Coronavírus pode não ser tão bom para o meio ambiente como muitos pensam


Nos meios de comunicação e nas redes sociais do mundo todo correram notícias sobre como as medidas de contenção do novo vírus, com o lockdown de bilhões de pessoas, afetaram positivamente o meio ambiente.

A  diminuição da circulação de pessoas e veículos – bem como a diminuição da produção de bens e serviços, o fechamento de fábricas, indústrias, etc – fez com que diminuíssem as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

A qualidade do ar nas grandes cidades melhorou, da China à Itália, inclusive em São Paulo… até o pico do Himalaia pôde ser visto após quase três décadas por habitantes do norte da Índia como efeito de uma menor poluição do ar.

Entretanto, parece que existe um outro lado da moeda.

A BBC News listou 5 razões que fazem com que a pandemia do coronavírus não sejam assim tão positivas para o clima ou para o meio ambiente. E nós acrescentamos algumas mais.

O primeiro aspecto a ser levado em conta é que as mudanças que estão sendo percebidas agora são pontuais e, a longo prazo, não afetariam os problemas climáticos que assolam o planeta.

Vejam bem:

O aumento do lixo

O segundo ponto é que, embora as indústrias estejam produzindo menos poluentes, o lixo doméstico aumentou. Em muitos países, incluindo o Brasil, sabemos que não existe um descarte correto para os diferentes tipos de resíduos. Sem falar no lixo hospitalar, que aumentou enormemente para atender os pacientes com Covid-19. Em Wuhan, cidade de onde irradiou a epidemia para a China e o mundo, por exemplo, a quantidade de lixo cresceu quatro vezes.

Maior gasto energético

O terceiro fator é que o gasto com energia elétrica e gás aumentou muito. É verdade que há o contrapeso dos negócios que estão provisoriamente interrompidos, mas, do ponto de vista econômico, para os pequenos clientes a conta no fim do mês subiu bastante.

PMs filtram raios solares

O quarto e contraditório aspecto é que as partículas de poluição (o material particulado – PM na sigla em inglês) funcionam como um escudo dos raios ultravioletas. Diminuí-las é ajudar o planeta a ficar mais quente.

Poluição das águas

Um fator que não foi levado em conta pela matéria da BBC mas que merece uma nota é o maior gasto com detergente, sabão e desinfetantes, visto que as pessoas estão lavando mais roupa, louça e até embalagens, algo que, normalmente, não faziam. Grande parte da roupa que está sendo lavada por receio de que esteja infectada, na verdade, está limpa, isto é, sem suor ou mau cheiro. Quem poderia imaginar que um dia na vida lavaria uma embalagem de pão, de guardanapo ou de sabonete? O uso de produtos químicos aumentou e eles estão escorrendo pelo ralo, ou seja, indo para os rios, mares e oceanos.

Desmatamento

Também tem no Brasil o aviso dos especialistas para o fato de que garimpeiros e madeireiros, além de não fazerem home office, se aproveitam da situação de retirada de campo dos agentes do Ibama (por perigo de contágio) para “trabalharem” em todo tipo de especulação de terra.

Não percamos o foco

E, finalmente, a discussão sobre o aquecimento global perdeu fôlego ante a pandemia. Se é verdade que, por um lado, vislumbra-se aqui e ali uma notícia boa sobre o meio ambiente, é preciso que não percamos esse foco e que o tema siga na pauta dos compromissos assumidos pelos governos de todo o mundo.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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