Para salvar o planeta, seu voto vale mais do que a sua dieta


Em recente entrevista ao Correio 24 horas, o filósofo indígena Ailton Krenak afirmou que “vida sustentável é vaidade pessoal”.

Basicamente, o que ele quis dizer é que é uma ilusão acharmos que nossas ações individuais farão diferença para o futuro do planeta enquanto o modelo de consumo das sociedades contemporâneas continuar em vigor.

O editor-adjunto da revista New York, David Wallace-Wells, que é autor do livro “O planeta inóspito”, vê o problema, também, dessa perspectiva. Em uma entrevista concedida à BBC Mundo, o escritor disse que todos nós deveríamos estar alarmados com a mudança climática. Sua tese, apocalíptica, é de que a Terra será inabitável caso não façamos nada para combater as mudanças que estão por vir.

Secas, incêndios, infecções, inundações…

Para Wallace-Wells, é uma falácia que a mudança climática está ocorrendo lentamente. Afinal, já estamos vivendo em um mundo com secas, ondas de calor, geleiras derretendo, enfermidades infecciosas e inundações. Para evitar a continuação desse caos climático, ele destaca que precisamos chegar a uma solução global.

Em seu livro, o escritor nova-iorquino destaca as recentes pesquisas que mostram como a mudança climática trará impactos econômicos e sociais que afetarão a produção alimentícia, gerarão conflitos e guerras, além de traumas, ou seja, todos os aspectos das nossas vidas serão alterados.

Ele alerta que o aumento da temperatura global em 2°C vai criar um cenário, possivelmente até 2040, cujos danos se multiplicarão. Possivelmente, teremos cerca de 1.000 milhão de refugiados climáticos, segundo estima a ONU, e outras 150 milhões de pessoas morrerão por contaminação atmosférica, além de várias cidades ficarem submersas.

O jornalista destaca que o papel dos meios de comunicação é fundamental no sentido de informar as pessoas, que hoje estão lendo e comentando mais sobre as mudanças climáticas, ainda que exista uma corrente negacionista. Ele enfatiza, ainda, o legado de Greta Thunberg, que está se destacando como uma líder inspiradora.

Entretanto, Wallace-Wells argumenta que isso ainda é insuficiente, pois Trump e os “mini-Trumps” que hoje estão espalhados pelo mundo se movem contra a realidade. A mudança climática é um problema global e, por isso, exige uma ação global.

Contribuir politicamente

Nesse sentido, individualmente, a forma como podemos contribuir é pela política. A frase de impacto “se quiser salvar o planeta, seu voto é mais importante do que a sua dieta” lançada por Wallace-Wells destaca que não adianta ter um estilo de vida minimalista e seguir uma dieta vegana se as suas escolhas políticas não consideram candidatos com proposições concretas para o meio ambiente.

Claro que devemos adotar estilos de vida condizentes com aquilo em que acreditamos. Mas nosso dever como cidadãos deve ir além: é preciso dizer aos nossos representantes que eles não estão fazendo o suficiente e que suas políticas devem ser reorientadas. A consciência para a transformação política deve, portanto, considerar o individual e o social.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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