As baterias para smartphone e carro elétrico feitas de papel reciclado


Carros elétricos são mais ecológicos? Nem tanto o quanto se imagina, se pensarmos em termos de lítio e cobalto, dois metais extraídos da natureza em meio a trabalho similar à escravidão e devastação ambiental. Mas uma novidade muito estimulante apareceu para salvar a sustentabilidade dos carros elétricos.

As baterias dos celulares e dos carros elétricos são feitas com lítio (o componente principal), mas o cobalto é outro metal fundamental, pois é usado para que as baterias durem mais e não se superaqueçam (com risco de explodir).

Metais nunca são sustentáveis porque a Terra precisa de milhões ou bilhões de anos para produzi-los.

Saiba mais:

Contudo, o lado sombrio da mineração desses componentes fundamentais para fabricar baterias elétricas poderia estar com os dias contados, de acordo com uma nova pesquisa.

Cientistas da Nanyang Technological University Singapore (NTU Singapore) anunciaram o desenvolvimento de uma nova técnica que converte resíduos de papel em um componente crucial das baterias de íon-lítio.

O processo, chamado de carbonização, converte papeis de embalagens, sacolas descartáveis ​​e caixas de papelão em eletrodos.

Como funciona

Funciona assim: os resíduos de papel são expostos a altas temperaturas (1200°C) e se reduzem a carbono puro, transformando-se em eletrodos (ânodos) para as baterias recarregáveis ​​que alimentam aparelhos como smartphones, tablets ou veículos elétricos.

Ânodos são elétrodos através dos quais a carga elétrica positiva flui para o interior de um dispositivo elétrico polarizado.

Super vantagens

Os ânodos de carbono produzidos pelos cientistas de Singapura, demonstraram durabilidade, flexibilidade e propriedades eletroquímicas superiores aos convencionais, podendo ser carregados e descarregados até 1.200 vezes. Eles têm pelo menos o dobro da vida útil dos ânodos das atuais baterias móveis telefones, e são também muito mais resistentes, suportando 5 vezes mais choques e estresse físico, como quedas, batidas, esmagamento, etc que os convencionais.

Além disso, os únicos resíduos do processo da carbonização são o vapor de água e alguns óleos, que podem ser usados ​​como biocombustíveis. O processo todo sendo mais econômico, repercute no preço do produto final porque os ânodos representam entre 10% a 15% do custo total de uma bateria de íon-lítio.

“Nosso método converte um material comum e onipresente como o papel em um material extremamente durável e de alta demanda”, disse Lai Changquan, professor assistente da Escola de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da NTU, que liderou o projeto. Esperamos que nossos ânodos atendam à crescente necessidade mundial de um material sustentável e mais ecológico para baterias, reduzindo não apenas as emissões de carbono do processo, mas também a dependência de mineração e métodos industriais pesados.”

De fato, resíduos de papel são um dos mais abundantes na Terra e têm uma grande pegada ambiental, face às emissões provenientes da incineração deles. Mesmo assim, há um porém, no caso, o uso da energia para realizar essa carbonização (a conversão do papel em carbono).

Mas a inovação parece realmente o fim dos problemas da extração de lítio e cobalto para fabricar baterias, tanto é que a equipe NTU já registrou uma patente para poder comercializar o produto.

Os resultados dessa pesquisa foram publicados em detalhes em um artigo na revista Additive Manufacturing.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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