Ambientes Obesogênicos: as causas do sobrepeso e da obesidade


De acordo com dados, até 2030 seremos 1 bilhão de pessoas com obesidade no mundo.

Muito se fala da doença com o foco na pessoa que possui essa condição, mas é importante mudar a visão preconceituosa de que a obesidade é uma falha pessoal.

É preciso lembrar que a obesidade é uma doença crônica multifatorial. Isso significa dizer que existem diversas causas que podem provocar o surgimento ou agravamento da doença.

Essa visão tradicional reforça o estigma da obesidade e dificulta a compreensão de um contexto que é muito mais amplo.

Vamos entender melhor.

Ambientes Obesogênicos

Existem os chamados ambientes obesogênicos, que são aqueles ambientes promotores ou facilitadores de escolhas alimentares não saudáveis e de comportamentos sedentários.

Segundo Egger & Swinburn:

“O ambiente obesogênico é definido como o ambiente que oferece oportunidades e condições de vida que promovem a obesidade em indivíduos ou populações, ou seja, é o ambiente que dificulta as escolhas saudáveis e favorece o sedentarismo e hábitos alimentares inadequados”.

O modelo conceitual denominado Análise do Quadro Ambiental à Obesidade (ANGELO) foi desenvolvido para conceituar o ambiente obesogênico e identificar possíveis intervenções.

O quadro é dividido em classificações do ambiente em que a pessoa vive de acordo com as dimensões (microambiente e macroambiente) e de acordo com os tipos (ambiente físico, econômico, político e sociocultural).

Para os especialistas, os espaços onde o indivíduo tem acesso e vive que podem ser ambientes obesogênicos são:

DIMENSÕES

Microambientes:

  • domicílio;
  • locais de trabalho;
  • escolas;
  • supermercados.

Macroambientes:

  • tecnologias;
  • mídia;
  • sistema de transporte;
  • indústria de alimentos;
  • desenvolvimento urbano.

TIPOS

Ambiente físico:

  • restaurantes;
  • supermercados;
  • ciclovias;
  • iluminação pública;
  • inovações tecnológicas.

Ambiente econômico:

  • fatores financeiros;
  • custos com produção;
  • transporte de alimentos;
  • custos de automóveis e combustíveis;
  • renda familiar.

Ambiente político:

  • leis e políticas que afetam a oferta;
  • comportamento dos indivíduos e das organizações (ex: Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN, Programa Academia da Saúde).

Ambiente sociocultural:

  • crenças;
  • atitudes da sociedade relacionadas a alimentação e a atividade física.

Sobrepeso e Obesidade

O lugar em que vivemos pode ser um dos fatores relacionados ao sobrepeso e aumentar o risco para a obesidade.

Assim, podemos concluir que dentre as diversas causas do sobrepeso e da obesidade, encontra-se o ambiente obesogênico.

Estes ambientes dificultam a adoção e manutenção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de atividade física.

O ambiente obesogênico é um ambiente que influencia diretamente no nosso estilo de vida e nas nossas escolhas alimentares:

  • consumimos alimentos fake e industrializados ao invés de verduras, legumes e frutas;
  • temos uma dieta cheia de toxinas ambientais (poluição, agrotóxicos, metais tóxicos, produtos químicos) e sedentarismo;
  • isso tudo pode alterar a expressão de genes (ativação e silenciamento de genes) e levar ao sobrepeso ou obesidade.

O que fazer para mudar esse cenário?

Ações que podem ser realizadas para modificar o ambiente obesogênico:

  • impostos sobre bebidas açucaradas;
  • regulamentação na publicidade e marketing de alimentos não saudáveis para crianças;
  • aprimoramento da Rotulagem Nutricional para favorecer o acesso da população à informação;
  • reorganização dos serviços de saúde, que favoreçam uma abordagem mais integrada e intrassetorial da obesidade;
  • estímulo à cooperação e a articulação intersetorial;
  • alterações no Sistema Alimentar.

Reverter a condição de obesidade vai muito além da força de vontade de cada um.

Precisamos entender que obesidade é algo complexo, levando em consideração o indivíduo como um todo.

Assim como as causas são multifatoriais, as soluções também precisam ser.

É preciso tornar os contextos favoráveis ao acesso a uma alimentação saudável e à prática de atividade física com a adoção de estratégias e políticas que promovam conscientização.

Por AMBIENTES e CIDADES + saudáveis!

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Lara Meneguelli


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