Os alimentos de hoje não nutrem como os de antigamente 


Com tudo contaminado por plástico, pesticida e toda sorte de poluentes químicos, a pergunta que nos fazemos é: será que os alimentos de hoje são menos nutritivos que os de outrora?

O que dizem os estudos

Um prato colorido, cheio de grãos, vegetais e legumes é o símbolo de uma alimentação saudável, almejada por muitos, mas praticada por poucos.

De todo modo, embora esses alimentos realmente sejam muito melhores para a saúde, eles podem não estar mais tão nutritivos como antigamente. Antes que digam que isso pode ser uma percepção nostálgica e pouco baseada na realidade, existem diversos estudos que mostram que os alimentos naturais estão menos nutritivos hoje do que há algumas décadas.

Um dos principais estudos sobre o tema foi publicado nos Estados Unidos, no Journal of the American College of Nutrition (edição de 2004). Usando dados publicados entre 1950 e 1999, pesquisadores da Universidade do Texas notaram mudanças em 13 nutrientes de 43 culturas diferentes.

Esses alimentos tinham menos proteínas, cálcio e fósforo, ferro e vitamina C.

A revista Foods publicou, na edição de 2022, uma pesquisa que mostrou queda de ferro em certos vegetais cultivados na Austrália, como milho doce, batata de casca vermelha, couve-flor, ervilha verde e grão de bico, que variavam entre 30 e 50%.

Os grãos também vêm sofrendo declínio, de acordo com especialistas. Segundo estudo publicado na Scientific Reports (edição de 2020) o teor de proteína no trigo diminuiu 23% de 1955 a 2016, e houve ainda redução de manganês, ferro, zinco e magnésio.

A culpa é de quem?

Uma das principais causas desse declínio de nutrientes é a forma como a agricultura moderna é feita. Com o objetivo de aumentar a produção, os agricultores acabam empobrecendo o solo.

A irrigação do solo, fertilização e colheita, do modo como são feitas pelas grandes indústrias agropecuárias, interrompem a cadeia de interação entre plantas e fungos do solo, que agem como extensões das raízes das plantas, reduzindo a absorção dos nutrientes provenientes da terra.

Os alimentos que mais sofrem com isso são os relacionados às culturas de alto rendimento, como trigo, milho, arroz, batata, banana e inhame.

Há também a questão das mudanças climáticas e dos níveis crescentes de dióxido de carbono, que estão diminuindo os nutrientes dos alimentos naturais.

Um estudo publicado na Science Advances (edição de 2018) mostrou que as concentrações de proteína, ferro, zinco e várias vitaminas diminuíram em 18 tipos de arroz, após exposição a níveis mais altos de dióxido de carbono.

Em uma outra pesquisa, publicada em 2017 na Environmental Health Perspectives, cientistas conseguiram estimar uma perda no teor de proteína de batatas, arroz, trigo e cevada, entre 6 e 14%, causadas pelas altas concentrações de dióxido de carbono na atmosfera.

As consequências do empobrecimento nutricional dos alimentos

O grande problema dessa queda nos nutrientes em alimentos naturais é que isso deixa as pessoas vulneráveis para se proteger de doenças crônicas, já que o corpo está com menos componentes necessários para montar tais defesas.

Além disso, muitas pessoas, especialmente as mais vulneráveis economicamente, podem sofrer com a falta de nutrientes necessários para uma boa saúde.

Por último, essa baixa nutricional dos alimentos contribui para alterações no sabor deles.

Menos nutritivos e menos saborosos: variar é preciso

Os pesquisadores alertam que não estão, com isso, incentivando as pessoas a pararem de comer vegetais, legumes, frutas e grãos, mas sim para ficarem de olho na cadeia de produção deles e selecionar uma grande variedade de itens para montar um prato.

Isso vai evitar que esse declínio de nutrientes afete a saúde, pois os nutrientes serão tirados de vários tipos de alimentos diferentes.

Uma outra forma de evitar esse problema, segundo os estudiosos, é melhorar o solo com a agricultura regenerativa.

Um estudo da PeerJ: Life & Environment, publicado em janeiro de 2022, mostrou que as práticas agrícolas regenerativas melhoram os níveis de matéria orgânica no solo, a saúde do solo e certas vitaminas, minerais e fitoquímicos.

Então, a máxima de que você é o que você come continua valendo, mas agora é bom ficar de olho se o que tem no prato é realmente tão nutritivo como você pensa ser.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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