Demônio-da-tasmânia: tudo sobre esse animal curioso que está em risco de extinção


Demônio-da-tasmânia ou diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii) é um mamífero marsupial nativo da Ilha da Tasmânia, Austrália, de comportamento e hábitos curiosos, e de natureza bem distinta. Conheça tudo sobre essa fofura de bicho.

Recentemente, o nascimento de demoninhos da tasmânia fez surgir a esperança de aumentar a população desta espécie que está ameaçada de extinção.

Demônios-da-tasmânia nascem na Austrália depois de 3.000 anos

Conheça a seguir as características, os hábitos, comportamentos, curiosidades e ameaças que esta espécie vem enfrentando para sobreviver, e o que vem sendo feito para sua conservação.

Características

A carinha do demônio-da-tasmânia é parecida com a de um urso, mas sua cauda, seu tamanho e peso, se assemelham aos de um cachorro de porte médio.

Pertencente à família dos Dasyuridae, este animal é um mamífero marsupial peculiar pois sua família é um constituída por um pequeno grupo inclui cerca de 65 espécies distribuídas por 15 géneros.

Esse animal pode alcançar até 80 cm e pesar 12 kg, podendo variar de acordo com a oferta alimentar existente em seu habitat.

Seus pelos são pretos e curtos, porém tem uma faixa branca na região do pescoço.

Sua cabeça é relativamente maior que o seu corpo, seu nariz é afilado e suas orelhas são arredondadas.

Os membros traseiros tendem a ser menores que os dianteiros.

Ele não tem o primeiro dedo do pé  (“dedão”), apresentando 4 dedos. Entretanto, nas mãos esse animal tem 5 dedos.

O diabo-da-tasmânia é o maior carnívoro marsupial da atualidade.

Seu nome científico vem do grego sarx = carne + philos = amigo; e harrisii, é um homenagem a George Harris, explorador e naturalista da Tasmânia.

Habitat

Como já dito, o demônio-da-tasmânia é um animal endêmico da Tasmânia, uma ilha localizada na Oceania, pertencente ao território australiano.

Seu habitat preferido são os bosques costeiros e as florestas. Entretanto, pode ser encontrado também em áreas urbanas.

Há registros de que este animal tenha vivido há 3 mil anos na parte continental da Austrália, porém sua espécie não existe mais nesta região.

Os fatores que fizeram esta espécie deixar de existir nessa área geográfica foram:

  • mudança climática – em decorrência da intensificação da Oscilação Sul-El Niño
  • falta de alimentos – o que desencadeou a competição por alimentos, dessa espécie com os dingos 
  • interferência em seu habitat – pela expansão dos aborígenes neste território

Comportamento

Alguns aspectos marcam o comportamento do demônio-da-tasmânia, tais como:

Comportamento solitário e hábito noturno

O demônio-da-tasmânia  tem comportamento solitário e hábito noturno, mas pode ser visto em bando quando disputa a carcaça de algum animal morto, ou quando descansa e toma banho de sol.

Disputa pelo alimento

Uma das marcas registradas do demônio-da-tasmânia é seu temperamento “bravinho” (agressivo), principalmente no que diz respeito à comida, pois o alimento é motivo de briga entre os animais dessa espécie. E quando isto acontece, é rosnada para todo lado.

Locomoção em busca de alimento

Em busca de alimento, ele é capaz de empreender uma longa jornada, percorrendo por exemplo até mais de 10 km.

Abrigos em Tocas

Ele aprecia se abrigar em toca e muda sua “moradia” de cada 1 a 3 dias, percorrendo uma distância que pode variar de 3,2 km a 8,6 km de uma toca a outra. A mudança de toca ocorre sempre à noite.

Alimentação

A alimentação do demônio-da-tasmânia é basicamente carnívora. Ele se alimenta de diferentes animais de pequeno porte como cobras, coelhos e outros animais mortos que encontra pelo caminho. Também de alimenta de larvas de insetos e de ovos de pássaros.

O demônio-da-tasmânia é um tanto comilão. Em média, ele come cerca de 15% do seu peso corporal por dia, e se tiver mais oferta de alimentos, é capaz de ingerir mais de 40%.

Em casos de escassez extrema de alimentos, ele come até a terra.

Acasalamento

O diabo-da-tasmânia se reproduz 1 vez ao ano entre os meses de fevereiro e junho.

Na época reprodutiva, os machos disputam as fêmeas que acabam escolhendo e se acasalando com aquele que é dominante.

Reprodução

A gestação varia entre 14 a 22 dias, da qual pode nascer de 2 a 4 filhotes.

O desenvolvimento  dos filhotes ocorre no interior do marsúpio (bolsa abdominal externa parecida com a do canguru).

Aos 105 dias, os filhotes deixam pela primeira vez o marsúpio.

Após este período, eles são transferidos para um ninho ou buraco feito pela fêmea, forrado por gravetos e folhas, ou para tocas de vombates vazias.

A mamãe leva os filhotes para onde  for, carregando-os nas costas e os amamenta até os 8 meses de idade.

Após o fim do período da amamentação, os filhotes começam a consumir outros animais.

Os filhotes do demônio-da-tasmânia são vulneráveis à ação de predadores como gato-tigre (Dasyurus maculatus), cães, águia (Aquila audax fleayi) e coruja (Tyto novahollandiae).

Fonte fotos: Aussie Ark/Facebook

Curiosidades

Existem algumas curiosidades sobre o demônio-da-tasmânia, tais como:

  • O nome ” demônio-da-tasmânia” tem relação com sua vocalização comparados a um “diabo gritando“.
  • Diferentes de outras espécies, os machos são menores que as fêmeas.
  • Ele sabe escalar árvores.
  • Por ser um marsupial, pertencem ao grupo (interclasse) dos coalas, gambás e cangurus.
  • O demônio-da-tasmânia se alimenta de animais mortos, o que contribui para desempenhar uma função ecológica no ecossistema, eliminando as carcaças do ambiente e evitando assim a proliferação de moscas-varejeiras e outros parasitas.
  • Numerosos documentários e livros para crianças têm como protagonista esse animal. Mas, o personagem mais famoso é o Taz, criado em meados da década de 1950 pelos estúdios Warner Bros, para fazer parte dos desenhos Looney Tunes.
  • O personagem Taz apareceu nesses desenhos entre 1954 e 1964, depois, só voltou a aparecer na década de 1990 estrelando o desenho Taz-Mania.
  • O demônio-da-tasmânia por ser tão antigo, emblemático e diferenciado, é considerado símbolo nacional da Tasmânia. Para se ter uma ideia, até em cédulas de dinheiro este animal figura por lá.

Risco de extinção

A redução da população de demônios-da-tasmânia teve início com a ação dos colonizadores europeus, que matavam esse animal porque o consideravam uma ameaça à criação dos seus rebanhos.

Por ao menos 3 vezes ao longo dos últimos 150 anos, nas décadas de 1850, 1900 e 1940, foram registradas baixas densidades populacionais dessa espécie.

As causas dessa baixa populacional têm sido:

  • a perda de seu habitat devido ao progresso e à urbanização
  • atropelamentos
  • caça ilegal
  • competição com a raposa-vermelha, uma espécie que foi introduzida na região

Outro fator da diminuição da população de demônios-da-tasmânia, é uma terrível doença tumoral facial que surgiu no final da década de 90 e vem acometendo indivíduos dessa espécie, e já reduziu a sua população total em mais de 70%.

Câncer em animais devido à poluição causada pelo homem

Em maio de 2009, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) declarou esta espécie como em perigo de extinção.

Medidas para sua preservação

A partir da declaração do perigo de extinção dos demônios-da-tasmânia, para evitar que a doença continue se espalhando e dizimando o que resta dessa população, programas de manejo vêm sendo conduzidos pelo governo da Tasmânia para reduzir o impacto dessa neoplasia.

Uma das iniciativas para alcançar este objetivo, foi formar um grupo de diabos-da-tasmânia saudáveis, criados em cativeiro e isolados do contágio dessa doença.

Além disso, outras medidas vêm sendo tomadas para preservar essa espécie, como:

  • monitoramento
  • controle populacional
  • criação desses animais em santuários e áreas de proteção

E ainda há muito mais a se fazer, pois é preciso intensificar estas medidas e implementar ações e leis ambientais mais efetivas para a conservação dos habitats desses animais.

Momento relax de um grupo de demônios-da-tasmânia

Veja o grupo repousando e tomando sol, neste vídeo do canal vídeo Mostly Nature.

Muita fofura!

Oxalá que mais medidas de proteção sejam realizadas em prol da vida dessa espécie tão antiga, que ao longo do tempo vem enfrentando tantas adversidades, principalmente pela interferência do ser humano em seu habitat.

Conheça outras espécies que estão em risco de extinção em:

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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