Europeus se preparam para reabrir atividades mas OMS alerta para segunda onda do vírus


Muitos países vêm criticando duramente a atuação da OMS, sustentando que o órgão demorou a informar aos países membros sobre a real gravidade do vírus, demorou a declarar pandemia e poderia até ter auxiliado a China a “esconder” alguns fatos no início da propagação da doença.

A OMS informa que tem trabalhado com autoridades chinesas e especialistas globais, desde o dia em que foi informada sobre a hoje declarada pandemia, para aprender mais sobre o vírus, como ele afeta as pessoas que estão doentes, como elas podem ser tratadas e o que os países podem fazer para responder à essa doença.

No mundo, ao todo, sete coronavírus humanos (HCoVs) já foram identificados: HCoV-229E, HCoV-OC43, HCoV-NL63, HCoV-HKU1, SARS-COV (que causam síndrome respiratória aguda grave), MERS-COV (que causa síndrome respiratória do Oriente Médio) e o, mais recente, o novo coronavírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19.

A Organização Mundial de Saúde é o órgão internacional cujo objetivo é dar diretrizes sobre a saúde global, ajudando os governos no fortalecimento dos seus serviços essenciais e estimulando e financiando trabalhos, projetos, pesquisas e estudos para erradicar doenças, divulgando políticas públicas e transferindo tecnologia e difusão de conhecimento.

Duras previsões

Pressionada, principalmente pelo governo norte-americano, que inclusive anunciou a retirada de financiamento ao órgão, a OMS negou veemente as acusações e tomou duas importantes medidas: primeiro pediu para que a China a “convidasse” para participar das investigações e, segundo, passou a fazer previsões mais duras quanto às consequências do novo coronavírus.

No último dia 13, a OMS declarou que o SARS-CoV-2 pode nunca desaparecer e tornar-se endêmico, como o vírus da Aids (HIV) ou o Ebola.

Em entrevista online para a agência Reuters, Mike Ryan, especialista em emergências da OMS disse que

“É importante colocar isso em cima da mesa: esse vírus pode se tornar apenas mais um vírus endêmico em nossas comunidades, e esse vírus nunca desaparece”.

Segundo Ryan, embora os esforços sejam enormes vindos de vários países e entidades internacionais, não há como fazer nenhuma previsão de cura ou quando o vírus será controlado.

Mesmo diante dessas duras previsões, países de toda a Europa, EUA e países latino-americanos, inclusive o Brasil, já fazem planos para reabertura dos comércios e retorno de serviços, como escolas e academias.

Segunda onda

Um dia depois, em 14 de maio, a OMS fez nova previsão desastrosa sobre uma possível segunda “onda” do coronavírus e alertou aos países que o momento não é de comemoração, mas sim de preparação.

Hans Kluge, diretor da região europeia da Organização Mundial da Saúde, falou ao Telegraph que se preocupa com qualquer movimento dos países quanto ao relaxamento das medidas preventivas no combate à doença e que elas devem estar pautadas em resultados obtidos com os pacotes de controle adotados em cada lugar.

Além da verificação dos resultados, Kluge alertou que os países que estão optando pelo retorno gradual das atividades, devem estar preparados, principalmente o sistema de saúde, para uma possível nova “onda” de surto de circulação do SARS-CoV-2.

Não é difícil que a segunda onda ocorra, porque a exemplo de Whuan, que mesmo diante de todas as radicais medidas de segurança, isolamento e quarentena impostas, a cidade chinesa que ficou mais de 20 dias sem nenhum caso, voltou a testar positivo entre seus habitantes.

Outro alerta feito é quanto a ocorrência dessa segunda onda atingir mais exponencialmente países que nessa primeira fase não sofreram tanto com a pandemia ou conseguiram uma melhor contenção da infecção, como alguns países da Europa Oriental, por exemplo.

Ele finaliza citando Cingapura e Japão, que foram países que desde o início fizeram uma melhor preparação para a conter o surto, investindo principalmente no sistema de saúde pública, hospital e atenção primária à saúde e capacidade da UTI, o que irá garantir melhor atuação, em caso de retorno do surto.

A preocupação maior é justamente com a possibilidade de uma segunda onda da Covid-19 ou pior, da doença tornar-se endêmica e como o sistema de saúde vai lidar com isso.

Até porque, além do coronavírus, é preciso lidar com outras doenças e necessidades cirúrgicas de emergência ou não, e é imprescindível projetar como o sistema de saúde dos países estão se preparando para isso, o que eles estão fazendo para não deixar de atender a população nas outras doenças e patologias que não podem ser esquecidas, menosprezadas ou adiadas.

Há relatos, inclusive no Brasil, de cirurgias menos complexas e outros procedimentos de saúde que vem sendo adiados por causado da Covid-19 e esse é um fator importante, quando se lida com uma pandemia sem previsão de quando vai acabar definitivamente.

Após as pressões sobre a OMS, o órgão tenta responder colocando um peso grande sobre as possíveis consequências que o Sars-coV-2 ainda pode trazer, pedindo para participar da investigação na China sobre o vírus e questionando as políticas públicas utilizadas pelos países na prevenção e combate à pandemia e, principalmente, como e, se esses países, adotaram as medidas e orientações divulgadas pelo órgão na tentativa de conter o surto.

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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