Acalmem os corações! Filó continuará com Agenor!


Agenor e sua “filha” capivara, Filó, há dias vêm comovendo os internautas, especialmente seus seguidores, que acompanham o cotidiano dessa dupla vinculada por afeto e convivência.

A comoção teve início no último dia 18, quando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, resolveu autuar Agenor por considerar que seus vídeo com a capivara é  exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais.

A punição foi feita com base no Decreto nº 6.514/2008, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) e consistiu em multas que somadas chegaram a mais de R$17 mil reais, além de possivelmente retirar Filó da tutela de Agenor.

O jovem ribeirinho expôs sua tristeza em um vídeo no Tik Tok e muita gente se declarou revoltada com a injusta autuação do IBAMA, considerando que Filó não sofria maus-tratos e estava em seu habitat natural.

Saiba mais:

Conheça a história de Agenor e sua capivara Filó com o desenrolar dessa história.

O que desencadeou a punição

Conforme nota do IBAMA, o órgão autuou Agenor após a morte de um bicho-preguiça que o rapaz criava em sua propriedade.

No local, os agentes encontraram um papagaio e uma capivara. Agenor não tinha autorização legal para manter os animais em sua posse.

Além da multa em dinheiro, Agenor também recebeu duas notificações que determinavam a retirada de conteúdo audiovisual alusivo à criação de animais silvestres em ambiente doméstico e a entrega do papagaio e da capivara ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Manaus.

Como Agenor se defende

Sobre estas acusações do IBAMA, Agenor emitiu uma nota de esclarecimento negando-as:

História de Agenor e Filó

Agenor Tupinambá e Filó se tornaram famosos nas redes sociais após ele compartilhar vídeos do seu dia a dia onde mora, no município de Autazes (a 113 quilômetros de Manaus), ao lado da capivara.

Filó surgiu na vida de Agenor após sua mãe ter sido caçada por indígenas para servir de alimento 😭. Só depois os indígenas viram que ela estava prenha e resolveram preservar o filhote entregando-o a um primo de Agenor, que por sua vez deu a capivara aos seus cuidados. Foi assim que Agenor virou “pai” da capivara.

Veja alguns momentos dessa história neste vídeo do canal Mais Razões:

https://www.youtube.com/watch?v=VMZ592ppIy0

Políticos e Defensores de Animais apoiam Agenor

Vários políticos e defensores de animais, ao tomarem conhecimento do caso, manifestaram seus apoios a Agenor.

A deputada estadual e presidente da Comissão de Proteção aos Animais, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CPAMA), Joana Darc (União Brasil), prestou assessoria jurídica e interveio junto ao superintendente do IBAMA no Amazonas, solicitando uma reunião com a ministra do do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

O objetivo era anular as multas para que os animais continuassem no seu habitat onde expressam o seu comportamento natural, porque não estão em um cativeiro ou zoológico.

Conforme a assessoria de D’Arc, os autos de infração e as acusações do Ibama são infundadas.

O vereador Rodrigo Guedes (Podemos) também demonstrou seu apoio com mensagens que enviou à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, onde pede que ela analise o caso de Agenor, porque o convívio com a capivara Filó não envolve exploração animal nem maus-tratos.

Agenor também recebeu o apoio do biólogo Richard Rasmussen, conhecido internacionalmente pelos programas de aventura e vida na natureza, através de vídeo publicado em que ele lamentou o que ocorreu com Agenor.

O deputado federal Felipe Becari (União-SP) também se manifestou contra a atitude do Ibama durante discurso na Câmara dos Deputados em Brasília (DF).

“Aqui eu venho manifestar o repúdio a uma atuação do Ibama e que diz respeito, se não arbitrária, imoral, injusta e injustificada em face do menino chamado Agenor, lá do Amazonas, que foi autuado em mais de R$ 17 mil com relação aos maus-tratos e acusado até de morte de animais, após ter salvo uma capivara da barriga da mãe morta após ser caçada. E cuida dela no habitat natural, ele mora na natureza.

Ele cuida da capivara como uma filha e contagiou o Brasil inteiro com bons exemplos.

(…) Uma coisa sou eu que moro em São Paulo, pegar uma capivara na Marginal Pinheiro e levar para casa (…)

Será que o Ibama vai mandar autuar na faculdade os filhos desses empresários, nos escritórios, e mandar apagar as imagens? Porque eles usam as imagens dos animais silvestres, inclusive para angariar turistas que vêm de fora.

Agenor você não está sozinho. Estamos lutando para reverter essa situação.

A Filó não sai da sua custódia. Você não fomenta a adoção de capivaras, você fomenta bons costumes e não é um criminoso.

A causa animal está com você”, declarou Felipe Becari

Felipe Becari teve o apoio do deputado federal e presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais.

Com todas estas manifestações, Filó vai continuar onde está e Agenor não será multado.

Lições aprendidas com o caso

Apesar de ser visível que Filó não sofre maus-tratos e que vive em seu próprio habitat, é importante salientar que a exposição de animais silvestres como pets em redes sociais, incentiva pessoas a querer tirá-los de seus habitats para tê-los como animais de estimação, estimulando o tráfico e comércio de espécies da fauna brasileira. Esse foi um dos motivos de o IBAMA ter entrado em ação.

Outro motivo é que tirar o animal silvestre ou selvagem do seu habitat para criá-lo como pet reduz a sua capacidade de sobreviver na natureza.

Por essas razões, recomenda-se que ao encontrar algum animal silvestre ferido ou em casa, se acione o órgão ambiental público.

A legislação brasileira penaliza quem mantiver animais silvestres e selvagens sem autorização de órgão competente. Por isso, fica a lição: os animais silvestres devem viver livres em seus habitats.

Animal silvestre não é pet!

Fontes:

Veja também como a interferência humana pode prejudicar os animais silvestres:

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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