O que significa sororidade e por que é importante praticá-la


Você sabe o que é sororidade? Já ouviu falar nesse termo? Será que é sinônimo de feminismo? Vejamos!
Você já deve ter ouvido esse termo, que é relativamente novo, e que ultimamente está bombando nas redes sociais. Mas talvez você não saiba exatamente do que se trate. Entender o conceito é importante para poder aplicá-lo.

Origem do termo: de onde vem essa palavra?

A sororidade vem do latim “soror”, que significa irmã. Logo, a sororidade é uma relação de irmandade entre mulheres. Essa união afetiva é chave para o feminismo, porque evidencia o caráter mútuo da relação entre as mulheres.
Uma das táticas do patriarcalismo para enfraquecer as mulheres foi colocá-las como rivais na vida. Assim, mulheres se viram disputando corpo, roupa e até marido, sem perceberem o quanto isso é prejudicial a elas, e favorável a eles.
Por isso, a sororidade é um termo feminista crucial para ruir esse imaginário competitivo entre as próprias mulheres, para construir no lugar disso, um sentimento de cuidado de umas com as outras. Afinal, somente mulheres sabem a dor e a delícia de serem o que são.
Estamos falando de um compromisso ético entre as mulheres que se desdobra politicamente no feminismo contemporâneo.

Como praticar a sororidade

Esse compromisso ético precisa ser entendido e assumido pelas mulheres em diferentes campos da vida.
Algumas atitudes reforçam a sororidade e edificam uma vida melhor para as mulheres e para toda a sociedade. Por exemplo:

Não julgue outras mulheres

Se uma mulher é diferente de você, não a julgue pela sua forma de vestir, falar ou por suas escolhas de vida. Mulheres são julgadas o tempo todo, e você que sabe disso, não será mais uma a atirar pedras.

Tenha paciência com as mulheres

Muitas mulheres não conhecem os conceitos da sororidade e ou do feminismo. E estes conceitos começam com a empatia e com o não julgamento de outras mulheres. Isso porque, não é possível apagar da noite para o dia toda uma cultura machista que nos vem sendo imposta de geração em geração.
Digamos que o machismo é algo a ser combatido todos os dias porque está nas entranhas do nosso ser, inclusive dos seres feministas.
Portanto, paciência!

Valorize o trabalho de outras mulheres

O capitalismo é extremamente injusto com as mulheres, sobretudo, com as mulheres negras. São elas as que mais trabalham e são menos remuneradas. Sem falar que a carga laboral das mulheres é muito maior do que a dos homens, porque geralmente quando chegam em casa, são elas as responsáveis pelos serviços domésticos. Essa desigualdade ficou ainda mais evidente durante a pandemia.
Por isso, empodere, compre, divulgue e incentive o trabalho de outras mulheres. A gente sabe que elas fazem trabalho extra o tempo todo.

Empregue mulheres

Se uma mulher é competente, empregue-a. Muitas empresas preferem contratar homens até mesmo menos qualificados por pensarem que uma mulher pode engravidar. Realmente, se uma mulher quiser, ela pode engravidar e isso é algo muito “da vida mesmo”. Essa deveria ser uma razão, aliás, para empregar mulheres, que, bem remuneradas e valorizadas, poderão estar mais tranquilas para o exercício da maternidade.

Ofereça apoio

As mulheres estão esgotadas mentalmente, porque, além de executoras, elas também são mentoras dos afazeres domésticos. Ajude uma companheira que está passando por um momento difícil, nem que seja apenas para oferecer um ombro amigo.

Pare de criticar

Será que uma crítica feita a uma mulher seria endereçada a um homem? Às vezes, comentários aparentemente inofensivos estão imbuídos de machismo. Reflita sobre isso.
Uma boa forma de medir o machismo é trocar a mulher pelo homem na situação “criticável”. Se a crítica se mantiver no papel masculino, ok, é humano! Se não, é preconceito de gênero.
Exemplo? Ah, mulheres são sempre criticadas como: “histéricas”, “loucas“, “nervosas”, “exageradas”, “fofoqueiras”, “fracas demais”, “sensíveis demais”… a lista é infinita. Será que estes atributos caberiam a um homem?

As outras mulheres não são rivais

Muitas mulheres acreditam que “a outra” é uma rival, sobretudo, no campo afetivo. Quantas não creem que uma outra mulher está querendo “roubar” o seu companheiro? Esse tipo de pensamento faz parte daquela estratégia machista de ruir as relações entre as mulheres e enfraquecê-las socialmente.

Acredite nas mulheres

Se contarmos uma história de assédio moral, sexual, entre uma mulher funcionária e um chefe todo poderoso, ou um homem rico e famoso, adivinha quem vai levar a razão? Geralmente a mulher é “carreirista”, aproveitadora, interesseira.
E nem precisa envolver dinheiro na trama. A questão que nos vem sendo colocada desde sempre é que os homens têm (o pênis) e às mulheres falta. Assim, ela foi criada da costela de Adão e por aí vai. Na cabeça dos homens, as mulheres sempre buscam, porque sempre estão em falta. Então, os homens não aceitam um não delas.
Vira e mexe aparecem histórias desse tipo e a gente vai aceitando sacanagem como qualquer coisa normal, como disse Casagrande no caso Robinho.
A sororidade é um exercício de empatia, pois, afinal, nós, mulheres, precisamos estar muito unidas para enfrentar o patriarcalismo entranhando em todas as práticas da vida social.
Graças às deusas, cresce cada vez mais a consciência de tudo isso que foi aqui falado e, cada vez mais mulheres se apoiam umas às outras e criam verdadeiras redes de solidariedade, seja para entender questões ligadas ao gênero feminino, seja para ajudar a resolver questões práticas de sobrevivência.
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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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