Fábricas de filhotes: cruzamento forçado, excesso de reprodução e sofrimento animal


Ao ver um filhote fofinho no pet shop, em exposição para venda, desperta aquela vontade de tê-lo não é mesmo? Porém, o que se ignora e nem se cogita é que por trás dessa fofura pode ter existido atrocidade, abuso e exploração relacionada à “fábrica de filhotes”.

Para quem ainda desconhece a crueldade das fábrica de filhotes, este conteúdo traz informações e esclarecimentos para que mais pessoas saibam dessa realidade, e parem de compactuar com o sofrimento imputado aos animais submetidos ao excesso de reprodução.

O que é fábrica de filhotes?

Fábrica de filhotes (overbreeding em inglês) são locais de reprodução comercial de animais, principalmente cães de raça.

Em geral, esses locais funcionam em criadouros de fundo de quintal, de forma clandestina e irregular, ou seja, de maneira irresponsável e antiética.

Nestes locais não há cuidados necessários com os animais reprodutores e nem com os filhotes, pois o lucro está acima de tudo.

Em tais instalações, podem ocorrer arbitrariedades danosas como:

  • Confinamento extremo em gaiolas
  • Falta de cuidados veterinários
  • Ausência de controle de parasitas
  • Condições anti-higiênicas
  • Superlotação
  • Falta de socialização dos animais
  • Proliferação de doenças
  • Venda indiscriminada dos filhotes pela Internet, anúncios de jornais, mercados ou Pet-Shops, sem posse responsável.

As terríveis condições das fábricas de filhotes

Os protetores de animais conhecem a realidade perversa das fábricas de filhotes porque resgatam e socorrem muitos animais de locais clandestinos de reprodução, principalmente cães. Como exemplo, temos o caso da protetora Luisa Mell, que em várias situações participou  do resgate de milhares de animais que sofriam maus-tratos nessas instalações.

Um desses resgates foi mostrado neste vídeo divulgado pelo canal Diário do Grande ABC, em fevereiro de 2022, revelando imagens da Guarda Civil Metropolitana flagrando delitos em um canil clandestino, em Rio Grande da Serra.

No local havia 32 cães, 10 gatos e cinco galinhas, além de dois animais mortos.

Atenção vídeo com CENAS DE IMPACTO EMOCIONAL:

Confinamento e falta de socialização

Para se ter uma ideia das atrocidades causadas aos animais explorados para reprodução, não existe nenhuma pausa para as fêmeas, porque elas são submetidas a cruzar e engravidar durante praticamente todos os períodos de cios.

Os animais usados para reprodução, tanto fêmeas quanto machos, são confinados em canis, ficando isolados de qualquer socialização com humanos e ainda sem cuidados veterinários com a saúde.

Superpopulação em pouco espaço

Em geral, essas fábricas de filhotes podem ter uma quantidade absurda de animais, visando lucros.

As péssimas condições destes locais reprodutores podem levar os animais a terem desvios comportamentais, e os que nascem, apresentarem problemas genéticos devido ao cruzamento sem critério do padrão de raças.

Outro grave problema são as ninhadas numerosas em pouco espaço, o que provoca problemas de higiene e favorece a proliferação de vírus, bactérias e parasitas.

O sofrimento das fêmeas parideiras

A fêmea usada como matriz, não tendo descanso nem intervalo entre as reproduções, pode ser gravemente afetada por desnutrição, hipocalcemia (baixos níveis de cálcio), infecções uterinas e mastite (inflamação nas mamas por acúmulo de leite).

Prejuízos para os filhotes

Os prejuízos causados aos filhotes gerados nestas fábricas podem ser as reações neurológicas e os desvios comportamentais por não terem tido contato com a mãe e nem socialização com outros de sua espécie, ou com humanos.

O recomendado é que um filhote fique com a mãe até 70 dias após o nascimento, mas os criadores das fábricas de filhotes negligenciam esse cuidado para produzir e vender mais.

No que concerne à saúde do filhote, por exemplo, os cães reproduzidos em criadouros de fundo de quintal, costumam ser acometidos por displasia de quadril, doença em que o cão não consegue mover corretamente o quadril, o que com o tempo pode levar à paralisia nas patas traseiras.

Como é o cruzamento nas fábricas de filhotes

Para forçar a reprodução, os donos das fábricas de filhotes, prendem a fêmea em um suporte com correias apertando seu corpo para que ela aceite (mesmo não querendo) que o macho cruze com ela.

Um funcionário fica pressionando para que a cópula aconteça e, quando a fêmea fica arredia (não quer copular com um macho), ela é forçada a isso com repressão física.

Com o término do acasalamento, o casal é separado e a fêmea passa toda a gestação confinada em um espaço fechado sem qualquer socialização.

Depois do parto, no próximo cio, ela passará por todas essas etapas torturantes!

Saiba mais sobre outras atrocidades nestes locais, acessando a Agência de Notícias de Direitos dos Animais – ANDA, que se empenha em divulgar as desastrosas consequências das fábricas de filhotes.

Acesse-> AQUI.

A cumplicidade dos pet shops

Muitos pet shops acabam fomentando as fábricas de filhotes, já que os filhotes que comercializam são obtido destes locais irregulares.

Uma barbaridade que pode ocorrer nestes pet shops é quando oferecem uma garantia de que, se o animal tiver algum problema, ele pode ser devolvido e, em caso de devolução o animal, este pode acabar sendo sacrificado (eutanasiado).

Problemas de saúde provenientes da superprodução

Se uma determinada raça é excessivamente reproduzida (overbreeding), aumentam as chances de se amplificar certos problemas de saúde típicos dela. Exemplos:

  • Doenças oculares ou  auditivas
  • Distúrbios nas articulações, como displasia da anca
  • Transtornos respiratórios, como no caso de raças de focinho achatado (Buldogue francês e Pug)

Comércio de filhotes e o abandono animal

Além dos prejuízos já mencionados, tem outro relacionado com aqueles que compram filhotes, como se fossem um brinquedo. Depois, quando percebem que o animal precisa de cuidados e é necessário ter despesas, acabam que o abandonam. Com isso, o pet passa a ser mais um animal de rua.

Animal não é mercadoria

Para acabar com toda essa engrenagem perversa, é necessário parar de fomentar o comércio de animais. Por isso, em vez de comprar, ADOTE!

A melhor forma de ter um pet é adotar ou resgatar o animal em situação de abandono, porque ele precisa de lar e viver com dignidade.

Se for adotar, tenha em mente que um animal precisa de uma nutrição adequada, espaço para se movimentar, acompanhamento veterinário, desparasitação, higiene, atenção e companhia.

Afinal, pet não é coisa, é um ser senciente como nós!

Fontes:

Para mais conteúdos sobre Proteção Animal, leia também:

As dificuldades em socorrer um animal abandonado. O que o governo precisa fazer para facilitar essa ação 

Crueldade animal em matadouros: Como os animais morrem?

Brasil desce de posição no ranking da proteção animal. O que fazer para mudar isso

Dia Internacional do Animal Abandonado: As vantagens de adotar um animal de rua

Escola espanhola inclui Proteção Animal como disciplina no currículo escolar

10/12: Dia Internacional dos Direitos Animais. Abaixo o especismo




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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