Cientistas descobrem pela primeira vez clitóris em cobras

Provavelmente as cobras sentem prazer. Importante descoberta sobre a reprodução dos ofídios.


Nenhum cientista esteve interessado em saber sobre o órgão sexual de uma cobra, não obstante a importância de compreender certas dinâmicas da reprodução animal. E eis uma grande surpresa!

Uma equipe de pesquisa internacional liderada por cientistas da Universidade de Adelaide (Austrália), identificou, pela primeira vez, que as cobras fêmeas têm duas hemiclitoris em forma de coração em suas caudas, com características histológicas de tecido erétil.

“A genitália feminina é grosseiramente negligenciada em comparação com suas contrapartes masculinas, limitando nossa compreensão da reprodução sexual em linhagens de vertebrados”, dizem os autores da pesquisa.

Os pesquisadores, coordenados pela bióloga Megan J. Folwell, decidiram investigar o órgão sexual feminino da cobra porque no passado se supunha que esses animais não tinham clitóris, que os teriam perdido durante a evolução ou que não eram funcionais.

“Simplesmente não combinava comigo. Eu sei que está em muitos animais e não faz sentido que não esteja em cobras”, disse Folwell à BBC.

A equipe analisou minuciosamente nove espécies de cobras, entre estas:

  • a víbora comum (Acanthophis antarcticus)
  • duas espécies australianas do gênero Pseudechis
  • o ancistrodonte mexicano (Agkistrodon bilineatus)
  • a víbora (Bitis arietans)

E outras espécies de várias partes do mundo, comparando machos e fêmeas adultos e jovens para detectar a presença e a função do clitóris.

Não um, mas dois!

Os pesquisadores descobriram que as cobras têm dois clitóris individuais chamados hemiclitoris, separados por tecido conjuntivo que se estendem posteriormente, “escondidos” na cauda.

A primeira cobra testada foi uma víbora: seu clitóris tem uma estrutura em forma de coração e foi encontrado perto de glândulas odoríferas usadas para o acasalamento desses animais.

Os cientistas também observaram que os hemiclitorises das cobras têm nervos e glóbulos vermelhos ‘consistentes com o tecido erétil’, ou seja, podem se expandir se estimulados durante o acasalamento.

“Havia essa estrutura dupla que era bastante proeminente na fêmeas, que era bem diferente do tecido circundante – e não havia implicação das estruturas [penianas] que eu já vi antes”, disse a Dr. Folwell.

“Essas características histológicas sugerem que os hemilitorídeos de cobra têm significado funcional no acasalamento e mostram conclusivamente que os hemilitorídeos não são hemipênis subdesenvolvidos ou glândulas odoríferas, como foi erroneamente indicado em outros estudos”, lê-se no resumo da pesquisa.

Prazer em reproduzir

É impressionante certas descobertas. Recentemente falamos sobre o mito do espermatozoide forte e vencedor. Pesquisas vêm demonstrando o quanto o prazer feminino seja importante para o sucesso da reprodução humana, pois desencadeia fatores hormonais químicos que favorecem a corrida do espermatozides ao óvulo.

Um outro exemplo: recentemente, pesquisadores norte-americanos demonstraram que golfinhos fêmeas possuem um clitóris funcional que lhes permite sentir prazer.

Agora sabemos que provavelmente as cobras também sentem prazer. Parece uma bobagem, mas até então acreditava-se que a fêmea era submetida à coerção do macho durante o sexo. Agora, podemos começar a olhar para a reprodução das cobras, e também a nossa e a dos outros animais, de uma forma diferente, talvez mais amorosa.

Os detalhes do estudo First evidence of hemiclitores in snakes foram publicados na revista científica Proceedings of the Royal Society B Journal.

Fontes:

  1. Fanpage
  2. BBC

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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