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Sim, o estresse e outros sentimentos negativos podem afetar significativamente o bebê ainda no útero. Diversas pesquisas mostram que o estresse materno durante a gravidez pode ter impactos tanto na saúde física quanto na emocional da criança, com efeitos que podem perdurar por anos.
Um estudo da Universidade de Cincinnati (UC) examinou o impacto do estresse materno durante a gravidez no desenvolvimento cerebral fetal. Eles observaram associações entre o estresse materno pré-natal e mudanças no DNA do feto, relacionadas a genes envolvidos no desenvolvimento cerebral.
Os pesquisadores analisaram 5 categorias distintas de estresse enfrentadas pelas gestantes: estresse financeiro, conflitos com parceiros, familiares ou amigos, abuso físico, emocional ou mental, além de morte de amigo ou parente. Essas situações estressantes estavam ligadas a modificações epigenéticas no bebê em desenvolvimento, uma alteração no DNA que não afeta sua sequência, mas pode ser ativada ou desativada por influências ambientais.
Anna Ruehlmann, pós-doutoranda no Departamento de Ciências Ambientais e de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UC e principal autora da pesquisa explicou:
“Descobrimos que quando a mãe experimentava uma quantidade cumulativa de estresse durante a gravidez, havia, de fato, uma associação com a metilação do DNA no sangue do cordão umbilical, que é uma espécie de modificação epigenética no bebê que está se desenvolvendo no útero”.
“Uma modificação epigenética é algo que não altera a sequência do DNA, porém o DNA é modificado, o que é algo dinâmico e pode mudar em resposta às exposições ambientais. Portanto, é algo que pode ser ligado ou desligado mais tarde na vida da criança””
“As modificações epigenéticas são um processo muito dinâmico, há muitas mudanças que podem acontecer em resposta a fatores ambientais. O que você vê biologicamente no início do desenvolvimento fetal, talvez só veja o resultado mais tarde, durante o desenvolvimento da criança.”
Essas descobertas podem fornecer pistas sobre como o ambiente durante a gravidez afeta o desenvolvimento do bebê. No entanto, ainda há muito a ser entendido sobre como essas mudanças podem influenciar a saúde da criança ao nascer.
Outra pesquisa, publicada no The Lancet em 2023, investigou a relação entre a exposição materna ao cortisol – o hormônio do estresse – o desenvolvimento do feto e sintomas depressivos pós-parto. O estudo foi feito com mulheres grávidas entre 18 e 45 anos e mostrou que níveis mais elevados de estresse estão ligados ao baixo peso ao nascer. Além disso, mulheres com altas exposições ao cortisol tiveram 2,3 vezes mais chances de desenvolver sintomas depressivos, como fadiga, letargia (apatia), hiperfagia (vontade incontrolável de comer) e hipersonia (sonolência excessiva).
No estudo, os pesquisadores concluíram que bebês nascidos de mulheres que sofrem sintomas depressivos pós-parto têm mais probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental ao longo da vida. Ainda de acordo com esse estudo, o estresse em excesso no início da gravidez pode ser mais impactante sobre o feto do que no final da gestação.
Um outro estudo ainda, realizado na Universidade da Califórnia, EUA, comprovou que a variação nos níveis de cortisol nas grávidas está associada a mudanças no funcionamento das amígdalas do feto, importantes na regulação emocional. O estudo indicou que essa variação afeta mais as meninas do que os meninos.
O cortisol, em níveis normais, não causa danos ao feto e ainda que sejam necessárias mais pesquisas para explicar como o estresse da mãe impacta a saúde do feto, parece que esse nexo causal, de fato, exista.
As emoções vividas pela mãe afetam os bebês durante a gravidez, mas a extensão desses afetos ainda não é completamente compreendida pela ciência. A alegria materna, por exemplo, libera oxitocina, fortalecendo o vínculo após o nascimento. Emoções difíceis também podem impactar, mas as pesquisas recentes são ainda limitadas.
Vários fatores podem influenciar o vínculo no útero, como ansiedade, dificuldades financeiras, alterações hormonais, uso de substâncias, gravidez não planejada, ou abandono do parceiro.
Para aliviar a influência dos sentimentos negativos durante a gravidez, os pais podem se relacionar com o bebê ainda durante a gestação, reservando tempo para interações tranquilas diárias, como ler, conversar, ouvir música, pois os bebês podem captar sons, imagens e emoções.
Em resumo, os sentimentos ruins e as preocupações da mãe podem afetar o desenvolvimento do bebê, mas interações amorosas diárias podem neutralizar esses impactos.
Referências bibliográficas:
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Categorias: Crianças
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