Sozinhos: a humanidade corre o risco de viver em um planeta vazio


Em entrevista publicada nesta segunda-feira (20) no jornal britânico The Guardian, a secretária executiva interina da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, Elizabeth Maruma Mrema, foi enfática ao afirmar que 2020 precisa ser um ano não de conferências, mas de tomada de decisões efetivas e ações concretas para mitigar a crise climática. Do contrário, muito em breve habitaremos uma terra arrasada.

A vida das pessoas depende da biodiversidade de maneiras que nem sempre são aparentes ou apreciadas. A saúde humana depende, em última análise, dos serviços ecossistêmicos: a disponibilidade de água doce, combustível e fontes de alimentos. Todos esses são pré-requisitos para a saúde e os meios de subsistência humanos”, disse ao Guardian.

O 3° maior risco para o planeta

O alerta soou nas vésperas do Fórum Econômico Mundial, que se realizará na cidade suíça de Davos entre os dias 21 e 24 de janeiro. O encontro reúne os líderes dos países mais ricos do mundo e foi a eles que Mrema endereçou sua fala.  Este ano, a perda de biodiversidade é apontada como o terceiro maior risco para o mundo, considerada eminente e mais grave que doenças infecciosas, ataques terroristas e conflitos entre Estados-Nação.

Como lembrou o Guardian, os principais cientistas do mundo já haviam alertado, em maio do ano passado, que a natureza está desaparecendo a uma taxa de dezenas a centenas de vezes superior à média dos últimos 10 milhões de anos. Antes disso, especialistas classificaram a atual devastação ambiental como o sexto evento de extinção em massa na história da Terra, desencadeado pela ação humana.

“Empresas, comunidades locais, sociedade civil, jovens, todos nós, liderados por governos, devemos agir. Estamos falando de ação há muitos anos. Realmente, precisamos de ações transformadoras para fazer a diferença”, disse Mrema.

Em contraste com a gravidade expressa pela secretária, a primeira versão do novo acordo da ONU, nos moldes do de Paris, foi publicado na semana passada e frustrou expectativas, gerando críticas dos ativistas ambientais. A própria Mrema declarou que esperava mais ambição dos negociadores responsáveis pela atual proposta.

Segundo o Guardian, os compromissos elencados no texto preliminar – endereçados às lideranças mundiais que estarão presentes na cúpula de Kunming, na China, em outubro deste ano – foram mantidos intencionalmente modestos, após o fracasso do acordo internacional sobre conservação da biodiversidade, firmado na década passada.

Sobre a possibilidade de recusa dos governos em relação às medidas necessárias, Mrema foi enfática:

Os riscos serão grandes. Uma é que não teremos ouvido a ciência e as evidências fornecidas. Como não teremos ouvido, significa que a comunidade global terá dito: que a perda de biodiversidade continue, que as pessoas continuem a morrer, que a degradação continue, que o desmatamento continue, que a poluição continue, e teremos desistido como comunidade internacional de salvar o planeta”.

A secretária também destacou a responsabilidade com as futuras gerações:

“Posso dizer que fracassamos e continuamos a fracassar com nossos filhos e jovens”, pontuou.

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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