Indígenas brasileiros em risco de extinção por causa do coronavírus, diz mídia italiana


Com o total descontrole do governo brasileiro sobre a pandemia de Covid-19, o mundo todo quer colocar o Brasil em quarentena.

Todos nós estamos correndo perigo com as variantes do coronavírus, falta de vacinas, hospitais públicos e privados lotados e um governo que diz e faz o oposto do que vem sendo feito no mundo inteiro para preservar vidas.

Mas mais vulneráveis ainda estão os povos indígenas brasileiros. Eles têm uma imunidade diferente da nossa e o risco de um contágio se alastrar por toda a aldeia é enorme, como aconteceu com o povo Huni Kuim, uma comunidade que vive no coração da floresta amazônica, no Acre, perto da fronteira com o Peru.

Nessa localidade remota, 90% da comunidade foi infectada pelo coronavírus.

Com o Brasil sob os holofotes da mídia internacional por causa da pandemia, o site italiano FanPage publicou um artigo com o seguinte título: “Por que os indígenas da Amazônia estão em risco de extinção por culpa da Covid e do Bolsonaro“.

Entre as “causas da extinção” dos indígenas brasileiros, o artigo cita que:

  • em dois anos, o desmatamento na Amazônia aumentou 50% e, em 2020, ultrapassou o pico de 2008;
  • 72% das florestas destruídas estão em áreas protegidas onde vivem os indígenas, que tiveram duas vezes mais seus territórios invadidos;
  • queda de 42% na aplicação de multas por crimes ambientais na bacia amazônica;
  • queda de 27% do orçamento destinado a áreas protegidas.

Enquanto a mídia internacional denuncia e a população mundial se preocupa com a variante brasileira, que aliás vem de Manaus, os indígenas brasileiros, com o apoio de ONGs ambientais, recorreram à Organização das Nações Unidas (ONU) e ao Tribunal de Haia para denunciar Bolsonaro por ecocídio e crimes contra a humanidade.

Como se não bastasse esse cenário, as comunidades indígenas também sofrem com a falta de abastecimento alimentar e de itens de higiene, bem como com a falta de programas sociais que não têm chegado a esses lugares.

Mas há de fato risco de extinção dos indígenas brasileiros?

A médica sanitarista e coordenadora do Projeto Xingu da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Sofia Mendonça, avaliou em entrevista à BBC que:

“Há um risco incrível de o vírus se alastrar pelas comunidades e provocar um genocídio. Todos adoecem, e você perde todos os velhos, sua sabedoria e organização social. Fica um buraco nas aldeias”.

Ela compara a atual pandemia com as epidemias passadas, como a do sarampo, que dizimaram milhares de indígenas. Os métodos usados nas cidades para conter o vírus – como máscara, álcool em gel, sabão – não são replicáveis em aldeias. Os modos de vida nesses locais são outros, pois os indígenas compartilham tudo.

A orientação tem sido para que eles adotem práticas de reclusão similares às que ocorrem em ritos de passagem, a fim de isolar aqueles que apresentam os sintomas da Covid-19.

O mais importante é impedir que o vírus chegue às aldeias. Entretanto, missionários, madeireiros e garimpeiros tentam se aproveitar da situação, expondo os indígenas ao risco da infecção.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio( Funai), existem 107 grupos indígenas não contatados na Amazônia brasileira.

Que eles permaneçam assim, isolados e protegidos!

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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