Covid, vacina e alergia: autoridades do Reino Unido pedem ao público que não se assuste


A vacina da fabricante Pfizer/BioNTech contra o coronavírus que começou a ser aplicada na população do Reino Unido essa semana, deixou muita gente preocupada, inclusive no Brasil, depois que 3 pessoas desenvolveram reações alérgicas consideradas raras ao imunizante.

No alerta, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do Reino Unido recomendou que qualquer pessoa com histórico de reações anafiláticas a vacinas, medicamentos ou alimentos não deve receber a injeção, e que as vacinas somente devem ser aplicadas em locais onde existem instalações preparadas para reanimação, como forma de precaução.

Movimento antivacina

A situação provocou reação, principalmente naquelas pessoas mais voltadas ao movimento antivacina e, segundo o jornal Time, as autoridades médicas no Reino Unido estão pedindo ao público que não se assuste, porque reações alérgicas a medicamentos está totalmente dentro do protocolo e não há nada que possa contraindicar a vacina.

A agência reguladora afirmou em nota que a anafilaxia “é um conhecido, embora muito raro, efeito colateral de qualquer vacina” e que a maioria das pessoas não terá essa reação, sendo os benefícios muito superiores aos riscos.

A agência informou também que todos os 3 pacientes – incluindo dois profissionais de saúde, os quais já tinham histórico anterior de reações anafiláticas – estão se recuperando bem.

Autoridades médicas garantem que a vacina é segura e passou por todas as fases de testes exigidas pelos órgãos reguladores internacionais e que outros países já estão aprovando a vacina, como é o caso do Canadá.

Alerta

O Dr. Anthony S. Fauci, especialista em doenças infecciosas e imunologista estadunidense, disse ao New York Times que

“as reações alérgicas eram preocupantes, mas provavelmente raras, o tipo de efeito que aparece quando uma vacina sai do teste e passa a ser distribuída de forma mais ampla”.

O especialista reconhece que o problema pode afetar muitas pessoas, já que a vacina será aplicada em grande escala, e faz um alerta sobre a necessidade e importância de se haver diferentes fabricantes do imunizante:

 “Essa é uma das razões pelas quais é importante cobrir a orla com diferentes plataformas de vacinas. Se de fato descobrirmos que há um problema consistente de um certo subconjunto de pessoas como aquelas com reações alérgicas, você sempre terá outras plataformas de vacina que pode usar e, com sorte, não verá isso com essas outras alternativas”.

Riscos calculados

No caso do Reino Unido, além do alerta emitido para que pessoas com históricos de reação alérgica não tomem a vacina, os órgãos reguladores iniciaram uma investigação dos casos para verificar se as reações resultaram da própria vacina ou foram acidentais. 

De fato, reações alérgicas em casos de vacina é muito raro.

Num estudo de 2015 apoiado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos revelou 33 casos confirmados de anafilaxia desencadeada por vacina entre mais de 25 milhões de doses da vacina, traduzindo-se em uma taxa de 1,3 casos dessas reações a cada milhão de doses.

Segundo a Pfizer, os testes de vacinas incluíram dezenas de milhares de participantes, porém, excluíram pessoas com histórico de reações adversas às vacinas ou de reações alérgicas graves a qualquer ingrediente da vacina contra o coronavírus.

Dentre os participantes dos testes, um número muito pequeno de pessoas teve reações alérgicas, segundo um documento publicado pela Food and Drug Administration nos Estados Unidos nesta semana, 0,63% dos participantes que receberam a vacina relataram possíveis reações alérgicas, em comparação com 0,51 % das pessoas que receberam um placebo.

Já no último estágio do ensaio clínico da Pfizer, um dos 18.801 participantes que receberam a vacina teve uma reação anafilática e nenhum no grupo de placebo.

Segundo os especialistas, existe um risco muito pequeno de reações alérgicas a qualquer vacina, assim como para alimentos e medicamentos e que reações anafiláticas são particularmente difíceis de prevenir porque normalmente, os testes são feitos com pessoas saudáveis.

Por isso, para garantir a segurança e maior confiança na vacina, é essencial determinar rapidamente se os casos estão relacionados com o imunizante ou com as condições físicas e de saúde da pessoa.

Enquanto a vacina mostra suas problemáticas (absolutamente compreensíveis dado o tempo recorde em que foram criadas) por que as autoridades não investem em testes rápidos que têm grande eficácia no controle da disseminação do vírus?

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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