Pato-mandarim: símbolo de amor fiel e outras curiosidades


O pato-mandarim (Aix galericulata) é uma ave que parece uma obra-prima da natureza, tamanha sua exuberância marcada por suas penas multicoloridas e aparência majestosa.

Conheça esta ave incomum e exótica, e se apaixone por ela!

Origem do nome

Seu nome cientifico (dado por Carl Linnaeus em 1758) é de origem grega, onde Aix está para pássaro mergulhador, e galericulata está para “touca”, uma referência à plumagem colorida da cabeça do macho. Portanto, seu nome, em tradução livre, é ave mergulhadora de touca.

Áreas de predominância

Apesar de ser uma espécie nativa do leste asiático, conseguiu estabelecer populações selvagens em toda a Europa Ocidental.

Suas áreas de reprodução nativa são o leste da Sibéria, Japão, China e partes da Coreia do Norte.

Em 1730, devido à comercialização do pato-mandarim como animal exótico, a espécie foi introduzida no Reino Unido e posteriormente em outros países europeus e da América do Norte.

Nesse contexto, foram se formando novas populações dessa espécie em outras regiões do mundo.

População ameaçada pela perda de habitat

Essa espécie existe em maior quantidade no leste asiático, porém, a população de pato-mandarim sofreu redução por conta da destruição de seu habitat.

Apesar dessa redução, a ave não é classificada como ameaçada de extinção pela International Union for Conservation of Nature-IUCN.

Atualmente existem cerca de 65.000 indivíduos no mundo.

Habitat

A espécie habita florestas temperadas próximas a áreas de rios, córregos, pântanos e lagos de água doce.

Características físicas

O pato-mandarim possui as seguintes características:

  • parte branca acima dos olhos
  • face avermelhada
  • peito roxo com partes brancas
  • laterais do corpo de cor vermelha
  • parte traseira laranja
  • grandes “barbatanas” alaranjadas no dorso
  • bochechas alaranjadas

Diferenças entre macho e fêmea

O pato-mandarim macho é extremamente fácil de identificar. Considerada uma das aves mais bonitas que existe, possui penas coloridas em tons de laranja, verde, branco, azul e preto.

Já as patas-mandarim fêmeas são cinzentas, mas têm uma ponta pálida no bico e uma listra atrás dos olhos.

As diferenças entre o macho e a fêmea dessa espécie, basicamente são:

  • a fêmea é mais cinzenta, tem crista e anel ocular menores
  • o macho adulto pode pesar até 0,63 kg, já a fêmea é maior e pode atingir 1,08 kg
  • o macho é bem mais colorido que a fêmea, exceto na época que ocorre a troca das penas
  • o bico do macho é vermelho e na fêmea é rosado
  • a crista do macho é bem mais roxa que a da fêmea

Alimentação

A dieta alimentar do pato-mandarim é onívora, ou seja, ele come vegetais e também alimentos de origem animal.

Na estação fria, ele se alimenta mais de plantas e grãos.

Na primavera, ele come insetos, caracóis, peixes e plantas aquáticas.

Nos meses quentes ele se alimenta de pequenos peixes, sapos, moluscos e pequenas cobras.

Reprodução

Na Europa, durante o outono, o macho se preparada para o acasalamento e dá o melhor de si, fica todo colorido, com a cabeça verde-e-cobre, peito púrpura, papo cor de ferrugem, asas cor-de-laranja. Durante a corte, no inverno, o macho se alisa, se sacode e exibe suas penas para atrair a fêmea de tons menos vistosos.

Em abril ou maio, o ato conjugal se realiza, a fêmea escolhe o ninho em cima de uma árvore e põe de 9 a 12 ovos, que serão incubados por 1 mês.

O macho fica nas proximidades durante este mês de incubação e assim que os ovos eclodem, as fêmeas ocupam-se das crias, enquanto os machos protegem a família. Nesse período, acontece a “plumagem de eclipse”, as penas coloridas caem e a aparência monocromática do macho acaba sendo uma boa camuflagem para a defesa de possíveis predadores.

Assim como os flamingos e os cisnes negros, o pato-mandarim é monogâmico, ou seja, quando chega o período de acasalamento, o macho cruza e fica com uma fêmea apenas.

Provavelmente são monogâmicos por pelo menos vários anos, embora a bigamia e a poligamia também possam ocorrer.

Nascimento dos filhotes

Quando os ovos eclodem, o filhotes saltam para o chão atrás de sua mãe e seguem acompanhados e protegidos também pelo pai.

Após 40 ou 45 dias, eles passam a voar e ficam independentes

Tempo de vida

O pato-mandarim atinge a maturidade sexual com 1 ano de idade.

Seu tempo de vida é de 6 a 7 anos.

Curiosidades

©Paul Bisseker/Pexels

©Paul Bisseker/Pexels

Um mandarim no Central Park

Em 2018, um pato-mandarim apareceu misteriosamente na lagoa do Central Park, cidade de Nova York, nadando ao lado de patos nativos. O fato chamou a atenção de muitas pessoas que faziam fila para tirar fotos dessa ave.

O surpreendente é que ninguém sabe ao certo de onde veio este pato-mandarim, pois não pertencia a nenhum zoológico da região.

Teria sido um pato de estimação que escapou ou que foi abandonado por seu dono?

Patos empoleirados

Esses patos possuem garras que lhes permitem de empoleirar, ou seja, pousar em galhos. Este estudo observou patinhos-mandarim de apenas 2 dias de idade conseguindo saltar 45 cm da água para um galho. Outras características anatômicas, como o tamanho das coxas e dos músculos das pernas, estão relacionadas a essa habilidade dos patos-mandarim.

Rituais de acasalamento

Para conquistar a fêmea os patos-mandarim são exuberantes como se possa imaginar pela cor de sua plumagem. Os machos fingem-se os bambambãs do pedaço, balançam seus corpos pra lá e pra cá e emitem um som peculiar.

Sobreviventes porque não são gostosos

Por incrível que pareça, acredita-se que um dos fatores que permitiu que os patos-mandarim sobrevivessem no leste da Ásia foi o seu sabor considerado ruim, dada a sua alimentação mista. Se tivessem caído no gosto do povo, talvez esses patos vivessem apenas em avícolas.

Animal de estimação

Infelizmente, ainda que o pato-mandarim tenha uma carne de gosto ruim, nem assim ele conseguiu se livrar das mãos do homem, pois tem gente que faz dele um animal de estimação. Aliás, na Holanda, eles são “de longe o pato mais popular mantido em coleções particulares“. Mas ainda bem que nem em todos os países é permitido ter essa espécie como animal de estimação.

Imagens de pato-mandarim

Veja neste vídeo do canal happytrails323, um pato-mandarim ao lado de patos de outras espécies em um lago próximo às montanhas de Santa Monica, na Califórnia:

Este outro vídeo do canal Animais da Fazenda mostra o pato-mandarim vocalizando:

https://www.youtube.com/watch?v=Y2tJBCCp4sQ&t=13s

Símbolo do amor fiel e simbologia no Feng Shui

Acredita-se que a primeira referência aos patos-mandarim venha da época de Confúcio, onde eles foram citados em uma música.

Eles também são significativos no budismo, onde há referências à sua compaixão e, mais significativamente, à sua lealdade conjugal.

Várias lendas no Japão referem-se a um pato-mandarim macho e fêmea se separando e usando meios sobrenaturais (como se transformar em humanos) para se unirem de novo.

Para a cultura chinesa, o pato-mandarim  é símbolo de carinho, fidelidade conjugal e laços duradouros pois, após o acasalamento, o macho e a fêmea seguem juntos.

Esta ave é tão apreciada e reverenciada por esta cultura, que aparece em quadros, joias, objetos de arte, lençóis, decorações e enfeites de casamentos.

Inclusive, praticantes de Feng Shui recomendam usar pares de estatuetas do pato-mandarim como forma de fortalecer a vibração do amor e a intenção de fidelidade.

Os chineses acreditam que dar de presente objetos que representem o pato-mandarim seja uma forma de abençoar os casais, para que tenham uma vida cheia de amor e felicidade conjugal.

Outra tradição é de dar esse tipo de presente para o solteiro, como voto para que encontre o amor de sua vida.

Os praticantes aconselham colocar as estatuetas de forma que elas fiquem voltadas uma para a outra ou na mesma direção. Nunca separadas e, se um deles quebrar, o par inteiro deve ser substituído.

Lendas de amor com o pato-mandarim

Na cultura asiática, existe uma lenda, que conta que um homem pensou em se divorciar de sua esposa e, pouco antes de comunicar isso à ela, ele foi dar uma volta e viu um casal de patos-mandarim, o que fez ele lembrar dos momentos felizes que viveu com sua esposa.

Esse fato fez com que ele mudasse de ideia e desistisse de se divorciar.

Essa lenda explica porque o pato-mandarim é considerado um amuleto do amor.

Outra lenda conta que um jardineiro chamado Yuan, salvou Ying, a filha de seu rico patrão, de se afogar em um lago.

O patrão interpretou mal a atitude do jovem Yuan e mandou prendê-lo.

A jovem Ying foi visitar Yuan e lhe deu uma túnica colorida.

O pai da jovem soube e jogou Yuan no lago.

Ying em reação ao ato do pai se jogou no lago para se juntar a Yuan.

Tempos depois, apareceu nesse lago um lindo casal de pato-mandarim.

O vínculo afetivo no mundo animal

O pato-mandarim é a prova de que animais criam vínculos entre si pois, se por algum motivo ele ficar longe de sua parceira, ele pode se ressentir e até morrer.

Pelo visto, além de belo, o pato-mandarim é um ser muito afetuoso!

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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