rios asiáticos seguidos por cursos de água europeus (11 %), com pequenas contribuições de outros continentes.

Os principais entre eles foram

  • o Shatt al-Arab no sudeste do Iraque, que transportou 5.200 toneladas de resíduos de EPI para o oceano;
  • o rio Indo, que nasce no oeste do Tibete, carregava 4.000 toneladas;
  • o rio Yangtze na China, 3.700 toneladas;
  • o Danúbio, na Europa, carregou a maior parte dos resíduos plásticos da pandemia para o oceano: 1.700 toneladas.

Para os autores, as descobertas destacam os pontos principais dos rios e bacias hidrográficas que requerem atenção especial na gestão de resíduos plásticos. Eles disseram:

“Encontramos um impacto duradouro da liberação de resíduos associados à pandemia no oceano global. No final deste século, o modelo sugere que quase todos os plásticos associados à pandemia acabam no fundo do mar (28,8 %) ou nas praias (70,5 %)”.

O estudo alerta sobre o problema existente de gerenciamento incorreto de resíduos plásticos e mostra que uma melhor gestão de resíduos médicos é necessária, por exemplo, principalmente em países em desenvolvimento.

Chega de lixo nos oceanos e praias!

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Lara Meneguelli


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