Desempenho climático: os melhores e os piores segundo a Conferência do Clima na Polônia


O G20 2018, que ocorreu na Argentina há cerca de duas semanas, acirrou as discussões acerca do comprometimento dos países signatários de acordos internacionais sobre o clima.

A preocupação de muitos representantes nacionais tem a sua razão de ser. O presidente francês Emmanuel Macron disse em Buenos Aires que não tolerará fazer acordos comerciais com países que descumpram o que foi acordado em sobre Mudanças Climáticas, fazendo uma clara referência ao novo governo brasileiro que assumirá em 2019.

Na mesma época, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, criticou um relatório feito pelo seu próprio governo sobre as questões climáticas. Trump disse um “Eu não acredito” ao alerta feito no relatório da Avaliação Nacional do Clima dos EUA.

Diante de tantas ameaças e negações, parece que realmente estamos “fritos” no tocante aos assuntos climáticos.

Desempenho climático: os melhores e os piores

A Conferência do Clima da ONU deste ano, realizada na Polônia, emitiu um relatório afirmando que os Estados Unidos e a Arábia Saudita são os piores países em desempenho climático. Por outro lado, os que mais têm mostrado um desempenho positivo são Suécia e Marrocos.

O relatório diz categoricamente que faltam a ambos os países vontade política para se livrarem de combustíveis fósseis de forma mais célere. A Arábia Saudita tem a pior classificação nos quesitos emissões de gases de efeito estufa, uso energético, energias renováveis e política climática, informa o UOL. Já os Estados Unidos perderam três pontos na classificação após o anúncio de Trump de retirar o país do Acordo de Paris.

Outro dado preocupante do relatório é que as três primeiras posições estão desocupadas, já que nenhum dos 56 países avaliados estão em um caminho claro para cumprir a meta de limitação do aquecimento global em +2 °C. Por isso, Suécia apareceu em quarto lugar e Marrocos em quinto.

Brasil e a questão climática

O Brasil tem recebido inúmeras críticas após o anúncio do Itamaraty de que o país não irá sediar a COP-25 em 2019. A justificativa do novo governo se baseia no Triplo A, informa outra matéria do . O Triplo A se refere a uma grande faixa que passa pelos Andes, pela Amazônia e pelo Atlântico, abrigando 136 milhões de hectares. Na visão do futuro presidente, Jair Bolsonaro, a soberania nacional estaria ameaçada caso o Brasil assumisse o compromisso com o Acordo de Paris.

Como se é sabido em todo o mundo, o Triplo A não existe. É uma proposta que nunca saiu do papel. Ou seja, trata-se de uma invenção – assim como a Ursal – que tem sido usada para que o país com a maior biodiversidade do mundo não cuide dela.

Em 30 de novembro, em São Paulo, foi realizada a conferência “Brasil-China: propostas para o futuro”, na qual a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, falou que os desafios brasileiros transcendem as questões ambientais.

Para ela, o futuro governo não tem compreensão da dimensão política do cumprimento de tratados internacionais, os quais determinam, inclusive, a participação do país na economia mundial. O Brasil é o segundo maior exportador de alimentos do mundo. É fundamental que o país produza essas commodities baseado na agricultura de baixo carbono.

O Brasil deveria ter um papel exemplar na demonstração de como fazer uma agricultura séria, que não desmata. Não sediando a COP, vamos deixando clara a nossa visão estratégica (ou melhor seria, a falta dela) em potencializar o que o Brasil ainda tem de compromisso ambiental.

Infelizmente, os números estão contra nós: nas últimas 3 décadas, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 783 mil km2 de área desmatada na Amazônia, o equivalente a duas vezes o território da Alemanha. Somente em 2018, tivemos a maior taxa de desmatamento da última década: 95% de 7.900 mil km2 foram desmatados.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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