Apesar de pequeno, grandioso: a importância do piolho-de-cobra


Os diplópodes são conhecidos popularmente como piolhos-de-cobra. Eles vivem em ambientes úmidos, com pouca luminosidade e com matéria orgânica disponível para a alimentação. Também são conhecidos como milípedesembuá e gongolo.

Apesar de em muitas línguas os piolhos-de-cobra serem chamados de “milípedes” (“mil-pés”), nenhuma espécie tem realmente mil patas; o que se sabe é que a espécie Illacme plenipes é a que mais patas tem, contabilizando 750.

O piolho-de-cobra é um miriápode, que significa “muitas patas“, da classe dos diplópodes (“patas duplas“). Essa espécie de miriápodes se diferencia dos quilópodes como a lacraia ou centopeia, pelo corpo mais arredondado e por não possuírem ferrões ou garras para inoculação de veneno.

Características do piolho-de-cobra

O piolho-de-cobra é um animal:

  • invertebrado;
  • possui o corpo cilíndrico, alongado e segmentado;
  • cada segmento é composto por dois pares de patas, podendo chegar a possuir 750 patas;
  • possui um par de olhos;
  • e possui um par de antenas.

Onde os piolhos-de-cobra vivem?

Esses animais vivem em locais úmidos e com abundante matéria orgânica em decomposição (folhas, madeira apodrecida e outros).

Eles podem ser encontrados em parques, jardins e até mesmo em vasos de planta no interior das casas. Os piolhos-de-cobra se alimentam de vegetais mortos.

Alimentação e reprodução

O piolho-de-cobra se alimenta de matéria orgânica morta, sendo um animal muito importante nos processos de decomposição. Alimenta-se de folhas, galhos, troncos e pequenos animais mortos misturados ao solo.

Os diplópodes se reproduzem de forma sexuada, seus órgãos sexuais encontram-se em um dos segmentos da parte anterior.

Nos machos, o órgão sexual é uma modificação na pata do sétimo segmento e nas fêmeas, uma abertura no terceiro segmento.

As fêmeas armazenam os espermatozoides na cópula e fecundam os ovos no momento em que os deposita.

O piolho-de-cobra é perigoso? Pode fazer mal?

Enquanto as lacraias possuem garras com veneno, os diplópodes são inofensivos para seres humanos e animais domésticos.

Possuem como mecanismo de defesa a capacidade de enrolar-se e proteger-se ao serem tocados. Liberam um odor composto de iodo e cianeto de hidrogênio, desagradável para seus predadores, porém não faz mal.

Segundo o Instituto Butantan, quando são esmagados, os piolhos-de-cobra liberam toxinas que podem manchar a pele (deixando-a roxa).

Caso haja contato com o animal, é recomendado lavar a área lesionada com água e sabão.

Importância ecológica dos piolhos-de-cobra

Os diplópodes possuem uma importância ecológica grande à medida que se alimentam de matérias vegetais mortas, possuindo importante papel na renovação orgânica.

Assim, o lixo orgânico não se acumula e, o material excretado por estes bichinhos ainda são ricos em nutrientes que podem ser utilizados como adubo.

Uma pesquisa feita no Rio de Janeiro descobriu, inclusive, que os diplópodes podem ser mais eficazes do que as minhocas na composição de orgânicos, o que é excelente para plantações.

O chamado gongocomposto pode ser um ótimo substrato para plantas. O piolho-de-cobra, consegue processar 70 % do material.

Dez litros de resíduos, por exemplo, seriam transformados em três litros de composto rico em nutrientes para ajudar com que as mudas de plantas consigam prosperar.

O tempo mínimo para a transformação acontecer é de três meses, porém, com seis meses o resultado parece ser ainda melhor, com um composto ainda mais rico.

Espécies de piolhos-de-cobra

Existem cerca de doze mil espécies de diplópodes espalhadas pelo mundo, classificadas em 16 ordens dentro de 140 famílias.

Conheça 3 espécies:

  1. Orthomorpha coarctata – É natural do sudeste da Ásia, mas foi espalhada pelo mundo devido ao transporte humano. É pequena, as fêmeas medem cerca de 20,5 mm e os machos 27,5 mm.
  2. Oxidus gracilis – Nativa do Japão, chega a ter até 23 mm. Tem como característica cavar túneis, é nos machos que as fêmeas depositam seus ovos.
  3. lllacme plenipes – Este ser é pequeno, mas curioso: é encontrado somente nos Estados Unidos, no estado da Califórnia. O que mais chamou atenção nele foi a quantidade de patas. Os machos têm 562 patas, enquanto as fêmeas chegam a ter 750. Esta espécie tem por hábito cavar túneis e escalar pedras, além da peculiaridade de produzir seda através de pequenos pelos corporais. Suas antenas são mais fortes e longas, servem para receber informações de localização, já que é cego.

Os diplópodes, tão pequenos, servem para tirar a impressão negativa que muitas pessoas têm de que animais pequenos não servem de muita coisa.

Todo animal possui sua importância ecológica no ecossistema em que faz parte e isso também vale também para o piolho-de-cobra.

Não maltrate e não mate esse bichinho tão importante para a natureza.

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Vídeo Natgeo piolho-de-cobra

O impressionante vídeo abaixo, foi feito por @joelsartore e divulgado pela @natgeo. Diz a descrição do vídeo: “Talvez a única coisa mais impressionante do que as centenas de pernas do milípede asiático em ação seja o papel que espécies como esta desempenham na manutenção da saúde do solo. À medida que se movem em sua área de distribuição, os milípedes trituram os restos das safras e outras matérias orgânicas, misturando-os ao solo conforme avançam. Essa ação dá aos fungos e bactérias uma área de superfície maior para trabalhar, acelerando a decomposição da matéria orgânica, que acaba produzindo um solo mais fértil. Vídeo feito em @stlzoo.”

Realmente a natureza é perfeita! Perfeição é a palavra justa, vocês não acham?

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Lara Meneguelli


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