FrankenChicken: o frango que cresce 400% mais rápido do que na década de 1950


Você já ouviu falar em FrankenChicken? A palavra que é um mix de Frankenstein com chicken dá a ideia da artificialidade da carne de frango que se come hoje em dia. Fique sabendo!

Atualmente, a carne de frango é a mais consumida pelo homem. Em todo o mundo, mais de 70% das aves são criadas em sistemas intensivos para a produção da carne de frango, sendo que boa parte dessa produção se concentra no Reino Unido, Europa, Estados Unidos e China, e também cresce vertiginosamente nos países em desenvolvimento.

Somente no Reino Unido, mais de um bilhão dessas aves são criadas para a produção de carne a cada ano.

Para dar conta de tamanha demanda de produção e consumo, os produtores têm investido em métodos antinaturais, a fim de fazer com que as galinhas produzam mais ovos, e os pintinhos se desenvolvam, engordem e se tornem frangos o mais rápido possível.

Tudo isso ocorre em detrimento do bem-estar animal.

Atualmente, os frangos criados neste tipo de produção artificial são conhecidos como FrankenChickens, nome associado à história de Frankenstein, criatura criada por um humano, de forma artificial em laboratório.

De onde vem esse nome

Em agosto de 2021, a Open Cages, uma instituição de caridade criada para se opor ao sofrimento e à exploração de animais de criação, utilizou o termo FrankenChinckens para divulgar imagens de frangos de rápido crescimento, deformados e morrendo em quatro granjas de produção intensiva.

Outras entidades de proteção animal, como a Humane League e a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals, também passaram a usar o termo como forma de oposição a esse método de reprodução de frangos.

Um ciclo vida abreviado em 42 dias

Você sabia que esse tipo de frango produzido em escala industrial é programado para nascer, crescer e morrer em 42 dias?

O frango que as pessoas consomem hoje é bem diferente do frango criado para consumo na década de 1950.

A diferença é que os frangos crescem 400% mais rápido hoje, do que 65 anos atrás.

Fonte da ilustração: Food Integrity

Você deve estar se perguntando, como se deu essa mudança?

A principal causa que leva a esse crescimento acelerado é a seleção genética, quando os produtores selecionam as aves que apresentam maior tamanho, mais desenvolvimento muscular e eficiência alimentar.

Por conta da seleção artificial promovida pelo homem, a maioria dos frangos de granja se tornou ideal para atender a demanda de produção e consumo: galinhas que botam mais ovos, frangos que crescem mais rápido.

Esse tipo de reprodução converte o frango de corte em um produto de consumo barato, ignorando que o ser em questão é uma vida, e não uma mercadoria.

Essa velocidade de desenvolvimento e produtividade, além de baratear a carne do frango, estimula cada vez mais a sua produção e consumo.

Para se ter uma ideia, segundo estatísticas do IBGE, só no Brasil, foram abatidas quase seis bilhões de aves no ano de 2020.

Nosso país é hoje um dos grandes consumidores de frango e um dos maiores exportadores. Só no ano de 2020, foram exportadas quatro milhões de toneladas de carne de frango.

Condições precárias

Na indústria do FrankenChicken, as aves criadas para o abate são forçadas a comer muito para engordar rápido, a fim de produzir muita carne macia.

Para estimular os pintinhos e frangos a comerem mais, mantêm-se as luzes dos galpões acesas quase o tempo todo, com a finalidade de induzir as aves a ficarem acordadas e sentirem mais fome.

Geralmente, os galpões de frangos de corte são ambientes artificiais e inóspitos, sem luz natural e superlotados.

Nestes locais, as aves mal conseguem se mover ou esticar as asas. Elas vivem sobre os seus próprios excrementos até que sejam removidas do galpão para o abate.

O ar tende a ficar altamente poluído por conta da amônia da urina dos animais. Por esse motivo, algumas aves desenvolvem problemas nos olhos ou no sistema respiratório, ou ainda desenvolvem queimaduras dolorosas nas pernas, no peito e nos pés.

As aves confinadas nesses galpões se estressam e sofrem para se adaptar ao calor, à superlotação e à sujeira, o que pode desencadear a morte súbita de muitos desses animais. Só no Reino Unido, por exemplo, milhões de galinhas morrem de ataques cardíacos a cada ano

Devido ao excesso de peso, os frangos passam a maior parte do tempo deitados porque suas pernas não são fortes o bastante para suportarem seus pesos.

O rápido crescimento dessas aves também sobrecarrega o coração e os pulmões delas. Por isso, sofrem de fadiga e não têm muita energia.

O ciclo antinatural

Em condições normais, as galinhas podem viver por seis anos ou mais. Mas para a produção industrial, esse processo é encurtado. A indústria do FrankenChicken induz os pintinhos a alcançarem o peso desejado em apenas 5-6 semanas de vida.

Para ter um parâmetro do que é essa aberração, imagine uma criança de 5 anos pesando 150 kg,

O abuso contra a natureza é tão grande, que além destas aves não conseguirem suportar o excesso de peso, elas podem simplesmente entrar em colapso, perder a capacidade de andar ou cair mortas.

Suas articulações e membros são prejudicados, e elas tendem a desenvolver claudicação grave,  quebrar as pernas e até sofrer ataques cardíacos.

Essa interferência antinatural é tão sofrida para essas aves, que milhões delas morrem todos os anos antes mesmo de chegarem ao matadouro.

Ação judicial contra essa aberração

Além de cruel, esse tipo de criação também é arbitrário e deveria ser considerado ilegal, de acordo com a equipe jurídica da The Humane League. Por isso, esta instituição de proteção animal está solicitando uma revisão judicial ao Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (Defra).

A ONG busca levar essa situação ao âmbito jurídico, utilizando como argumento esses 3 principais fatores:

  1. Em primeiro lugar, a prática viola a lei que estabelece que os animais criados para a agricultura não podem ser selecionados com base em seus genes, se houver prejuízo para sua saúde ou bem-estar deles.
  2. Em segundo lugar, não existe um sistema de monitoramento suficiente para detectar as violações da lei.
  3. E, finalmente, a falta de sistemas de monitoramento adequados, incentiva mais ainda a produção desenfreada de raças de crescimento rápido, ao passo que restringe as possibilidades àqueles que criam frangos de forma orgânica e natural.

Em suma, não é mais possível manter este tipo de produção hoje em dia, pois é juridicamente ilegal e injusto, dado que inescrupuloso, ganancioso e antiético.

Imagens da criação de FrankenChickens

Atenção: as imagens a seguir são de intensa crueldade animal e podem provocar abalo emocional.

Este vídeo do canal RNZ (Radio New Zealand) mostra galinhas de crescimento rápido com pernas abertas, incapazes de ficar de pé ou alcançar alimentos:

A Compassion in World Farming mostra neste vídeo as condições de galinhas, frangos e perus criados para crescer tão rápido que seus ossos, corações e pulmões muitas vezes não conseguem acompanhar esse desenvolvimento antinatural:

O que os consumidores podem fazer?

O consumidor tem o poder de evitar todo este tipo de produção arbitrária e cruel. Para isso, basta parar de consumir produtos gerados com o sofrimento animal.

Existe um conceito chamado carnívoro por dissociação, ou seja, as pessoas se recusam a ligar a carne à vida. É como se a consciência delas lhes dissesse que aquela carne não era uma ave, um frango, uma vaca, um bezerro.

A carne de frango é uma das mais consumidas porque barata, versátil e porque dizem que é saudável (carne branca). Tudo isso é balela inventada para vender o produto.

Vamos combinar: existem muitas outras opções. Ninguém precisa comer frango.

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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