Cientistas deixam macaco cego e manco para estudarem uma rara síndrome em humanos


O lado tenebroso da ciência pode ser exemplificado com o experimento que será relatado neste conteúdo.

Um experimento científico realizado por cientistas norte-americanos liderados por Martha Neuringer, professora de neurociência da Oregon Health & Science University, nos Estados Unidos, consistiu na modificação genética de um embrião de macaco.

Este embrião foi implantado em uma macaca e ele nasceu com deficiências gravíssimas: surdez, marcha instável (claudicação) e perda progressiva da visão (deterioração da retina).

Em outras palavras, eles criaram propositalmente em laboratório um macaco surdo, destinado a ficar cego e claudicante.

O motivo dessa terrível manipulação é o estudo de uma condição grave que afeta o ser humano, a Síndrome de Usher, que é caracterizada por surdez neurossensorial, retinite pigmentosa (dano na retina) com perda progressiva da visão e outros distúrbios que levam à dificuldade de manter o controle da cabeça e andar de forma coordenada.

Existem várias formas de Síndrome de Usher, das quais a mais grave é a do tipo 1B.

Triste de acreditar, mas estes cientistas, que fazem parte da National Primate Research Center e da Oregon Health & Science University (OHSU) School of Medicine, manipularam geneticamente o embrião desse macaco para que nascesse e vivesse condenado com esta doença.

DNA cortado e colado

Para fazer isso, eles usaram a controversa técnica de edição genética CRISPR/Cas9, denominada “DNA cut and paste” (DNA copiado e colado), para induzir uma mutação no gene MYO7A, que junto com outros quatro (USH1C, CDH23, PCDH15 e USH1G) causa a Síndrome de Usher subtipo 1 em humanos.

O CRISPR/Cas9 é considerado pelos cientistas uma das descobertas mais importantes da pesquisa médica, permitindo intervir diretamente nos genes para inserir ou eliminar mutações, porém, ainda não é considerado perfeito, podendo provocar erros e danos.

Até o momento, apenas um cientista chinês usou CRISPR/Cas9 em três crianças para prevenir a AIDS , mas acabou na prisão e foi duramente criticado por toda a comunidade científica.

Finalidade do experimento

Segundo os cientistas envolvidos nestes experimentos com macacos, o objetivo do estudo é desenvolver uma terapia genética que possa prevenir a doença em humanos, que afeta cerca de 1 em cada 30.000 recém-nascidos.

Outras alternativas SEM uso de animais

Por mais nobre que possa parecer o objetivo desse experimento, condenar primatas sociais, sencientes e inteligentes muito semelhantes a nós, a uma vida desgraçada de privação e sofrimento absoluto, tem implicações humanas e éticas que NÃO devem ser desconsideradas. Inclusive porque existem mais  macacos sendo usados para essa pesquisa.

Ademais, para piorar essa aberração, esta doença NÃO ocorre naturalmente em macacos!!!

Vale enfatizar que esta síndrome NÃO é natural em macacos! O que pode comprometer a eficácia desse experimento.

Com todo este contexto de crueldade, é necessário lembrar que vivemos em uma era marcada pela expansão da AI (Inteligência Artificial) e da Revolução Tecnológica, por isso, podem existir outros meios de fazer experimentos SEM condenar animais ao sofrimento e submetê-los a métodos perversos.

Aqui, cabe aquele ditado que diz:

Não se corrige um mal, fazendo outro!

Fontes:

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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