A maioria dos plásticos simplesmente não pode ser reciclada


Novo relatório do Greenpeace é curto e grosso: a maioria dos plásticos simplesmente não é ou não pode ser reciclada. O maior problema ambiental da Terra não é o aquecimento global, e sim, a poluição por plástico, um material que estamos comendo, bebendo e respirando.

Estamos em um beco sem saída! A poluição por plástico só aumenta enquanto sua reciclagem diminui. Papel, papelão, vidro e metais são todos reciclados em altas taxas, mas o plástico continua sendo lixo.

O problema? É complexo mas simples: a grande maioria dos plásticos não é reciclada. Uma parte deles nem é reciclável, outros são compostos mistos de difícil reciclagem. Junte a isso o fato de o  material ser de composição secular.

Talvez os governos não tenham se dado conta do tamanho do problema, ou simplemente não lhes interessa resolvê-lo.

Mas a reciclagem nem é a solução, porque requer energia e é sempre um processo que gera CO2. A questão seria reduzir o uso do plástico ao máximo possível (na conservação de alimentos, ambientes hospitalares e em outras poucas exceções).

Crise do plástico cada vez pior

Um relatório do Greenpeace USA divulgado essa semana, constata que os lares dos EUA geraram cerca de 51 milhões de toneladas de resíduos plásticos em 2021, dos quais apenas 2,4 milhões de toneladas foram reciclados.

A maioria dos plásticos simplesmente não pode ser reciclada e nenhum tipo de embalagem plástica nos EUA atende à definição de reciclável usada pela Iniciativa New Plastic Economy (EMF NPE).

O pior, a reciclagem de plástico vem diminuindo com o tempo. Estima-se que tenha diminuído para cerca de 5 a 6% em 2021, abaixo de uma alta de 9,5% em 2014 e 8,7% em 2018. Naquela época, os EUA exportavam milhões de toneladas de resíduos plásticos para a China e contavam como reciclado, embora grande parte tenha sido queimada ou despejada, lê-se no comunicado da ONG.

Pelas normas EMF NPE, um item deve ter uma taxa de reciclagem de 30% para receber a classificação “reciclável”. Dois dos plásticos mais comuns nos EUA que são frequentemente considerados recicláveis ​​– PET #1 e HDPE #2, normalmente garrafas e jarros – ficam bem abaixo do limite EMF NPE, atingindo apenas taxas de reprocessamento de 20,9% e 10,3%, respectivamente.

Para qualquer outro tipo de plástico, a taxa de reprocessamento é inferior a 5%.

Para piorar, o relatório ainda conclui que ser aceito por uma usina de processamento de reciclagem não significa necessariamente que o material será reciclado.

Tenha presente a grande diversidade de plástico que existe por aí, cuja maioria nem é reciclável. Adicione isso ao fato de que muitas vezes eles são feitos ou estão contaminados por substâncias tóxicas e portanto não podem ser reciclados (por exemplo, lixo hospitalar).

Por fim, muitos deles são tão econômicos de produzir, que a reciclagem não vale a pena, pois sairia ainda mais cara.

“Plásticos de uso único são como trilhões de pedaços de confete lançados de lojas de varejo e fast food para mais de 330 milhões de residentes dos EUA em mais de 3 milhões de milhas quadradas a cada ano. Simplesmente não é possível coletar a grande quantidade desses pequenos pedaços de plástico vendidos aos consumidores dos EUA anualmente. Mais plástico está sendo produzido e uma porcentagem ainda menor dele está sendo reciclada. A crise fica cada vez pior e, sem mudanças drásticas, continuará a piorar à medida que a indústria planeja triplicar a produção de plástico até 2050”, diz Lisa Ramsden, ativista sênior de plásticos do Greenpeace EUA.

Leia o comunicado do Greenpeace, aqui, na íntegra.

Problema reversível?

Para muitos especialistas ultrapassamos a linha do ponto de retorno do plástico. Ou seja, por mais que façamos não há volta! E não estamos fazendo nada, ou estamos fazendo muito pouco: proibindo plástico descartável aqui e ali com leis fracas que ninguém respeita.

Chega de plástico!

Fonte: Greenpeace.org

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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