Em Curitiba, abelhas nativas são guardas municipais que prestam verdadeiros serviços ambientais


As abelhas, definitivamente, são seres mágicos e essenciais para a manutenção da vida na Terra. Além de polinizadoras, elas podem desempenhar o papel de guardas ao detectarem problemas ambientais.

No Brasil, temos a sorte de contar com alguns projetos que beneficiam e protegem as abelhas nativas e sem ferrão, mais conhecidas como abelhas meliponíneas. Estes animais possuem uma grande importância no ecossistema brasileiro.

Há cerca de 300 abelhas nativas e algumas delas só existem em regiões específicas do país. Mas espécies como a nativa jataí ocorrem em todo o território.

Especialmente no estado do Paraná, estes seres pequenos e sensíveis serão usados como “agentes ambientais“.

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Guardas ambientais que detectam problemas…

Nos próximos dois anos, espécies nativas poderão voar livremente e se organizar em colmeias instaladas nas propriedades dos agricultores de Piraquara, em Curitiba, como se estivessem em um quartel, onde desempenharão o papel de guardas ambientais.

Como assim, guardas ambientais?

O município é uma área de manancial importante para o abastecimento de água no estado e os insetos serão monitorados para indicar se o meio ambiente está saudável.

Assim, elas “ficam de guarda” para que biólogos e a companhia de abastecimento local saibam se a área de manancial está protegida e saudável, duas características que melhoram a qualidade de água.

Segundo Guilherme Schühli, pesquisador da Embrapa Florestas, as abelhas nativas são muito sensíveis e sentem rapidamente a presença de um elemento químico no ar que seja prejudicial ao meio ambiente.

Os insetos também ajudam a analisar e identificar as árvores e flores da região, pois é possível encontrar fragmentos das plantas nas colmeias.

Por meio da análise do mel, do número de abelhas e da formação da colmeia, também é possível extrair informações ambientais preciosas. Schühli explica:

“Elas podem ligar um alerta sobre mudanças ambientais antes mesmo de um teste mais aprofundado ser realizado. O custo desse serviço que elas realizam é zero”.

E prestam um verdadeiro serviço ambiental

De acordo com o funcionário da Embrapa, os agricultores e apicultores da região de manancial do Paraná serão ensinados a manejar colmeias e apresentados à possibilidade de também investir no negócio sustentável.

Uma espécie de “laboratório” criado irá preservar colmeias e abelhas. Algumas serão levadas para as propriedades dos agricultores e outras viverão em um “pasto” para abelhas, chamado de “pasto apícula“.

Segundo o pesquisador, esta é uma técnica indígena que consiste em deixá-las livres para polinizar a região. Ele conta:

“As abelhas são responsáveis por cerca de 70 % da polinização no Brasil. Elas prestam um verdadeiro serviço ambiental“.

Projeto Jardins de Mel

Curitiba é a cidade das abelhas. Conheça um outro projeto maravilhoso que vem de lá: o Jardins de Mel.

O projeto Jardins de Mel tem como objetivo a divulgação das abelhas sociais nativas sem ferrão, responsáveis pela polinização de cerca de 90 % das plantas brasileiras.

Os Jardins de Mel vêm se expandido pelo município de Curitiba. São mais de 56 locais na cidade com caixas com colônias de abelhas nativas sem ferrão.

Dentro dos grupo de abelhas existem as abelhas sociais nativas sem ferrão, que englobam aproximadamente 420 espécies no planeta e 300 delas são encontradas no Brasil.

No projeto, as 5 espécies utilizadas são:

  1. guaraipo (Melipona bicolor);
  2. manduri (Melipona marginata);
  3. mandaçaia (Melipona quadrifasciata);
  4. jataí (Tetragonisca angustula);
  5. e mirim (Plebeia sp.).

Conheça algumas espécies de abelhas nativas

Jataí-amarela

Nome científico: Tetragonisca angustula
Tribo: Trigonini
Onde encontrar: As abelhas Jataí são nativas do Brasil, podendo também ser encontradas em ampla extensão geográfica que vai do norte da Argentina até o México.
Curiosidades: A jataí, também chamada jataí-amarela, abelha-ouro, jati, abelha-mirim, mosquitinha-verdadeira, sete-portas, três-portas e abelha de botas, é uma abelha social da subfamília dos meliponíneos, de ampla distribuição no Brasil.

  • Apresenta cabeça e tórax pretos, abdômen escuro e pernas pardacentas;
  • Mede até quatro milímetros de comprimento;
  • Constrói ninhos de cera em espaços ocos na natureza;
  • A entrada do ninho tem o formato de um dedo de luva e é, geralmente, ramificada (motivo pela qual a espécie também é chamada “sete-portas” e “três-portas”), a qual fecha quando se aproxima algum perigo, como uma abelha iratim ou uma formiga;
  • Tem o hábito de morder a roupa das pessoas e de se enroscar nos cabelos se for provocada, mas não tem ferrão, sendo considerada uma abelha dócil e de fácil manejo pelos meliponicultores;
  • Produz mel claro, de aroma suave e muito valorizado, porém escasso;
  • O nome “jataí” é de origem tupi.

Manduri

Nome científico: Melipona marginata
Tribo: Meliponini
Onde encontrar: As abelhas Manduri são encontradas desde a América Central até a Argentina.
Curiosidades:

  • Mandirituba, cidade da Região Metropolitana de Curitiba, tem esse nome pela grande ocorrência destas abelhas por lá;
  • Quando ameaçadas, elas se enrolam nos cabelos, no entanto, sem representar perigo para os seres humanos.

Mirim

Nome científico: Plebeia sp.
Tribo: Trigonini
Onde encontrar: América Central e América do Sul.
Curiosidades:

  • É uma abelha muito pequena, muito mansa e discreta;
  • Seu própolis é produzido puramente com resinas de característica muito gosmenta, armazenada em bolas nos cantos da colmeia;
  • Quando ameaçadas, utilizam para imobilizar os inimigos e também para vedar a colmeia da luz e do vento.

Mandaçaia

Nome científico: Melipona quadrifasciata
Tribo: Meliponini
Onde encontrar: Esta espécie está em todos os estados com ocorrência de Mata Atlântica.
Curiosidades:

  • Em tupi-guarani, seu nome significa Vigia Bonito.
  • Subespécies podem ter diferenças nas formas das listras amarelas.

Guaraipo

Nome científico: Melipona bicolor
Tribo: Meliponini
Onde encontrar: Encontrada em toda região sul e sudeste do Brasil
Curiosidades:

  • A espécie adora locais úmidos próximos aos rios e matas densas;
  • É comum encontrar até cinco rainhas irmãs trabalhando juntas em uma colmeia;
  • Dentre as espécies de abelhas sem ferrão, é uma das mais calmas.

Boca-de-Sapo

Nome Científico: Partamona helleri
Tribo: Trigonini
Onde Encontrar: No Brasil ocorrem nas Regiões Sul e Sudeste e também na Bahia.
Curiosidades:

  • As bocas de sapo são abelhas sem ferrão de cor preta e tamanho mediano;
  • Ganharam este nome popular por apresentarem a estrutura da entrada do ninho à semelhança de uma boca grande de sapo;
  • São muito agressivas quando se sentem ameaçadas, torcendo o cabelo das vítimas e mordiscando a pele;
  • Tem o hábito de coletar fezes e depositar na entrada do ninho em épocas de seca.

Tubuna

Nome Científico: Scaptotrigona bipunctata
Tribo: Trigonini
Onde encontrar: No Brasil ocorrem nas regiões Sul e Sudeste
Curiosidades:

  • As Tubunas são abelhas sem ferrão de cor preta e tamanho mediano;
  • Os ninhos bastante populosos são encontrados em ôcos de árvores, com um canudo de cerume escuro na entrada em foma de trombeta;
  • São abelhas que possuem em hábitos agressivos do tipo “Torce Cabelo” quando necessitam defender a colônia.

As abelhas alimentam-se de néctar e pólen que trazem das flores, ao mesmo tempo em que fazem o importante trabalho de polinização das plantas.

Elas são responsáveis pela existência da maioria de nossas espécies vegetais, incluindo as que geram nossos alimentos.

As atividades desenvolvidas pelo projeto Jardins de Mel visam a sensibilização sobre a importância e os benefícios dos serviços ambientais ecossistêmicos de regulação e equilíbrio do planeta prestados pelas abelhas nativas.

Para ajudar as abelhas nativas devemos plantar árvores melíferas, frutíferas, hortas sem venenos, flores e manter nossos rios limpos.

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Lara Meneguelli


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