A moda é fazer psicoterapia com a ChatGPT. Será que funciona?


No Brasil e nos Estados Unidos fazer psicanálise ou psicoterapia é tão chique quanto fazer massagem, afinal, esse serviço de escuta profissional custa caro. Em outros países, como na Itália por exemplo, por incrível que pareça, consultar um psicólogo é coisa de louco (tem muito tabu). É aí que entra as chatbots da vida, sobretudo a ChatGPT: o novo psicólogo dos pobres, ou daqueles que têm vergonha de se consultar.

Um site chamado Open, fez um teste com a ChatGPT usando dados do censo italiano sobre a vida dos jovens naquele país depois da pandemia. Dados do censo revelavam que “86,5% dos jovens acreditam que merecem mais no trabalho; mais nas amizades (70,9%) e mais na vida em geral (81,9%).” Assim, fazendo de conta ser um jovem que se sentia pouco valorizado no trabalho, nas amizades e na vida, o site se surpreendeu com a empatia humana simulada pela inteligência artificial.

Ao pedir conselhos, a ChatGPT começa com um “entendo perfeitamente o que você está dizendo” e finaliza com um “espero que estas sugestões tenham sido úteis.  Se quiser falar mais, estou aqui para te ajudar.”

Psicólogos robôs

Pensa na dimensão dessa possibilidade em um mundo de pessoas pobres, envergonhadas e ou sozinhas. O contato humano pode estar correndo sério risco de extinção. As pessoas já não se falam e não se abrem, mas agora, com psicólogos robôs, os problemas acabaram… ou começaram?

Vamos simular umas perguntas para ver se em português a chat é tão fofa quanto em italiano, e vamos colar aqui as respostas.

Escrevemos:

“Oi, me sinto tão sozinho, você pode conversar comigo?”.

A resposta da Chat até que foi honesta:

“Claro, estou aqui para conversar com você. Fique à vontade para compartilhar o que quiser ou falar sobre o que está em sua mente. Lembre-se de que sou um modelo de linguagem AI, então não tenho sentimentos ou emoções, mas estou aqui para ouvir e tentar ajudar da melhor maneira possível. Como posso ajudar você hoje?”

Continuando a conversa, já que ela se disponibilizou, escrevemos:

“Não sei por qual motivo, mas só consigo imaginar um futuro terrível para mim, pois tudo o que eu faço para melhorar minha vida não funciona. Eu não tenho fé no futuro.”

E a Chat responde de maneira loquaz:

“Lamento ouvir que esteja passando por esses sentimentos negativos em relação ao futuro. É compreensível que experiências de frustração e falta de progresso possam abalar a confiança e a esperança. No entanto, é importante lembrar que momentos difíceis não são permanentes e que existem maneiras de lidar com esses sentimentos. Aqui estão algumas sugestões que podem ajudar:

  1. Autoconhecimento: Tente identificar as razões específicas pelas quais você sente que tudo o que faz para melhorar sua vida não funciona. Isso pode ajudar a entender melhor os desafios que enfrenta e encontrar soluções mais direcionadas.
  2. Resiliência: Desenvolva sua resiliência emocional e mental. A resiliência é a capacidade de se recuperar de adversidades e superar desafios. Concentre-se em aprender com as dificuldades, encontrar maneiras de se adaptar e fortalecer sua capacidade de lidar com situações adversas.
  3. Defina metas realistas: Ao traçar objetivos para o futuro, certifique-se de que sejam realistas e alcançáveis. Divida metas maiores em etapas menores e comemore cada progresso, por menor que seja. Isso pode ajudar a criar um senso de conquista e motivar você a continuar avançando.
  4. Busque apoio: Converse com pessoas de confiança, como amigos, familiares ou profissionais de saúde mental. Compartilhar seus sentimentos pode aliviar o peso emocional e ajudar a obter diferentes perspectivas e apoio durante esse período.
  5. Cultive a positividade: Procure identificar e valorizar os aspectos positivos em sua vida, por menores que sejam. Praticar a gratidão e focar em coisas que lhe trazem alegria e satisfação pode ajudar a mudar a perspectiva sobre o futuro.
  6. Procure ajuda profissional: Se seus sentimentos de desesperança persistirem e estiver afetando significativamente sua qualidade de vida, considere buscar ajuda de um profissional de saúde mental. Um terapeuta ou psicólogo pode fornecer apoio adequado e estratégias para lidar com esses sentimentos.

Lembre-se de que é normal ter períodos de incerteza e desânimo na vida, mas há sempre espaço para mudança e crescimento. Não desista de si mesmo e tente adotar uma abordagem gradual e paciente para superar esses desafios.”

Conselhos clichês

Os conselhos parecem ser bastante clichês, mas poderiam ajudar algumas pessoas, principalmente aquelas que não podem pagar um psicólogo ou que têm vergonha de dizer que fazem psicoterapia.

Para finalizar, perguntamos à Chat:

“Não consigo valorizar a vida como a maioria das pessoas valoriza, achando super bacana viver. Qual é o sentido da vida?”

De novo, uma resposta longa:

“A pergunta sobre o sentido da vida é profunda e complexa, e diferentes pessoas têm perspectivas e crenças variadas a respeito. O sentido da vida pode ser uma questão pessoal e individual, e pode exigir uma reflexão profunda e contínua para descobrir o que é significativo para você. Aqui estão algumas perspectivas que podem ajudar a explorar esse tema:

  1. Encontre significado nas relações interpessoais: Para muitas pessoas, o sentido da vida está em conexões e relacionamentos significativos com outras pessoas. Cultivar amizades, relacionamentos amorosos e vínculos familiares pode trazer um senso de propósito e felicidade.
  2. Busque um propósito pessoal: Descobrir e perseguir um propósito pessoal pode dar sentido à vida. Isso pode envolver identificar seus talentos, paixões e interesses, e usá-los para contribuir para o mundo ao seu redor. Pergunte-se sobre o que lhe traz alegria e satisfação, e como você pode aplicar isso para ajudar os outros ou fazer a diferença em sua comunidade.
  3. Desenvolva-se pessoalmente: O autodesenvolvimento contínuo pode ser uma fonte de significado. Busque o crescimento pessoal, aprenda coisas novas, estabeleça metas desafiadoras e trabalhe para alcançá-las. O processo de aprender e evoluir pode trazer um senso de realização e satisfação.
  4. Contribua para algo maior: Engajar-se em causas ou atividades que beneficiem a sociedade ou o meio ambiente pode dar um propósito maior à vida. Isso pode envolver o voluntariado, ações de responsabilidade social ou a defesa de questões que você valoriza.
  5. Encontre beleza e significado na experiência humana: A vida em si pode ser vista como uma oportunidade para explorar, aprender, amar, criar e apreciar as coisas ao seu redor. Encontre momentos de alegria, conexão emocional e apreciação pela beleza da vida, seja ela encontrada na natureza, nas artes, na música ou em outras formas de expressão.

Lembre-se de que a jornada em busca do sentido da vida é única para cada pessoa. É normal questionar e explorar diferentes perspectivas ao longo do caminho. Se sentir dificuldades em encontrar um sentido claro, pode ser útil buscar orientação de um profissional de saúde mental, como um psicólogo, que pode ajudar a explorar essas questões de maneira mais aprofundada.”

Será que funciona?

Em nossa opinião, a ChatGPT ou qualquer outra chatbot nunca vai substituir a interação humana (a própria chat aconselha isso) mas vai saber… muitos especialistas estão preocupados com a possibilidade de a Inteligência Artificial causar sérios danos a nós todos, inclusive, dar fim à humanidade (palavras do criador da ChatGPT), leia mais nos links abaixo:

Será que a ChatGPT está se especializando em psicoterapia? Qual é a tua opinião?

Fontes: Open e ChatGPT

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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