Gongocompostagem: solo rico, alta produtividade e baixo custo com piolho-de-cobra


A gongocompostagem é uma técnica onde animais trituram resíduos orgânicos e produzem um composto supernutritivo.

E que animais são estes?

São os gongolos, mais conhecidos como piolhos-de-cobra.

Os gongolos conseguem triturar resíduos rígidos, folhas secas, aparas de jardim e até papelão.

No Brasil, o gongocomposto começou a ser desenvolvido em 2008 por Maria Elizabeth Correia, pesquisadora da Embrapa. Ela explica:

“Ele tem um triturador, digamos assim, na sua mandíbula, muito mais rígido. Por isso, ele é capaz de fragmentar pedaços de vegetais que são mais rígidos. A gente já testou, por exemplo, sabugo de milho, que a gente dá uma primeira picada. Galhos finos, bagaço de cana, que são materiais bastante fibrosos, bastante rígidos”.

Gongolos: aliados da agroecologia

Na plantação de bananas do agricultor Perci Frantz, os gongolos representaram aumento da produtividade e redução de custos. Após três anos não é preciso adicionar nenhum adubo e os bichinhos fazem seu trabalho no próprio pé da planta, tornando aquela terra um solo rico e cheio de nutrientes. A bananeira fica mais verde e não é preciso comprar ou colocar nenhum outro produto na planta.

Para o permacultor Guilherme Rocha, que comercializa o gongocomposto feito com resíduos de poda de seu quintal, o processo de compostagem destes resíduos é mais eficiente utilizando o gongolo do que quando compostados de forma convencional.

“Esse resíduo de poda, quando é compostado de forma convencional, sem o gongolo, você acaba levando de 6 a 8 meses entre o processo trituração até chegar à colheita de uma terra vegetal ou de um composto orgânico. Com o gongolo, a gente encurta esse tempo pra coisa de 4 meses”.

Eficiência no cultivo de mudas

As mudas cultivadas no gongocomposto crescem mais fortes e produtivas do que as cultivadas em substratos orgânicos convencionais. É só colocar a semente direto no composto, sem precisar misturar com terra ou adubo.

Luiz Fernando de Sousa Antunes, doutor em fitotecnia, estuda a gongocompostagem desde 2013 e confirma a eficiência do gongocomposto:

“As mudas eram praticamente do mesmo tamanho, visualmente na bandeja. Mas quando a gente levou pro campo, a gente viu uma disparidade: as plantas no gongocomposto cresceram absurdamente. E as plantas do substrato comercial se desenvolveram, mas a diferença na taxa de produção foi na casa de 40%”.

O gongolo é encontrado no Brasil todo, tanto na área rural quanto na área urbana. Mas ao contrário das minhocas, não é possível comprar gongolos tão facilmente.

Para os pequenos agricultores, não é difícil atrair os gongolos. Recomenda-se reunir os resíduos orgânicos com folhas secas e deixar o material levemente úmido.

Se quer arriscar e tentar fazer sua própria gongocomposteira de forma prática, aprenda:

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Lara Meneguelli


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