Como e por que se morre de calor? Em qual temperatura?


“Estou morrendo de calor!”. Quem nunca disse essa expressão para se referir ao calor excessivo do nosso verão? Pois o que antes era uma expressão hiperbólica tornou-se uma expressão literal. Afinal, em alguns lugares do Brasil e do mundo, as temperaturas superam os 40ºC na estação mais quente do ano.

Como se morre de calor? Um fenômeno chamado hipertermia

Embora seja raro, é possível, sim, morrer de calor.

A morte por calor se dá por hipertermia, que é o aumento anormal da temperatura corporal, geralmente resultante de condições ambientais quentes ou atividade física intensa, que pode levar a complicações de saúde se não for tratada adequadamente.

Existem três tipos principais de hipertermia:

  • a hipertermia clássica, causada pela exposição excessiva ao calor;
  • a hipertermia de esforço físico: que ocorre quando o corpo não consegue regular a temperatura após atividade física intensa;
  • e a hipertermia maligna, que está associada ao uso de certos medicamentos.

A hipertermia pode acontecer de várias maneiras:

Insolação ou golpe de calor

Insolação e golpe de calor são termos usados frequentemente de forma intercambiável, mas há uma diferença sutil entre eles:

Insolação: Refere-se especificamente à exposição prolongada ao sol ou a temperaturas extremas, resultando em uma falha no mecanismo de regulação da temperatura corporal. Os sintomas da insolação incluem tontura, confusão, pele vermelha e quente, pulso rápido e respiração rápida. Se não for tratada adequadamente, a insolação pode progredir para um golpe de calor.

Golpe de calor: É uma forma grave de hipertermia, caracterizada por uma elevação extrema da temperatura corporal. O golpe de calor pode ser causado por exposição direta ao sol, ambientes excessivamente quentes ou atividade física intensa em condições quentes e úmidas. Os sintomas são semelhantes aos da insolação, mas mais graves, e podem incluir confusão mental, perda de consciência, convulsões e danos irreversíveis em órgãos vitais.

Ambas as condições requerem atenção médica imediata. É importante estar ciente dos sinais e sintomas e procurar ajuda médica se houver suspeita de insolação ou golpe de calor.

Exaustão pelo calor

É uma resposta do corpo ao esforço físico em altas temperaturas. Pode ocorrer devido à desidratação, perda excessiva de eletrólitos e incapacidade do corpo de resfriar-se adequadamente. Os sintomas incluem fraqueza, fadiga, náusea, tontura e sudorese excessiva.

Desidratação severa

A falta de água no corpo pode levar a uma série de complicações graves, incluindo falência de órgãos e morte. A desidratação severa ocorre quando a perda de líquidos é maior do que a ingestão, resultando em um desequilíbrio eletrolítico e comprometimento das funções corporais.

Cozinhando por dentro

A hipertermia ocorre quando “O organismo começa a ‘cozinhar’ por dentro, desequilibrando todo o metabolismo”, explicou ao G1 o médico Carlos Machado, clínico geral especialista em medicina preventiva:

“Uma pessoa que fica com temperaturas altas durante muito tempo sofre hemólise, que é a destruição dos glóbulos vermelhos. O corpo começa a alterar as proteínas sanguíneas, e temos que lembrar que tudo no nosso corpo é proteína. Anticorpos, células, glóbulos brancos, o plasma sanguíneo, tudo isso começa a ser desnaturado. (…) A frequência cardíaca sobe muito, rins, fígado e cérebro passam a ter dificuldade de funcionamento”.

O controle da temperatura corporal é regulado pelo sistema hormonal e pelos rins, que ajustam o volume de água e a retenção de sódio para manter a pressão adequada. À medida que a produção de suor aumenta, a produção de hormônios que elevam a temperatura do corpo diminui, nos ajudando a manter a temperatura em torno dos 36,5ºC.

Fatores de risco para hipertermia

A exposição prolongada ao calor é um fator importante, mas não é o único determinante para a ocorrência da morte por calor. A duração e intensidade da exposição ao calor desempenham um papel significativo na hipertermia grave, como o golpe de calor. No entanto, cada pessoa reage ao calor de maneira diferente, e vários fatores podem influenciar a rapidez com que a hipertermia se desenvolve.

Além da exposição prolongada ao calor, outros fatores que podem contribuir para a morte por calor incluem:

  1. Condições ambientais: Ambientes com alta umidade, pouca ventilação e temperaturas extremas aumentam o risco de hipertermia grave.
  2. Atividade física: O esforço físico intenso em um ambiente quente pode acelerar o aumento da temperatura corporal.
  3. Hidratação inadequada: A falta de líquidos pode levar à desidratação, dificultando o resfriamento do corpo.
  4. Condições de saúde pré-existentes: Certas condições médicas, como problemas cardíacos, doenças renais ou pulmonares, podem aumentar a suscetibilidade à hipertermia.

Por que idosos têm maiores riscos de morrer de calor?

Segundo o professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Saldiva disse à BBC, “estudos mostram que durante as ondas de calor há um aumento da mortalidade, sobretudo de idosos e bebês, que têm menos capacidade de adaptação e, muitas vezes, dependem dos cuidados alheios para se proteger”.

O suor que escorre pelo nosso corpo é uma estratégia de sobrevivência. O nosso corpo sua para regular a temperatura corporal. O sangue se refresca e baixa a temperatura do organismo.

Quando o calor está demasiado, há mais vasos de regulação térmica atuando no nosso corpo para que aumentemos a produção de suor. A consequência disso é que desidratamos.

Os idosos, que por conta da idade avançada acabam perdendo mecanismos de controle corporal, podem desidratar sem sentir sede. Quando o nosso corpo perde muita água, precisamos repor o líquido perdido, pois com a desidratação podem surgir outros problemas, tal como a queda da pressão sanguínea, já que os muitos vasos ficam dilatados ao mesmo tempo. Com a pressão baixa, o corpo sente tontura e vertigem e o coração bate mais rápido para tentar subir a pressão.

Leia mais: PRESSÃO BAIXA: DEVEMOS USAR SAL OU AÇÚCAR?

O problema é que a sobrecarga no coração, junto com a menor quantidade de líquido circulando no organismo, deixa o sangue mais denso, o que aumenta o risco de uma obstrução, como uma trombose e, até mesmo, uma parada cardíaca.

Em qual temperatura se morre de calor?

A temperatura em que uma pessoa pode morrer de calor varia dependendo de diversos fatores, como a umidade do ambiente, a exposição direta ao sol, a atividade física realizada e a saúde individual de cada pessoa. No entanto, em geral, a temperatura corporal interna de uma pessoa saudável normalmente varia entre 36,5°C a 37,5°C. Quando a temperatura corporal interna atinge cerca de 40°C a 41°C, ocorre a  hipertermia, que pode levar a danos graves ou até mesmo à morte.

41 °C é já uma emergência médica – Podem ocorrer desmaios, vômitos, fortes dores de cabeça, tonturas, confusão, alucinações, delírios e sonolência. Também pode haver palpitações e falta de ar.

42 °C – Pode-se entrar em coma, apresentar delírios graves, vômitos e convulsões.

43 °C – Pode levar à morte ou resultar em sérios danos cerebrais, convulsões contínuas e choque. Provavelmente ocorrerá colapso cardiorrespiratório.

44 °C ou mais – Quase certamente a morte ocorrerá; no entanto, há relatos de pessoas que sobreviveram até 46,5 ° C.

Como evitar morrer de calor?

É preciso manter o corpo refrescado, sobretudo, quando há uma onda de superaquecimento, isto é, quando o calor acima dos 36ºC se prolonga por mais de três dias consecutivos. Quando isso acontece, o corpo não consegue sozinho se autorregular. Então, temos que dar uma forcinha ao nosso organismo usando ar condicionado, ventilador, banho frio e beber muita água.

Além disso, evitar a exposição prolongada ao sol em horários de pico, vestir roupas leves e frescas e buscar ambientes frescos e sombreados.

Em caso de suspeita de hipertermia ou sinais de emergência, é essencial procurar atendimento médico imediatamente.

Fontes:

  1. G1
  2. BBC
  3. Wikipedia

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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