Microplásticos podem invadir o cérebro em apenas 2 horas


Plástico e microplástico estão em todo lugar do planeta, inclusive nos lugares mais remotos. Ao se decompor, o plástico vira micro e nanoplástico que pode adentrar o corpo humano através da água do mar (peixes, crustáceos e sal marinho), dos alimentos (através da água e do solo contaminado), do ar (respirando todo tipo de plástico têxtil, pneumático, etc). O fato é que estamos comendo, bebendo e respirando plástico que já foi encontrado nas fezes, nos pulmões de pessoas vivas e até no sangue. Mas o pesadelo ainda não acabou…

Agora, a “boa” da vez é que o plástico poderia invadir nosso cérebro em apenas 2 horas.

O estudo

Microplásticos podem atravessar a barreira hematoencefálica e invadir o cérebro após serem ingeridos, pelo menos foi isso o que aconteceu em camundongos, de acordo com os resultados de um novo estudo recém-publicado na revista científica Nanomaterials por uma equipe internacional de pesquisadores.

A análise, infelizmente realizada nestes animais, segue um número crescente de estudos que vêm percorrendo o caminho do plástico no ambiente e em nosso corpo.

O tipo de plástico usado na nova pesquisa foi o poliestireno (isopor). A substância foi encontrada em partículas minúsculas no cérebro de camundongos, em apenas duas horas após a ingestão.

“A barreira hematoencefálica (BHE) é uma importante barreira biológica que protege o cérebro de substâncias nocivas. Em nossa pesquisa, realizamos estudos de absorção de curto prazo em camundongos com micro/nanopartículas de poliestireno administradas oralmente (9,55 µm, 1,14 µm, 0,293 µm). Mostramos que partículas de tamanho nanométrico – mas não partículas maiores – atingem o cérebro em apenas 2 horas após exposição”, lê-se no estudo.

Para entender o mecanismo de transporte e “com a ajuda de modelos de computador, descobrimos que uma certa estrutura de superfície (coroa biomolecular) que envolve as partículas de plástico é crucial para a passagem pela barreira hematoencefálica”, disse Oldamur Hollóczki, do Departamento de Química Física da Universidade de Debrecen e coautor do estudo.

Também descobrimos que as moléculas de colesterol que se acumulam na superfície das partículas de plástico aumentam a absorção desses contaminantes na membrana da barreira hematoencefálica, enquanto as partículas com uma coroa de proteína a inibem. Esses efeitos opostos poderiam explicar o transporte passivo das partículas para o cérebro”.

Embora realizado em camundongos, a pesquisa aponta a necessidade urgente de estudar o impacto do plástico sobre a saúde humana. Estamos apenas começando a entender que o plástico pode chegar nos lugares mais remotos e impensáveis da Terra, bem como em nosso corpo. Se ele já foi visto no sangue, por que não poderia estar no cérebro?

E quais seriam os efeitos disso?

“No cérebro, as partículas de plástico podem aumentar o risco de inflamação, distúrbios neurológicos ou mesmo doenças neurodegenerativas, como Alzheimer ou Parkinson”, disse Lukas Kenner, do Departamento de Patologia da Universidade de Viena e coautor correspondente do estudo.

Ouvimos o tempo todo falar de mudança climática, mas o problema do plástico é pra ontem, estamos intoxicados até o cérebro. Com certeza!

O estudo Micro- and Nanoplastics Breach the Blood–Brain Barrier (BBB): Biomolecular Corona’s Role Revealed foi publicado na revista Nanomaterials.

Fontes:

  1. Fanpage
  2. Nanomaterials

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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