Positividade TÁTICA em vez de tóxica: pois pensar positivo não basta


Todo mundo já ouviu falar em good vibes only, em gratiluz, na lei da atração e na importância do pensamento positivo.

Algumas pessoas acreditam, ou mentem que acreditam, que pensar positivo é a principal coisa a se fazer para mudar o status quo e transformar o mundo em um lugar melhor para todos, principalmente para si mesmo.

Segundo essa visão de vida, quando nossa mente emana pensamentos lindos e maravilhosos de abundância – e nunca de escassez – atraímos para nós apenas abundância (e nunca escassez).

Será mesmo assim? É possível mudar a realidade dos fatos emanando good vibes only?

Bom, depende do que é realidade pois, viver no mundo da fantasia, ignorando os problemas pode ser uma doença mental chamada esquizofrenia, ou algum distúrbio da personalidade tipo o narcisismo, ou seja, a crença de que o mundo gira tanto em torno ao teu umbigo que é capaz que teus pensamentos mudem a realidade dos fatos.

Mas afinal, o que é realidade?

O conceito de realidade é muito bem definido por Gregorio Duvivier em uma sua Greg News:

“A definição de realidade é justamente aquilo que não deixa de existir quando você deixa de acreditar, ou seja, parar de pensar em um problema só  acaba com ele se o seu problema for imaginário”.

Quando se acredita que é possível mudar a realidade fora da sua mente, fala-se em positividade tóxica pois essa crença é infantil e não resolve os problemas, ao contrário, os aumenta pois, ignorar os fatos não faz com que eles mudem por si só, ao menos não não faz com que eles mudem fora da sua cabeça.

Um exemplo de pensamento positivo x positividade tóxica que fica fácil entender: Se uma pessoa pela qual você está apaixonado te abandona, o teu pensamento positivo, os teus pedidos ao universo e a tua vibração amorosa não farão essa pessoa voltar. Mas ao mudar o foco do teu pensamento que clama pelo amor dessa pessoa, você acreditar que em vez de perder se livrou dela, e que outros amores, melhores e maiores virão, é possível que, de fato, outras pessoas surjam, pois você está emanando na realidade da auto-estima e não do abandono. Aí você transformou a positividade tóxica (de acreditar que o universo traz o amado de volta em 3 dias) em positividade tática (cuidar da vida e tocar o barco).

Positividade tática

Esse termo, positividade tática, eu não sei se foi o Gregório Duvivier quem inventou mas ele é ótimo pois, é claro que ser esperançoso é fundamental, é claro que ter pensamento positivo é crucial no enfrentamento dos problemas da vida.

Como tentar resolver um problema se se parte desacreditando em sua solução? A esperança e a positividade são combustíveis de nossas jornadas, mas não são as únicas, nem as principais ferramentas que farão com que as coisas mudem, e que os problemas acabem.

Como finaliza o Gregório em seu vídeo, o equilíbrio estaria em uma frase do filósofo italiano Antonio Gramsci, que dizia que para a construção de um mundo melhor e mais justo, seria necessário unir o pessimismo da razão ao otimismo da vontade.

Se por um lado temos a positividade tóxica como crença de que bastar pensar positivo para que as coisas mudem, lembremos que por outro lado, igual ou pior, tem-se a negatividade tóxica, que é a crença de que nada vale a pena pois tudo está acabado e sem conserto.

Pensamento positivo não traz emprego nem amores de volta, pois isso é positividade tóxica. É preciso ter força para levantar, sacudir a poeira e só assim dar a volta por cima.

“Quando aliada ao pessimismo da razão, a positividade pode deixar de ser tóxica para ser tática, diz Gregório Duvivier.”

Apesar de,

Eu fico com um pensamento da Clarice Lispector que mistura muito bem essa dicotomia entre positivo e negativo pois, apesar da realidade desanimadora, apesar da vontade escapista de acreditar que basta pensar positivo para mudar as coisas, apesar de tudo, um mundo melhor é possível.

“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida.” (Clarice Lispector em Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres. Rio de Janeiro. 1998).

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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