Veja a crueldade por trás dos cremes de baba de caracol


Você sabia que várias marcas cosméticas estão usando baba de caracol em seus produtos para pele? São cremes que prometem milagres de rejuvenescimento e que custam caro. Mas você não imagina a crueldade em que os caracóis são submetidos, para que esses cosméticos sejam produzidos.

O ingrediente extraído dessa baba, a mucina, vem discriminado no rótulo da embalagem com o nome de glicoconjugados helix aspersa muller ou baba de caracol.

A baba, que é o muco ou a secreção do caracol, vem sendo usada há décadas pela indústria cosmética, cada vez mais se expandindo devido à vaidade dos consumidores e à ganância dos produtores. Existem criadouros com milhares de caracóis em cativeiro, explorados e manipulados para extração desse muco.

Saiba mais sobre este tipo de produção, a crueldade envolvida e os métodos de extração da baba de caracol.

A história do uso da baba de caracol em cosméticos

A mucina contém glicoproteínas que são empregadas para a composição dos cosméticos para a pele, como uma forma de hidratação facial.

As empresas de cosméticos costumam utilizar a mucina de espécies de caracol como:

Uma das primeiras produtoras de cosméticos a utilizar a mucina do caracol, foi a Elicina, uma marca chilena de cuidados com a pele.

O que levou a Elicina a usar a secreção de caracol em seus produtos foi o argumento de que os criadores locais de caracóis ficavam com as mãos mais macias ao manusear estes bichos.

A Coreia do Sul, considerada em um relatório da Deloitte de 2017 como a “líder global em inovação em cuidados com a pele”, aderiu à tendência logo depois da marca chilena.

A partir de 2011, outras marcas de cosméticos sul-coreanas foram surgindo e exportando produtos à base de mucina de caracol para países como os EUA.

Na Itália, onde existem mais de 4.000 fazendas de caracóis, entre agosto de 2017 e maio de 2018, ocorreu um aumento de 46% na produção de baba de caracol devido à demanda da indústria de cosméticos.

Já os criadores de caracóis marroquinos exportaram 85% das 10 toneladas de caracóis criados anualmente para atender a demanda das empresas de cosméticos e, com a expansão desse mercado, os marroquinos planejam aumentar a produção.

Com a demanda de consumo destes produtos, o mercado cresceu e hoje existem uma grande diversidade de marcas que produzem produtos para pele feitos com baba de caracol.

Como ficam os caracóis nesta história?

Como acontece em todas indústrias que usam os animais como mercadorias, existe confinamento, exploração, sofrimento, adulteração da natureza e até morte de caracóis.

Pela óptica da compaixão para com estes seres da natureza, percebe-se que toda essa produtividade representa lucros para criadores e empresários, e satisfação da vaidade humana em detrimento da liberdade, bem-estar e equilíbrio da vida animal.

A crueldade na extração da baba de caracol

Em tempos passados, a extração da baba de caracol envolvia muita crueldade, que ainda existe, porém em menor escala.

Com o surgimento e desenvolvimento de novos métodos, existem empresas que dizem não haver crueldade na extração dessa matéria-prima.

No entanto, não é bem assim, pois são usadas substâncias químicas, os caracóis são colocados em ambientes artificiais e passam por situações estressantes.

Ademais, centenas ou até milhares de caracóis são amontoados e estimulados a produzir o muco que em situação normal não o fariam. Com isso, existe a possibilidade deles não conseguirem se regenerarem diante de tanta manipulação, e até não sobreviverem a tanta interferência mecânica e tecnológica.

Tipos de métodos de extração de muco de caracol

Para entender melhor como pode ser extraído o muco ou baba de caracol, conheça os tipos de métodos dessa extração:

Métodos com sal, vinagre ou amônia

Os métodos mais antigos e tradicionais de coleta da mucina de caracol eram muito cruéis, porque ainda não se dispunha da tecnologia e investimentos que produtores e indústrias dispõem atualmente.

Um desses métodos cruéis consistia em criar e confinar os caracóis em caixas ou cercá-los em áreas com cercas elétricas para evitar que fugissem.

Para se extrair a mucina, mergulhavam-se estes moluscos em bacias com água e um desses produtos químicos:

  • cloreto de sódio (sal)
  • ácido acético (vinagre)
  • amônia
  • ou ainda outros produtos químicos

O uso dessas substâncias além de agredirem, queimarem a pele do caracol, eram fatais para ele.

Tal método de extração agressivo e retrógrado ainda é praticado por criadores que não sabem, ou não têm recursos, para outras formas mais avançadas de extração.

Este vídeo do canal Fitocêutico, publicado anos atrás, mostra um dos métodos mais antigos utilizados para extração da baba de caracol para servir como base na produção de creme antirrugas produzido por uma empresa chilena:

Método com malha fina

Como o passar do tempo surgiram outros métodos.

Segundo informações do The Klog, esse é o método empregado pela indústria de cosméticos Cosrx: a mucina é extraída colocando os caracóis sobre uma malha em uma sala escura e silenciosa.

Os caracóis são deixados sozinhos por cerca de 30 minutos, para vagar pela rede e acabam deixando a mucina em seus rastros.

Método com nebulização de ozônio

Outro método industrial consiste em retirar os caracóis dos criadouros e aglomerá-los em uma máquina tubular, tapá-los e submetê-los a uma nebulização à base de ozônio e mais um extrato compostos por substâncias bioquímicas visando estimular os caracóis a soltarem o muco.

Fonte foto – Donatella Veroni

Veja neste vídeo do canal Servizietubo como é a extração da baba de caracol através de tecnologia criada e patenteada por Donatella Veroni Cosmetics & Pharmaceuticals:

Existe ética e respeito para com estes animais?

Por mais que os produtores possam dizer que seus métodos são mais amigáveis, alguns até afirmam ser cruelty-free, a produção continua sendo invasiva e agressiva, porque não é o ambiente natural desses animais. Os caracóis são forçados a expelir o muco, o que não parece ser algo agradável para eles.

O avanço tecnológico e maiores investimentos permitiram a modernização dos métodos que ficaram mais refinados, porém, a manipulação e a interferência artificial no ciclo de vida destes animais ainda persiste, e esta é a triste realidade.

É só olhar as imagens do vídeo abaixo (se tiver estômago), que mostram um extrator de baba de caracol para ver que a tecnologia não alivia em nada o abuso e a indiferença para com os caracóis:

O slogan do método amigável

Atualmente, diversas empresas querem passar a ideia de que este tipo de produção moderna é mais amigável e até cruelty-free com os caracóis, assim, elas passam a imagem de empresa ética e por consequência vendem mais seus produtos.

Mas para os olhos mais sensíveis e atentos, fica claro que os caracóis são tratados como objetos para se extrair deles uma matéria-prima tão almejada, sem nenhuma preocupação com o sentimento deles.

Alternativas  vegetais para a baba de caracol

Com base em todos os aspectos apontados anteriormente, e sabendo que existem alternativas vegetais para o rejuvenescimento da pele, fica o questionamento: para que utilizar, manipular e interferir na natureza destes seres?

Procure por marcas veganas de cosméticos. Pesquise aqui no banco de dados da PETA para saber quais empresas são de fato, livres de crueldade animal.

Cuidado com o greenwashing.

Óleos vegetais com propriedades hidratantes

Estes são alguns óleos vegetais com propriedades hidratantes e rejuvenescedoras para a pele:

Afinal, a baba de caracol funciona?

Se há quem defenda veementemente que a baba de caracol faça bem à pele, por suas propriedades hidratantes e rejuvenescedoras, outros dizem o contrário, ou são bem céticos com relação a isso.

Como por exemplo disse ao The Cut o cirurgião plástico Joel Studin:

Do ponto de vista de marketing, os ingredientes parecem atraentes; no entanto, não há bons estudos que mostrem que realmente funciona para o anti-envelhecimento.”

Outro exemplo vem de Taylor Knapp, o agricultor de Long Island, que questionou sobre eficácia da baba de caracol ao The Outline:

“Colocamos as mãos em milhares de caracóis por semana. Minha esposa e eu não notamos mãos mais macias, infelizmente.”

Deixem os animais em paz!

Com tantos animais sendo explorados, o ser humano inventa mais razões para subjugar outras espécies a fim de movimentar um mercado de produção milionário.

Afinal, são produtos caros e que prometem promover uma pele bonita e mais jovem, algo que é muito desejado pelo ser humano. E  assim, os produtores e as indústrias ficam mais ricas e poderosas.

Mas quem contribui para esse ciclo se perpetuar são os consumidores desses produtos.

Se não quiser ser conivente com essa realidade onde impera o artificialismo e o abuso contra a natureza, consuma ou produza cosméticos sustentáveis, veganos e isentos de exploração animal.

Conheça uma lista ideias de produtos cosméticos caseiros e  sustentáveis, clicando nos links abaixo:

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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