Mandacaru Azul: Como Cuidar dessa Beleza Singular da Caatinga


Uma planta que parece fake de tão bonita que é. Você já ouviu falar do cacto azul, mandacaru azul, facheiro-azul, mandacaru-de-facho ou facheiro azul? O Pilosocereus pachycladus é uma cactácea nativa do Brasil, particularmente encontrada na região Nordeste. Sua presença é marcante no cenário árido e áspero da caatinga, onde se destaca por sua forma esguia, caule cilíndrico e coloração verde-azulada. Saiba mais!

Cacto Azul ou Mandacaru Azul Florido © Divulgação @Viviifernande/Twitter

Cacto Azul ou Mandacaru Azul Florido © Divulgação @Viviifernande/Twitter

Descrição e Floração

Essa espécie pode alcançar até 10 metros de altura se plantada no solo, com ramos dispostos em espiral e cobertos por pequenos espinhos claros, tornando-o um ícone visual dessa paisagem única. Se plantado em vaso, o cacto azul pode chegar a 1,5 metro de altura, dependendo do tamanho do vaso, mas sua peculiaridade não se resume à cor ou altura, e sim à sua floração que só ocorre na planta adulta, depois de uns 4 anos de vida aproximadamente.

Suas flores costumam desabrochar à noite, fechando-se com o raiar do sol, sendo mais comum encontrar esse espetáculo de beleza noturna entre os meses de outubro e novembro. Essa particularidade na floração noturna do mandacaru azul é bastante intrigante e está relacionada a uma adaptação ao ambiente em que a planta cresce. Durante o dia, as altas temperaturas podem ser extremas no ambiente semiárido, no qual esse cacto é encontrado comumente. Assim, a floração noturna pode ser uma estratégia evolutiva para a planta evitar a perda excessiva de água por meio da transpiração, já que as temperaturas são mais amenas durante a noite, proporcionando um ambiente mais favorável para o desenvolvimento da flor. Essa adaptação ao horário noturno também atrai polinizadores específicos, como mariposas e morcegos, que são mais ativos durante a noite, mas também por abelhas pela manhã.

As flores liberam um aroma adocicado para atrair esses polinizadores, garantindo a reprodução e o sucesso na propagação da espécie.

A flor do mandacaru azul, quando desabrocha, apresenta tons de branco ou creme, muitas vezes com nuances de amarelo ou rosa. Sua beleza é ainda mais realçada pela contrastante escuridão da noite, o que torna esse evento de floração algo singular e espetacular de se testemunhar. É um fenômeno encantador que revela a beleza e a engenhosidade das plantas no reino vegetal.

Como Cuidar de um Mandacaru Azul

Para garantir uma floração saudável e vibrante do mandacaru azul, alguns cuidados específicos são necessários:

  • Localização e Clima: É uma planta que se adapta bem a climas quentes e secos, típicos da região da caatinga. Deve ser cultivada em locais com boa exposição solar, preferencialmente em áreas externas onde possa receber luz direta, sol pleno ou meia sombra. É uma planta que não suporta frio extremo. Quem o plantar na Europa precisa proteger a planta das geadas.
  • Solo e Drenagem: O solo ideal para o mandacaru azul é aquele bem drenado, arenoso e com baixa umidade. A planta não tolera encharcamentos, portanto, o solo precisa permitir a rápida drenagem da água.
  • Rega: Devido à sua adaptação a climas secos, o mandacaru azul não requer regas frequentes. Deve-se absolutamente evitar o excesso de água. Regue apenas se a terra estiver super seca, o que pode ser a cada 10 dias, ou uma vez por semana aproximadamente, durante o verão, de 15 em 15 dias durante outono e primavera, não precisando regar no inverno.
  • Adubação: Uma adubação anual no início da primavera pode ser benéfica para estimular o crescimento e a floração. Adubos específicos para cactos e suculentas são recomendados para garantir os nutrientes necessários. Uma boa opção pode ser a farinha de osso.
  • Propriedades Medicinais: Na medicina popular, a planta é usada para tratar inflamação da próstata e infecção urinária. Um estudo demonstrou atividade antibacteriana e possível utilidade na resistência ao uso de antibióticos.
  • Usos: Várias partes do mandacaru azul são aproveitadas. Seus frutos podem ser consumidos in natura ou utilizados na produção de sucos, enquanto suas raízes são empregadas em infusões para aliviar dores e problemas estomacais. Essa utilização, embora baseada em conhecimento tradicional, deve ser feita com cautela e preferencialmente orientada por profissionais da saúde.
  • Importância Ecológica e Simbolismo: Além de suas propriedades medicinais e beleza cênica, o mandacaru azul desempenha um papel crucial na ecologia da caatinga. Suas características únicas oferecem abrigo e alimento para diversos animais, ajudando a manter o equilíbrio ecológico dessa região semiárida. Símbolo emblemático do sertão nordestino, o mandacaru representa a resiliência e a adaptação das plantas ao ambiente hostil da caatinga, inspirando artistas, músicos e poetas, que frequentemente o retratam em suas obras como um ícone da cultura popular.

Símbolo de perseverança e exuberância

O mandacaru azul, com sua estética impressionante e sua capacidade de resistir a condições adversas, é mais do que uma simples planta do sertão. É um símbolo de perseverança e exuberância em meio à aridez. Seu cultivo e preservação não apenas realçam a beleza das paisagens áridas, mas também garantem a continuidade de um legado cultural e ecológico valioso para o Brasil.

Fontes:

  1. Phytochemical study of Pilosocereus pachycladus and antibiotic-resistance modifying activity of syringaldehyde
  2. Iloveflores.com
  3. Fenologia, biologia da polinização e da reprodução de Pilosocereus byles & rowley (Cactaceae) no nordeste do Brasil
  4. Floração e Frutificação de Pilosocereus pachycladus

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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