Fungos conseguem decompor 100% de plástico duro em 140 dias


Cientistas descobrem que dois fungos que ocorrem naturalmente no solo e nas plantas, são capazes de degradar completamente o plástico, em apenas 140 dias.

O material em questão é o polipropileno  (PP), um plástico de consistência dura muito utilizado em objetos de uso comum como utensílios de cozinha, recipientes, tampas de garrafas, etc.

Estima-se que cerca de um terço dos resíduos plásticos do mundo seja composto pelo polipropileno, material que demora séculos para se decompor. Além disso, é de difícil reciclagem (estima-se que apenas 1% dele seja reciclado).

Mas uma possível solução para reduzir a poluição por esse tipo de plástico pode estar a caminho.

Em testes específicos de laboratório, uma equipe de pesquisa australiana descobriu que duas espécies comuns de fungos (Aspergillus terreus e Engyodontium album) são capazes de decompor 100% do plástico (folhas, grânulos e películas finas de polipropileno).

© Samat et al., npj Materials Degradation, 2023

© Samat et al., npj Materials Degradation, 2023

As duas espécies envolvidas na pesquisa são muito comuns. A primeira é um tipo de mofo encontrado em solos de todo o mundo, sendo mais comum em regiões tropicais e subtropicais. É uma espécie oportunista potencialmente patogênica, que pode causar infecções graves em animais e humanos.

O segundo fungo é comumente encontrado no solo e na vegetação em decomposição, mas também pode estar presente em papéis e tecidos, sendo este também um agente potencialmente patogênico.

Antes de se serem “comidos” pelos fungos, os detritos plásticos devem ser pré-tratados com luz ultravioleta, fontes de calor ou um reagente químico, que permite que os organismos façam seu trabalho de decomposição. Na prática, os fungos degradam o plástico em partículas mais simples que podem ser absorvidas ou destruídas.

Os resultados mostraram que as duas espécies de fungos eliminaram 27% do plástico após 90 dias e 100% após 140 dias.

“É a maior taxa de degradação relatada na literatura que conhecemos no mundo”, disse Ali Abbas, professor de engenharia química da Universidade de Sydney, em entrevista à ABC.

Não é a primeira pesquisa a revelar o potencial “comedor” de plástico por seres vivos:

Mas essa parece ser a mais promissora como solução para a superpoluição por plástico no ambiente, por causa do seu tempo de degradação acelerado.

Os pesquisadores  pretendem que este sucesso experimental se torne praticável no campo comercial em breve, mas até lá podem demorar mais 5 anos aproximadamente, como informa a ABC.

Os detalhes da pesquisa Biodeterioration of pre-treated polypropylene by Aspergillus terreus and Engyodontium album foram publicados na revista científica especializada npj Materials Degradation.

Fonte: ABC

Talvez te interesse ler também:

Que tal substituir embalagens de plástico por folhas de bananeira?

O Planeta Terra virou Planeta Plástico. Pesquisa revela números impressionantes

As melhores estratégias para acabar com o plástico no planeta, segundo especialistas




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...