Ashoka: o imperador da causa animal e do respeito à natureza


Para quem pensa que a preocupação com a crueldade animal e o desmatamento é uma exclusividade de nosso tempo, engana-se. Conheça a história do imperador Ashoka.

2.300 anos, o imperador indiano Ashoka, o Grande, que viveu de 304 a.C – 232 a.C. arrependido da violência e do alto número de mortes resultantes de seus ataques bélicos e conquistas militares, resolveu se converter ao budismo, mudando radicalmente sua conduta e se tornando um governante compassivo e pacífico, estabelecendo de forma pioneira políticas de bem-estar social e de valorização da vida humana e animal.

A herança moral de Ashoka continua tão viva, que o emblema que aparece na bandeira, nos documentos oficiais e no dinheiro da Índia têm ligação com esse imperador, e está relacionado a um dos pilares construídos em seu governo representado por leões, que é um dos símbolos do budismo.

Saiba mais sobre a história desse imperador, com as informações a seguir.

Quem foi Ashoka?

Ashoka foi o 3º governante da dinastia Maurya, cuja capital ficava na antiga cidade de Pataliputra, hoje no estado de Bihar, no Norte da Índia.

O império que ele governava abrangia além de boa parte da Índia atual, os territórios onde hoje estão o Paquistão, o Afeganistão e Bangladesh.

Antes da conversão ao budismo, Ashoka era um governante feroz, ganancioso e sanguinário.

Conversão de Ashoka ao Budismo

O que levou Ashoka a mudar de um extremo a outro foi a tragédia provocada por ele, após a Batalha da Água, em Kalinga, em que morreram milhares de pessoas e o rio Daya ficou vermelho de sangue.

Além disso, Ashoka testemunhou um monge budista atendendo a cada soldado ferido de ambos os lados envolvidos nesta guerra.

O monge budista ao ver Ashoka lhe perguntou:

Se isso é vitória, o que é derrota?

Nesse momento, Ashoka tomou um choque de realidade e comovido com a dor e sofrimento das vítimas, sentiu-se muito mal com a destruição que havia causado e o sangue derramado.

Tudo isso levou Ashoka a repensar toda violência e sofrimento que tinha gerado com as guerras de dominação.

Depois disso, ele decidiu mudar, passando a seguir o caminho de Buda.

A partir daí, Ashoka marcou a história como um governante benevolente, criativo e que se preocupava em interagir com o seu povo.

Os Pilares e Éditos de Ashoka

O que tornou Ashoka um governante diferenciado foi o fato de ele governar por meio da ética e moralidade,  transmitindo os preceitos a serem seguidos através de inscrições em gigantes pilares de pedra, espalhados pelo império com a finalidade de que a nação tomasse conhecimento.

Esses pilares ficaram conhecidos como Éditos de Ashoka, e continham regras de boa conduta, respeito e convivência pacífica. Por isso, esse imperador se notabilizou por difundir compaixão, não-violência e tolerância.

Em um de seus Éditos, Ashoka comunicava: Que estava devotado em perseguir o caminho correto budista (Dharma) e em instruir o povo nessa direção.

Graças ao governo de Ashoka, o budismo acabou se espalhando por toda a Ásia.

Os Éditos da Ashoka sobre os Direitos dos Animais

Dentre os Éditos de Ashoka, haviam regras de proteção animal que se tornaram as primeiras leis de direitos dos animais da Índia.

Esses decretos demonstravam a preocupação de Ashoka com os animais.

Os Éditos de Ashoka relacionados com os direitos dos animais combatiam:

  • a caça de animais
  • o abate dos animais para servirem de alimento
  • atos violentos com os animais
  • o sacrifício de animais, de qualquer espécie

No governo de  Ashoka, todos animais eram sujeitos de direitos, protegidos em seus éditos: formigas, papagaios, gansos,  porcos, esquilos, patos, peixes, tartarugas, veados, pombos, touros, cavalos, burros  e outros.

Os Éditos de Ashoka que protegiam a natureza

O rei Ashoka com seus éditos impediu a queima e o desmatamento de florestas e a destruição do habitat dos animais.

Além disso, esse governante também montou bebedouros e poços, juntamente com centros de descanso e bem-estar, tanto para humanos, quanto para animais.

Ademais, eram cultivadas ervas medicinais para tratar humanos e animais e beneficiar a saúde de todas as espécies.

Ashoka: protetor da fauna e flora

Com os Éditos da Ashoka, toda a Índia foi palco de mudanças positivas relacionadas com a proteção à fauna e à flora.  Por isso, esse imperador é considerado o primeiro governante na história do país a defender medidas para a proteção e conservação da vida animal e da natureza.

Governante que difundia a compaixão

Os Éditos da Ashoka estabeleciam que a maior compaixão seria não ferir a vida e se abster de matar os seres vivos.

Para difundir a compaixão, Ashoka enviou missionários a fim de espalhar a mensagem de não-violência de Buda a todos os seres humanos que viviam em seu império

A vida de Ashoka narrada e ilustrada

Nos dois vídeos abaixo, do canal Cogito, é narrada e ilustrada a história de Ashoka.

O primeiro vídeo conta a fase agressiva e conquistadora de Ashoka; e o segundo vídeo, o período da conversão deste imperador, que o levou a se tornar um governante da paz.

Observação: para ver as legendas em português, clique no botão de configuração na barra inferior e ative a tradução automática.

Primeira parte-Imperador da Guerra

Segunda parte-Imperador da Paz

Ashoka exemplo de tolerância e ética

Além de defender a causa da vida animal e da natureza, Ashoka foi um exemplo de tolerância, pois em seu império todas as religiões podiam coexistir, mesmo ele sendo budista e incentivando seu povo a seguir o budismo.

Seu governo respeitava a diversidade religiosa, por isso havia seguidores de outras religiões como: o jainismo, o bramanismo e o zoroastrismo,

Morte e herança moral e cultural de Ashoka

Ashoka, o Grande, governou como um rei justo e misericordioso desde sua epifania (despertar) em 265 a.C. até sua morte aos 72 anos, em 232 a.C.

Após sua morte, o Império Maurya continuou a existir por 50 anos e depois entrou em decadência.

Os princípios de Ashoka permanecem em nossa história. Exemplo disso, é que estão sendo compartilhados neste conteúdo para que as pessoas saibam que é possível mudar e passar a cultivar valores de paz, respeito e fraternidade em relação a todos os seres.

Para mais conteúdos sobre pessoas marcantes de nossa história, leia:

Nietzsche e a VONTADE DE POTÊNCIA: a Capacidade de Fazer Acontecer!

Aprenda a elevar sua autoestima com o filósofo Michel de Montaigne  

2 de outubro: aniversário de Mahatma Gandhi e Dia Internacional da Não-Violência

Histórias de heróis verdes que podem salvar o mundo

Greta Thunberg 1 ano atrás sozinha, hoje apoiada por milhões! A foto que mostra como uma pessoa pode fazer a diferença

Líder índigena Raoni consegue apoio da França para proteger a Amazônia

Brasileiro Marcelo Geiser ganha o Prêmio Templeton, o Nobel da Religião e Espiritualidade

Quem foi Luc Montagnier, prêmio Nobel da Medicina crítico da vacina mRNA

Paulo Freire não é só um nome, é um dos métodos de aprendizagem mais conhecidos no mundo




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...