Manual de dicas básicas para manter plantas em casa


A gente ganha um vaso lindo, com uma planta florida, ou com uma folhagem vistosa. Aí a gente fica com vontade de plantar umas sementinhas no quintal, fazer uma jardineira florida na janela do quarto ou povoar a varanda de um monte de vasos pendurados. É tanta ideia bonita que se vê pela internet, não é? Dá vontade de ter todas em casa mas…

Nem sempre dá certo. É frustrante e é verdade, nem sempre dá certo mesmo. E eu também passo por essa frustração apesar de ser agrônoma, imagine só! Mesmo com toda a técnica, algumas vezes a planta morre, ou não se adapta e morre, ou adoece, sabe-se lá porquê, e morre.

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Tem aquela coisa do “dedo verde”, minha avó paterna tinha: pegava qualquer galhinho, de qualquer coisa, fincava na terra e de lá nascia uma planta bonita. Bom, claro que ela, minha avó Liu, conhecia plantas de montão, tinha nascido no campo, e passava seus dias de velhinha de lá para cá, no jardim, ajeitando uma coisa, conversando com uma árvores, cortando uma folha seca, regando uma planta que estava precisando.

HORTAS PRODUTIVAS EM PEQUENOS ESPAÇOS

Então resolvi fazer esse manual de dicas básicas para que você, que deve ser como eu, uma simples mortal, tenha um ponto de apoio para suas experiências de cultivo em casa. E, de quebra, você pode dar uma olhada na aba Como Plantar da nossa revista on line- lá tem uma boa quantidade de artigos que ensinam macetes sobre os cultivos de grande variedade de plantas que se podem ter em casa.

HORTA ORGÂNICA EM 10 PASSOS

1. Espaço

O primeiro passo é você conhecer o terreno que tem seja ele um quintal inteiro ou só uma varanda ou beira de janela. Precisa observar de que lado vem o sol da manhã, quantas horas de sol bate nesse seu terreno, se tem um lado em que o vento é mais forte, ou onde se acumula mais umidade, enfim, você entendeu. São esses os fatores que vão determinar que tipo de plantas gostarão de morar nesse seu terreno, sabe?

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2. Tipo de planta

Cada planta tem suas preferências de luz, quantidade de água por dia, tipo de terra, mais vento ou menos ventania, umidade do ar que sufoca ou calorão que abrasa e até, você nem imagina, as plantas têm preferências quanto às outras plantas que estão ao seu lado no vaso, no canteiro ou na jardineira. Depois que você conhecer bem o seu terreno poderá escolher as plantas mais adequadas para os locais onde quer plantar.

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3. Sinais de problemas

Aprenda a conhecer também quais os sinais que as plantas nos dão sobre como está a sua saúde ou se são supridas as suas necessidades básicas – a cor das folhas, as manchas que aparecem, aquele engruvinhado que está tomando conta daquela planta ali pode ser vírus, folhas queimadas com certeza é falta de algum nutriente, a planta está toda murcha – cuidado, pode ser falta de água mas também pode ser uma doença das raízes.

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4. Terra

Aprenda a preparar e manter uma boa terra: toda boa terra tem uma porcentagem de matéria orgânica que é de onde vão sair os nutrientes para as plantas e uma parte de areia lavada para melhorar a estrutura e a respiração mas, você precisa saber que nem toda planta gosta do mesmo tipo de terra. Tem planta que adora um areião, outras gostam mais de uma terra argilosa, mais pesada. Só planta de brejo é que gosta de encharcamento e, planta de praia precisa mesmo de um pouco de sal. Aprenda a técnica de apertar na mão a terra – se fizer um bolo bonito, firme e de boa cor esta será uma terra com matéria orgânica suficiente e bem equilibrada quanto à sua estrutura interna mas, se o bolo não se mantêm, se desfaz então você pode ter certeza de que é uma terra fraca, mais areia que outra coisa. Pois, mas os cactos e as suculentas gostam dessa terra arenosa, viu?

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5. Mudas

Quando você compra uma muda, em geral ela vem em um torrão de terra de barranco (saibro), que é uma terra barata, de estrutura ruim e pobre. Então, esse saibro não vai servir para você manter sua planta muito bem – replante a muda em um vaso maior, com o dobro do tamanho, pelo menos e preencha o restante do espaço com uma terra de boa qualidade, bem adubada. Até a muda se adaptar ao novo “estilo de vida” observe-a diariamente, teste a umidade da terra afundando o dedo nela (a terra boa deve ser possível de se afundar o dedo, sem grande esforço – senão, de certeza estará compactada, com pouca água, ou sem estrutura).

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6. Vasos e canteiros

Todo vaso, jardineira ou canteiro têm de ter uma boa drenagem – como já disse acima, só planta de brejo é que gosta de ficar em encharcamento – e para isso você tem, sempre, que colocar no fundo dos vasos, das covas de plantio ou das jardineiras, uma quantidade de pedrisco e areia grossa. E claro, todo vaso tem que ter furo para saída do excedente da água de rega ou chuva. Algumas plantas vão preferir vasos de barro, que respiram melhor e refrescam as raízes e outras vão preferir vasos de plástico que mantém a umidade mais concentrada e um calorzinho extra mas, toda planta sempre vai preferir vasos com um volume de terra que lhes permita ter os nutrientes suficientes à disposição. Porém saiba que, o tamanho do vaso vai definir também o porte que a sua planta vai alcançar – mais espaço para as raízes também significam mais folhagens e mais flores.

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7. Nutrição

Plantas em vasos precisam de mais nutrientes do que as que estão no jardim e isso é porque as raízes das plantas de vasos não têm como buscar alimento mais longe do que o espaço confinado onde moram. Mas, nem toda planta precisa dos mesmos nutrientes, nem toda planta gosta do mesmo tipo de acidez na terra (o pH, lembra?), nem toda planta precisa de um excedente de calcário que alcalinize a terra dela, nem toda planta precisa de uma carga de nitrogênio, ou de fósforo, ou de potássio, o famoso N-P-K das formulações típicas dos fertilizantes que se encontram nas lojas (em grânulos, pó ou líquido) mas, toda planta vai gostar de ter a sua terra adubada com adubos orgânicos como esterco ou composto bem curtido, adubo líquido orgânico, pó de casca de ovo, torta de mamona, cinza de madeira, húmus de minhoca. Só que tem hora certa para jogar o adubo na terra, viu? O melhor é você preparar a terra de plantio com algum tempo – misturar os adubos orgânicos e deixar repousar (30 dias é o prazo bom de repouso).

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8. Regar sim, demais não!

E não se deve regar na hora do sol à pino pois, quando a temperatura está muito alta as plantas fecham seus estômatos para reduzirem a evapotranspiração e a perda de umidade interna e assim resistirem melhor ao calor – elas se preparam bem então, não é essa a hora de jogar água. Nesse horário, se as folhas ficarem molhadas, com gotinhas de água, o sol vai fazer queimaduras nas folhas, flores e frutos – as gotas de água funcionam como lente de aumento, você sabe. O melhor é você regar suas plantas, no tempo quente, logo cedinho de manhã ou ao final da tarde. Mas, lembre-se que tem planta que não suporta água nas folhas, que só quer água nas raízes, então a rega tem que ser diferenciada. E, saiba que é o excesso de água e não sua falta a maior causa de morte das plantas domésticas de vaso – isso acontece por causa das raízes, enoveladas dentro do vaso, que ficam sufocadas de tanta água e umidade e apodrecem.

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9. Doenças

Planta fraca é mais suscetível de pegar doença de planta, as viroses, bacterioses e fungos. Claro que você pode tomar algumas medidas de controle biológico de pragas como seja, plantar plantas que tenham ação inseticida, fungicida ou repelente no mesmo canteiro, no vaso ao lado ou até, em consórcio, ou seja, juntas no mesmo vaso. Cebolinha, arruda, crisântemo, alecrim, pimentas, hortelã, são plantas desse tipo mas, existem muitas mais. Porém, uma planta que está muito fraca, ou muito atacada por algum bichinho, vírus ou bactéria, terá de ser exterminada totalmente e sua terra também, para evitar que se torne um foco de contaminações para as outras plantas que você tenha em casa.

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poda de arvores

10. Podas

São poucas as plantas que não requerem podas de limpeza (cortar folhas, galhos, flores e frutos que estejam secos ou doentes) o que deve ser feito ao final das estações ou mesmo, uma poda mais radical, para rejuvenescer os ramos, que é feita no tempo mais frio e na lua nova ou minguante (que é quando a seiva da planta está nas raízes). Mas, se sua planta estiver doente, tenha ela o tamanho que tiver, corte sem dó as partes ruins e não deixe nenhum restinho delas por perto (o ideal é queimar as partes todas que estiverem contaminadas ou, jogar no lixo).

bandeja de germinação

11. Sementeira

Se você gosta mesmo de plantar então eu te recomendo que tenha uma bandeja para sementeira (chama-se “bandeja de germinação”), ou uma coleção de copinhos de plástico descartável, ou um montão de rolos de papel higiênico vazios. Estes são os melhores recipientes para se semear, de forma controlada, as sementes que você quer ver germinar e formar mudas. Na sementeira você deverá usar, sempre, uma terra leve, orgânica e misturada a 50% com húmus de minhoca – 10% de areia sempre é bom para manter a estrutura da terra bem areada. Durante a germinação de sementes é sempre aconselhável você tampar a bandeja, copinhos ou o que for, com uma tampa plástica, para evitar as perdas de água por evaporação direta.

bandejas

Com essas 11 dicas básicas, acredito que você poderá começar a ter mais sucesso nesse hobby-trabalho de plantar, recuperar plantas que se encontram jogadas por aí, semear e criar mudas de tudo que aparece, que é o que fazemos todos os que gostamos de planta. É a nossa plantoterapia universal, não é?

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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