Lista com animais selvagens e raros busca aumentar mercado de Pet no Brasil


Já imaginou ter uma anta de estimação? E uma jaguatirica como pet? Pois é, esses e outros animais de porte médio a grande, às vezes perigosos, raros ou em extinção, foram incluídos em uma lista preliminar que pretende ampliar o mercado de pets no Brasil.

Contudo, essa pré-lista chamada “Lista Pet” da fauna nativa brasileira, já está provocando discussões. Ainda bem!

Fala-se dessa lista desde os anos 2000, mas recentemente o assunto voltou à tona por conta de uma  reunião virtual realizada pela Abema (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente).

A pré-lista é composta por várias espécies de animais, inclusive com risco de extinção. Mas esse não é o problema maior… Um dos absurdos é a presença da jibóia Corallus cropanii, uma das serpentes mais raras do mundo, como salientou para a Folha de São Paulo, o biólogo e zoologista Mauricio da Cruz Forlani, consultor sobre tráfico de animais.

De volta ao passado

Mas por que cargas d’água animais selvagens poderiam ser considerados animais de estimação?

De acordo com a presidente da Abema, Mauren Lazzaretti, a abrangência dessa lista se deu por incluir todas as espécies autorizadas no passado para criação. Ou seja, a ideia é assim, se alguém um dia conseguiu mediante autorização criar em casa algum bicho exótico, selvagem, outras pessoas deveriam ter o mesmo direito.

Isso fomentaria um mercado que passaria a ser legal, o que seria melhor, alguns poderiam pensar. Mas o que se vê não é a intenção de proteger os animais, e sim comercializá-los a título de lucro para vender produtos para o “bem-estar” deles.

Como biólogos e conservacionistas não foram consultados sobre o conteúdo desta pré-lista, teme-se que a sua abrangência inicial sirva como estratégia para manter o máximo possível de espécies numa eventual lista finalizada.

#EuNaoSouPet

O presidente da SBPr (Sociedade Brasileira de Primatologia), Gustavo Canale, disse que nenhuma espécie de primata nativo do Brasil deve ser incluída nessa lista. Ele, que também é pesquisador da Universidade Federal do Mato Grosso, lançou a campanha #EuNaoSouPet que vai contra o interesse da população em adquirir macacos como animais de estimação.

Mas a preocupação vai ainda além da conservação desses animais. Segundo Canale, o convívio deles com grupos da mesma espécie é essencial para o próprio desenvolvimento. Quando são privados disso, esses animais desenvolvem doenças mentais, ficando ainda mais agressivos.

A consequência desse erro é o abandono de animais selvagens em áreas impróprias e não nativas. Além disso, existe o risco da população contrair doenças infecciosas, que são transmitidas de animais para humanos, como a Covid-19, por exemplo.

De quem é o interesse?

A matéria publicada pela Folha de São Paulo, ressalta que os maiores interessados nessa lista são os fabricantes de ração, gaiolas e outros membros da cadeia produtiva, devido à alta demanda econômica que existe para esse ramo.

O potencial econômico das vendas para o mercado pet correspondem a 70%, sendo o restante para o consumo de carne e outros.

Aves são cruzadas para reproduzir espécies com características físicas atrativas para os donos de pets. Essa prática foge do que é necessário para garantir a sobrevivência conservacionista.

Dessa forma, podemos concluir que os órgãos, que deveriam ser responsáveis pela conservação das espécies nativas, estão mais preocupados em garantir que a atividade econômica dos criadores de animais silvestres continue acontecendo.

Certo mesmo seria deixá-los na natureza, livres para viverem em seu próprio habitat.

Você, caro leitor, de certo não compraria animal, menos ainda animal silvestre. Compartilhe este post com quem compraria pois é preciso combater a ignorância. Bicho feliz é bicho solto!

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Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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