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Os pangolins ganharam notoriedade com a pandemia de Covid-19 após cientistas levantarem a hipótese de que eles poderiam ser um hospedeiro intermediário para o novo coronavírus. Esses mamíferos, que são parecidos com as preguiças e têm focinho de tamanduá, são os mais traficados do mundo. Algumas espécies, inclusive, estão em risco de extinção.
Os pangolins apresentam um comportamento solitário e os estudos sobre a sua população ainda não conseguiram estimar quantos deles há na natureza. Também não é fácil cuidar deles em cativeiro.
Oito espécies, que habitam a África e a Ásia, são classificadas de vulneráveis a criticamente ameaçadas de extinção. O animal é muito buscado por sua carne e pela medicina tradicional, que utiliza as suas escamas para melhorar a circulação sanguínea e reduzir inflamações, sem que haja evidências científicas disso.
O conservacionista vietnamita Thai Van Nguyen, um dos vencedores do Goldman Environmental Prize 2021, o prêmio Nobel do Meio Ambiente, por seu trabalho na proteção de animais, quer tirar os pangolins da rota da ameaça. Desde 2014, quando fundou a ONG Save Vietnam’s Wildlife, no Vietnã, ele vem atuando para preservar a espécie.
Ele já estabeleceu dois centros de reabilitação de pangolins e uma unidade anticaça furtiva, onde treina guardas-florestais do governo na conservação da vida selvagem, identificação animal, habilidades de GPS e tecnologia de drones.
Com o seu trabalho, já foram resgatados do tráfico mais de 160 pangolins em apenas uma operação e libertos cerca de 2 mil indivíduos da espécie.
Nguyen estima que educou mais de 11 mil pessoas sobre a importância desses animais, o que ajudou a reduzir em 80% a caça furtiva.
O trabalho da equipe de Nguyen monitora os animais para desenvolver uma base de conhecimento sobre os seus cuidados. Alguns dados são obtidos de caçadores ilegais, para quem a ONG oferece cursos junto com funcionários do governo para prevenir conflitos.
“Nós os convidamos para o workshop, para dizer a eles: ‘sabemos que você é um caçador furtivo, mas queremos trabalhar juntos e mudar’”, explica Nguyen.
A paixão de Nguyen pelos pangolins vem da sua infância, passada na floresta vietnamita enquanto observava caçadores. À CNN, ele explicou a razão de os pangolins serem parte de sua vida:
“Perder o pangolim significa perder uma parte do ecossistema, tornando-o desequilibrado”.
Acontece que os pangolins desempenham um papel vital para o seu habitat, pois controlam populações de insetos e fornecem abrigo, em suas tocas, para morcegos, cobras e mangustos. A extinção do animal pode acarretar, portanto, um efeito em cascata para outras espécies.
A depender de Nguyen, os pangolins terão um futuro:
“Esperamos que as pessoas aprendam sobre o pangolim; como são adoráveis, quais são os desafios que enfrentam. Uma pessoa ou uma organização não pode mudar tudo, não pode salvar o pangolim, mas se todos agirem juntos, podemos salvar a espécie da extinção”.
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Categorias: Animais em extinção
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