Caraguatá: bromélia da Mata Atlântica produz fruto excelente para tosse e infecções respiratórias 


Caraguatá ou gravatá ou banana do mato, são alguns dos nomes populares da Bromelia antiacantha, espécie nativa da Mata Atlântica pertencente à família das Bromeliaceae, com grande ocorrência na Floresta Ombrófila Densa, na restinga e na Floresta Ombrófila Mista.

É comum também a ocorrência desse tipo de bromélia em regiões rurais úmidas, principalmente aquelas que margeiam rios, bem como regiões litorâneas, onde ainda existe resquícios da Mata Atlântica.

O fato de a espécie ser abundante em algumas e diferentes regiões, com ocorrência predominante nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, fez com que diferentes formas de uso fossem aplicadas a ela.

Tradicionalmente, é utilizada pelas comunidades locais com manejos para diversos fins, como cercas vivas por exemplo, o que ajudou no processo de domesticação da planta, porque de fácil manuseio e crescimento rápido.

Segundo Samanta Filippon, doutora pesquisadora da UFSC que escreveu uma tese de doutorado sobre o tema, esta é uma espécie com características medicinais, alimentícias, ornamentais e industriais (fabricação de fibras para tecidos, cordoaria e de sabão) e que tem despertado o interesse de pesquisadores.

Descrição da planta

É uma planta de hábito terrestre, que pode atingir até 2m de altura e formar densos agrupamentos.

Apresenta caule curtíssimo e grosso e folhas eretas, cobertas de espinhos nas margens, sendo que os da base são voltados para baixo e os do meio da folha para o ápice, são voltados para cima.

Produz uma inflorescência que emerge do ápice do caule, multifloral, composta por ramos com até sete florais.

Uma flor linda, com variação de cor rosa e vermelha, muito peculiar.

Das flores, originam-se centenas de bagas, que produzem frutinhas pequenas, doces e com variação de cores do amarelo para o laranja, com alto potencial e propriedades medicinais.

A floração é anual iniciando em dezembro e terminando entre o final de janeiro e início de fevereiro, onde começam a surgir os frutos, até meados de julho.

O padre e pesquisador Raulino Reitz descreve o potencial do caraguatá, ou Bromelia antiacantha, no fascículo da Flora Ilustrada Catarinense, intitulado “Bromeliáceas e a malária – bromélia endêmica”, incentivando o estímulo ao estudo e pesquisa sobre a espécie.

Propriedades nutricionais e medicinais

Os índices fenólicos e os carboidratos que compõem os frutos do caraguatá mostraram abundância de carboidratos (45%) e lipídios (18%).

A análise de carboidrato mostrou abundância de ácido monossacarídeo e a análise do lipídio indicou a presença de ácidos palmítico e linoléico, em quantidades similares (cerca de 30%), e de ácido oléico (aproximadamente 20%).

Como resultado, o fruto mostrou

  • boa atividade antioxidante
  • citotóxica
  • cicatrizante e
  • anti-inflamatória

Já as folhas da bromélia, apresentaram

  • atividade antimicrobiana (frente a Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa),
  • antifúngica (frente a Candida albicans e Candida glabrata) e
  • antioxidante de extratos de folhas e frutos de B. antiacantha.

Usos culinários e medicinais

De acordo com o portal de notícias da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, o fruto do caraguatá pode ser ingerido in natura ou

  • em sucos
  • compotas
  • bolos e doces em geral
  • mas também em preparados como xarope e chá.

Sua utilização na medicina popular é descrita desde a década de 40, para combate à tosse e infecções respiratórias, com recomendação para o tratamento de asma e bronquite, com alta função expectorante.

O fruto do caraguatá, ainda de acordo com a UFSC, é considerado anti-helmíntico (combate vermes intestinais), “sendo que seu sumo tem ainda efeito sobre tecidos decompostos, deixando feridas completamente limpas”.

Também foi apontada propriedades no combate aos cálculos renais.

Receita de xarope

Existem várias formas de se fazer um xarope.

Uma das formas, pode ser, aferventar os frutos em água, numa medida de um copo de água para cada copo de fruta.

Alguns tiram a casca, outros coam o “sumo” e, ao resultado da fervura, adicionam mel ou açúcar, levando ao fogo e cozinhando até dar o ponto de xarope.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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